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Rayssa Leal's vision


Eu quero terminar, e vou fazer isso hoje.

Ela age como se estivesse bem, mas eu a conheço. Não é possível que ela esteja bem depois daquela briga ridícula de ontem, eu não estou!

Mas se estiver, bem.

Ela é tão linda, até mesmo sem perceber. A sequência de brincos em sua orelha esquerda é como um quadro, daqueles que você não consegue desfocar. Todos em dourado, que combinam perfeitamente com tudo nela, juntamente do piercing no nariz. Ela humidece os lábios com uma mordida leve, e isso me faz querer beijar sua boca até não poder mais.

Que droga, no que eu tô pensando?

Mas, ela ainda é minha namorada.. né?

Na real, eu acho que esse relacionamento acabou à semanas, mas estamos prolongando o anúncio disso. Ela tá usando o par de anéis de namoro, que se camuflaram bem dentre os outros e as pulseiras de ouro.

Eu estou usando a desculpa de contar aos fãs, mas eles tem que entender, de um jeito ou de outro. Eu ainda amo ela, mas tá tão difícil. Nossa relação esfriou, e parece que nenhuma das duas vê graça na outra, e isso me mata. Parece que ela enjoou de mim, e eu definitivamente odeio isso.

— Senhorita Rayssa? Sei que sua namorada é muito bonita, mas poderia por favor olhar a explicação no quadro? — a professora chama minha atenção, e eu me encolho na cadeira automaticamente, e coloco o boné na cara. — E guarde o boné.

Eu vou me matar, não é possível.

Arrumo o cabelo e coloco o boné na bolsa, olhando para o quadro e suportando risinhos de fundo. Devo tá tão vermelha quanto uma lata de nescau nova. É impossível não rir de nervoso.

Olhei para o lado uma última vez e vi Lua soltar um risinho de canto. O sorriso dela me mata.

— Conseguiria explicar o que você entendeu pra gente, Rayssa? — a professora me chama de novo.

Ela só pode tá de marcação, não é possível!

— Foi mal, fessora. — coço a nuca, rindo sem graça.

Ela suspira e aponta para minha namorada ao lado, e a mesma sorri, pegando o caderno e indo até o quadro. Em questão de minutos a garota resolve o problema de matemática no quadro, e todos aplaudem. É incrível como somos o total oposto, porque eu sinceramente odeio tudo que envolve cálculo e números.

— Quando terminar, me avisa. — um dos meus "amigos" sussurra, do meu lado.

— Rapaz. — murmuro, ignorando o que ele diz.

Tem gente que pede um soco, né?

...

As aulas acabaram, e agora tá todo mundo arrumando a mochila pra ir embora. Lua terminou, e da forma mais linda do mundo saiu. Ela consegue ser fru-fru até respirando, que merda.

Claro, eu segui as duas. Mandei mensagem pra minha mãe avisando que chegaria mais tarde, e ela só respondeu um 'ok'.

A Lumon - esse é o apelido carinhoso da Lua - é professora de dança das crianças do CADEMA Kids, então toda segunda e quinta ela sai depois das aulas para a sala deles.

Fiquei observando eles por um tempo, tempo suficiente para ela tirar o uniforme e se alongar com as crianças. Seu jeito fofo de cuidar deles é lindo.

— Um, dois, três... — diz, balançando o ombro no ritmo, e as crianças copiam. Todos viram de costas, e olham pra mim. Sorrio sem graça, e Lumon brilha o olhar.

Eu sou completamente apaixonada por isso.

— Entra, tia! — uma menininha me chama, e todos entram na onda. Abro a porta de vidro e jogo minha bolsa em um canto, indo para o lado de Lua.

As duas horas de aula passaram igual um foguete, e eu tirei boas risadas de Lua, e ela de mim. Droga, é tão ruim ficar de mal com ela.

— Até quinta de novo, tia Lua! — as crianças se despedem, e um monitor vem buscá-las.

Lua acena e depois que elas saem, se joga no chão respirando ofegante. Me sento ao lado dela e entrego sua garrafa de água.

— Valeu. — se senta, bebendo água. Quando termina, me devolve e vira para o espelho na parede, refazendo o penteado simples.

— Vamo embora? — me levanto, guardando sua garrafa na mochila e colocando a minha nas costas.

— Não.

Que?

Meu coração gelou, e meu corpo inteiro parou.

São coisas bobas que ela faz que me deixam assim pra pior. Lua tem uma influência de outro mundo sobre mim e sobre minhas emoções.

— Por que? — me viro pra ela, fingindo costume, mesmo morrendo por dentro.

— Vou ajudar a Aurora com a coreografia dela pro show de talentos. — responde, sem dar importância.

— Ela não consegue fazer sozinha? — indago, levemente incomodada.

Cara, em minha defesa, elas só vivem juntas. A Aurora é tipo dependente da Lua. Como ela vivia antes de conhecer minha namorada? Me poupe, né.

— O que custa eu ajudar? Fora que meus pais ainda não voltaram, se for pra eu ir pra casa, que tenha algo pra fazer. — revida, guardando as joias em um porta jóias portátil que ela leva para todo canto.

Ela só guarda quando vai fazer danças mais intensas, como hip hop ou contemporâneo, até porque, ja se cortou com um brinco e furou o olho com um anel. O que ela faz com as crianças é tipo o aquecimento.

— Posso te pedir uma coisa? — questiono, antes de sair.

— Diga. — me encara.

Seu peitoral ainda estava ofegante, e seu cabelo meio suado. A maquiagem quase invisível? Intacta, e o olhar marcante de sempre me secando de cima a baixo.

Tremi toda.

— Nada. — corro da sala.

O que? Que merda eu fiz?

AH!

Oioi novamente, fofuras! Qual sua opinião sobre esse capítulo? gostando?

Rayray treme na base quando a Lua por perto, eu amo isso hehe.

Até logo, pithicos!

𝗠𝗲 (𝗿𝗲)𝗔𝗽𝗮𝗶𝘅𝗼𝗻𝗮𝗻𝗱𝗼 𝗣𝗼𝗿 𝗧𝗶. - 𝖱𝖺𝗒𝗌𝗌𝖺 𝖫𝖾𝖺𝗅.Onde histórias criam vida. Descubra agora