Capítulo 6

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Sinto-me deslocado ao estarmos frente a frente de novo e sozinhos, numa enorme casa.

Eu quero matar Ed!

Joguei as costas no encosto, da cadeira, e ajeitei a gola do suéter. Ela não para de me olhar. Sem ter outra forma, decidi puxar assunto.

— Seu pai passou algumas informações sobre você, como não me conhece completamente, quero que se sinta segura comigo — Reforcei de maneira gentil.

— Desculpe pelos meus pais. Acho que deu pra perceber que eu vivo numa clínica de loucos.

— Não se preocupe. Não vamos falar deles. Pode falar qualquer coisa comigo. Se sentir que algo está incomodando pode confiar em mim.

Ela ergueu o olhar com curiosidade.

— Depende. Você quer saber se gostei do nosso beijo? A resposta é sim, eu gostei muito.

– Bem, é... eu não pretendo chegar a esse ponto — Céus! Porque ela tem que lembrar disso? Sinto um calor tomar meu rosto tentando ser sério e convincente, mas algo em seus olhos torna difícil se concentrar.

— Você disse que poderia ser qualquer coisa. Mas, já que se interessa, não há muito a dizer. Eu já tenho dezoito, estudo, saio pra balada, ajudo numa livraria e beijo alguns caras.

— Entendo, só que seu pai disse que você vai completar dezoito anos e pela minha experiência, as pessoas não amadurecem até pelo menos os vinte anos. É bom se cuidar.

— Você é algum tipo de psicólogo?

— Não. Eu gosto de observar as pessoas.

— Eu sei me cuidar e encontrei alguém que pode me dar segurança. — Ela sorri graciosamente formando covinhas no rosto.

— Mesmo? — franzi as sobrancelhas — E quem é?

— Você.

Fiquei desconfortável com a resposta dela.

— Como sabe que sou a pessoa certa? Porque sou seu tio? — Mantive a postura sem emoção, porém minha voz saiu rouca. Merda!

— Não importa como eu sei. Você é um anjo. O meu anjo. — Murmura com rubor no rosto.

— É interessante — pisco algumas vezes — Deve ser porque eu te ajudei.

— Acho que sim. E, é óbvio porque você beija tão bem. — Ela disse sem ficar nenhum pouco encabulada.

— Não vamos falar sobre isso, ok? — Não seria sensato pressioná-la. Ela é a única em posição vulnerável, o que só vai servir para dar mais munição para o que aconteceu —Tudo bem, já que estamos aqui teremos tempo para nos conhecer.

— Você realmente quer me conhecer? —arregalou os olhos como se dissesse algo surpreendente — Achei que estivesse com medo de mim porque sou um demônio.

— Medo de você? — funguei, com desdém pelo comentário — Você parece uma garota legal — encontrei os olhos dela. Para alguém que tinha sido um pouco malandra, ela de repente me pareceu inocente e ingênua. Embora soubesse que fez uma brincadeira — Aliás, é um pouco confusa às vezes, sabia?

— Eu? — ela finge não entender com expressão ousada no rosto — Não muito diferente de você, anjo.

— Como eu sou confuso? — fiz na defensiva — Acho que sou um cara bem direto, e é fácil entender meu comportamento. Ao contrário de você, com sua atitude quente e fria. Você gosta de manter as pessoas em dúvida.

— Acho que é por isso que estou muito curiosa sobre você — um sorriso maroto brinca em seus lábios.

— Curiosa sobre mim... eu sou um cara bem normal, na verdade. Como a maioria dos adultos que seguem o caminho previsível na vida. Eles conseguem um emprego, conhecem alguém, se casam e têm um casal de filhos. No caso, eu tive apenas um. Não existe nada de tão extraordinário em mim. Seu pai nunca falou a meu respeito?

Proibida para o Magnata/ Degustação AmazonWhere stories live. Discover now