𝗠𝗲 (𝗿𝗲)𝗔𝗽𝗮𝗶𝘅𝗼𝗻𝗮𝗻𝗱𝗼 𝗣𝗼𝗿 𝗧𝗶. - 𝖱𝖺𝗒𝗌𝗌𝖺 𝖫𝖾𝖺𝗅.

10

Rayssa Leal's vision

Eu sabia, eu sou uma completa idiota!

Quando estava perto da sala de música, aquele garoto entrou, e quando eu cheguei perto pra saber quem era, eles estavam colados um no outro. Que ódio!

Ela estava me traindo? Porque terminamos a menos de um mês e já está assim com outra pessoa!

Ao chegar em casa, nem consegui falar com ninguém, tanto que passei reto por Arthur, meu irmão mais novo, e estou me sentindo culpada por ter lhe ignorado. Junto de toda a frustração do dia, só consegui trancar a porta do quarto e me sentar no chão pra chorar.

É algo que dói de forma estranha. Não dói porque está com outro, mas por que não comigo?

Recebi uma mensagem sua, mas não respondi. Não estou com cabeça pra suas conversas, e é possível que eu acabe falando muita besteira. Subi pra cama e liguei o ar condicionado, apagando imediatamente.

Lua Montenegro's vision

Amanheceu, e eu nem consegui dormir. Ela fica online mas não responde, nem olha! Droga, o que eu fiz?

Me arrumei como sempre, mas dessa vez bem mal arrumada. Uniforme amassado, sem maquiagem, cabelo meio nhê.

— Bom dia, maninha! — Lis me cumprimenta, e eu sorrio sem graça.

Me sento na mesa e tomo o café em silêncio, escovo os dentes - pelo menos isso eu fiz direito - e fui pra escola a pé. O que eu fiz? Será que foi por eu não ter conversado com ela durante o dia? Rayssa é meio carente, mas não a esse ponto.

Nem percebi chegar na escola, e ainda fui atrasada. Entrei na sala e não vi ela, pedi licença e fui pra minha cadeira. Todos os olhares julgadores estavam ligados em mim, mas não é como se eu ligasse.

— Senhorita Lua, está tudo bem? — a professora pergunta, me olhando preocupada. — Vá secar o rosto, tomar um ar, ok? 

Do que ela está falando?

Tirei o celular do bolso e usei a tela apagada pra me ver. Lágrimas escorriam do pelo rosto, e meus olhos estavam vermelhos, mas eu não sinto elas descerem.

— Ok.

Saio da sala e vou para o banheiro. Me tranquei em uma cabine e aí sim pude sentir as lágrimas ardentes queimarem meu rosto. Chorei em silêncio, me culpando por coisas que eu nem sabia direito se eram ou não culpa minha.

Uns minutos depois, limpei o rosto e saí. Lavei a cara na pia, arrumei meu uniforme e consegui respirar livre assim que saí. Ao pisar fora do banheiro, fui surpreendida com um abraço por trás, e franzi o cenho imediatamente.

— Lua! — uma voz masculina me chama, e eu encaro o dono do abraço.

Maicon?

— Maicon? O que você tá fazendo aqui? — pergunto, me soltando do abraço.

— Vim fazer uma supervisão, coisa rápida. Passei na sua sala e você não estava como prometeu, aí a professora disse que você saiu chorando e eu fiquei preocupado. — diz, se explicando.

O que deu nele? Nem me conhece direito.

— Ah.. eu tô bem. Não precisa ligar. — encaro o chão, meio confusa. — Bom, eu preciso voltar pra sala. Até mais.

Saí sem dar mais explicações.

O resto do dia foi monótono, e eu nem consegui focar no que a professora dizia. Rayssa não veio, e as músicas no fone oscilavam de pagode em português, pra pagode em inglês.