Pied Piper

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Minha cabeça podia facilmente ser confundida com uma mistura dentro de um liquidificador, não por estar triturada (até porque se estivesse triturada pensando ia ser a última coisa que eu estaria fazendo nesse momento), mas sim por misturar diferentes acontecimentos com emoções diversas que causam confusão.

Estou sentada bem em frente ao professor, mas não consigo escutar nada que sai de sua boca. Mesmo que a sala esteja completamente calada, meus próprios pensamentos são ensurdecedores e impedem que a voz do Sr. Kim chegue ao meu cérebro. Os olhares, comentários, sussurros e risadas eram tudo que eu percebia dentro daquela sala, todos comentando sobre, mas era difícil decifrar sobre qual dos dois vídeos estavam falando.

Meus pensamentos foram cortados quando sinto um tapa de Felix em meu ombro.

— Mana, um menino aqui desconhecido que nunca vi me mandou mensagem perguntando se eu e você não queremos ir em uma festa sexta. — Sussurrou.

— Por que você enfatizou tanto que não conhece ele? — Pergunto na intenção de deixar Felix sem graça, já que com toda certeza esse "desconhecido" é alguém que ele gosta.

— Mor, isso não é importante agora. Tem como você responder? — Seu tom de voz ficou mais agressivo e consegui ver ele contraindo sua boca, mesmo que ele estivesse atrás de mim.

— Não sei, vou pensar. — Sinto seus olhos se revirando, então solto um ar pelo nariz.

As expressões de Felix sempre me tiram boas risadas.

(...)

O cheiro de queimado invade minhas narinas, me acordando de um sono profundo. Desço as escadas rapidamente e encontro Hyunjin na cozinha pisando em um pano de prato coberto por chamas. Começo a rir da expressão de desespero na cara de Hyun que minha barriga chega a doer.

— Para de rir, cleptomaníaca! — A quantidade de chutes deixadas em cima do pano aumentam e a chama se apaga. —Você nem para ajudar, né. Que tipo de irmã você é?

Não consigo deixar de rir de sua cara, será que ele sabe o significado do que é uma pessoa cleptomaníaca? Escuto a campainha tocando.

— Tem como atender? — Hyun me pergunta irritado.

Me dirijo até a porta, quando abro Jungkook está parado com a cabeça apoiada na batente da porta.  Honestamente, não esperava ver ele agora. Já está tarde e hoje tem uma festa, ele como o bom festeiro que é devia estar lá, não aqui em casa. Se ele está pensando em levar Hyun para essa festa, sinto pena, porque Hyunjin só vai sair dessa casa quando eu morrer (ou quando superar seu vício em alucinógenos).

— Boa noite, princesa. — Deu um sorriso.

Maldito sorriso. Convencido.

— O que tá fazendo aqui? — Faço a expressão de quem comeu uma bala azeda.

— Você não responde minhas mensagens, né. Ai eu tive que recorrer a vir aqui. —Todos os seus dentes aparecem agora, joga a cabeça para frente rindo. —Tô brincando, vim buscar seu irmão.

— Ele não vai. —Bato a porta.

Escuto Hyunjin resmungando da cozinha, mas não consigo entender nada do que ele fala. Pensando de maneira racional, Hyun tem 18 anos e se ele não sair pela porta da frente, pode sair pela porta do quintal, janela do quarto ou qualquer outra passagem para o mundo exterior. Posso deixar ele sair, mas definitivamente não sozinho.

Abro a porta e Jungkook continua ali.

—Está bem ele vai, mas eu vou junto. —Sorrio com satisfação.

Just one dayOnde histórias criam vida. Descubra agora