𝗠𝗲 (𝗿𝗲)𝗔𝗽𝗮𝗶𝘅𝗼𝗻𝗮𝗻𝗱𝗼 𝗣𝗼𝗿 𝗧𝗶. - 𝖱𝖺𝗒𝗌𝗌𝖺 𝖫𝖾𝖺𝗅.

03

Lua Montenegro's vision

Depois de várias horas treinando, finalmente terminei o ensaio com Aurora.

— Obrigado mesmo, Lu. O que seria de mim sem você, hein? — aperta minha bochecha, ajeitando a mochila.

Só ri e neguei com a cabeça.

— Hein! — para na minha frente. — Eu saí do meu castigo, que tal a gente comemorar na pista?

— Qual pista? — pergunto, já desconfiando.

— Ah, qual pista? A de skate, óbvio! — pula. — A batata frita da tia Dora do outro lado da rua é divina. — sorri bobo, olhando pro nada.

— Ok, só pela batata. E você paga. — saio na sua frente.

Ela bate palminhas e seguimos caminhos direferentes para casa. Ela mora para lado contrário da minha casa, e ainda assim consegue aparecer lá quase todo dia. Eu acho que um dom.

Chegando em casa, descobri que todos estavam de volta.

— Maninha! — Lis, a menor, corre até mim.

— Meu amor! — lhe pego no colo. — Como foi dormir na chácara? Andou de cavalo?

— Sim! — confirma, sorridente.

Sorrio, e Levi, meu irmão mais velho, vem até mim. Ele deixa um beijo na minha cabeça e sai. Estava com o uniforme do time de futebol que ele joga, então com certeza iria treinar.

— Me leva ali! — peço.

— Prometo levar outro dia, tô atrasado! — fecha a porta.

— Oi, pirralha. — minha irmã mais velha me cumprimenta, educadamente como puderam ver.

— Oi, Lia. Prazer em rever você. — coloco Lis no chão.

Depois de conversar um pouco com ela e meus pais, coloquei um desenho na TV e deixei Lis assistir.

Algum tempo depois, eu já estava banhada, com o cabelo arrumado, maquiagem refeita e todos os piercings no lugar. Minha autoestima depende disso. Minha roupa estava bem básica, uma calça cargo pants "preta", uma camisa grande branca com algum desenho chamativo na frente e um moletom que eu ganhei da Rayssa. Além disso, uma bolsa que eu carrego produtos de emergência. Nunca se sabe quando vai precisar, não é?

Me despedi dos meus pais e irmãos e fui pra fora de casa esperar Aurora, que não tardou a chegar.

Chegando na pista, eu já tinha certeza que Rayssa estaria lá, mas ainda assim me senti nervosa, como se fosse a primeira vez.

Antes de irmos até o pessoal, compramos as tão sonhadas batatinhas. Ao chegar, alguém grita meu nome e todos olham pra mim. Eu odeio isso. Aurora se esconde em um grupo conhecido e me deixa lá, aceno para a galera e vou até ela.

— Sua traíra. — sussurro.

— Lua! — Felipe se aproxima.

Felipe é o treinador e irmão de coração da Rayssa, e um amigão meu. O mesmo me abraça de lado, e a garota já vinha atrás.

— E aí, como cê tá? — se senta no skate. — Nunca mais deu as caras por aqui.

— Eu tô bem, e você? As coisas tem sido tão corridas ultimamente, não tá sobrando tempo nem pra espirrar. — justifico, e ele ri.

— Imaginei. A galera tava com saudades de você.

Fiquei feliz com a notícia, e dei uma risadinha silenciosa. Minha namorada sobe da pista e corre até mim, com pulinhos.