Mikrokosmos

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Desligo o celular e jogo na cama. Fecho meus olhos, cerro minhas mãos e aperto com tanta força que deixo a marca de minhas unhas na palma.

Jungkook tem que estar com raiva de mim, mas ele podia ao menos me escutar falar. Não sei como vou fazer para me resolver com ele, as vezes não vamos nos resolver nunca.

A sensação de que eu poderia ter feito mais me consome. Sentir a dor de saber que ele estava ali por mim e eu o deixei vai acabar me deixando doente. Essa situação não faz o menor sentido, ora ele estava comigo, fazendo com que me sentisse segura, ora estava com a boca colada em Karina.
Se ele estava com ela, por que apanharia por mim?

Jungkook nunca demonstrou se importar assim comigo, mesmo que ele tenha conversado comigo no banheiro, nunca que eu ia imaginar que seria tão importante pra ele apanhar de cinco pessoas ao mesmo tempo.

Meu celular começa a vibrar. Jungkook pode ter me desbloqueado e ligado de volta pra se redimir e dizer "Nossa Yasmim, foi errada da minha parte não ter escutado o que você tinha pra dizer, mas eu quero te escutar. Vamos nos encontrar?". Não que eu queira ver ele, mas seria legal conseguir o encontrar pra conseguir me redimir.

Atendo a ligação e minha esperança some.

— Oi, é o Peter.

Solto um suspiro de decepção. Já estava esperando sua ligação, mas não queria que fosse ele nesse momento. Não queria conversar com ninguém nesse momento, mas antes de conseguir dizer algo, Peter começou a falar.

— Então, sei que a gente teve um primeiro encontro complicado e nem sei se você vai quer falar comigo, mas não custa nada tenta, né? — Consegui sentir seu nervosismo durante a fala.

— E bota conturbado nisso. — Respondo com uma risada irônica.

Não quero conversar com Peter agora, mas não custa nada tentar dar uma chance para ele, não é?

(...)

Conversar por algumas horas com Peter fez eu esquecer a situação estressante que Jungkook está me fazendo passar. Não consigo mandar mensagens para ele, não consigo ligar e o nosso assunto não está nem perto de acabar.

Vou correndo até o quarto de Hyunjin e abro a porta sem bater, automaticamente minha visão começa a arder.

— Eu não acredito nisso. — É a frase que eu solto ao ver Felix deitado no peitoral de Hyunjin.— Acho que eu ainda não estava preparada pra ver isso, mas tô nem aí. Preciso que você me mande o endereço do Jungkook agora.

— Por que, menina? Vai invadir a casa dele? — Felix me questiona.

— Cala a boca, bicha. Bora Hyunjin, você tem 5 segundos. — Sai do quarto de forma dramática.

(...)

Fiquei 30 minutos esperando o maldito do meu irmão mandar o endereço de Jungkook, mas quando cheguei lá, me deparei com uma casa muito fofa, com um jardim super bem cuidado e as cores externas do lugar eram claras e super acolhedoras. Toda a paisagem estava sendo estragada por um item posicionado na frente da garagem. Aquela moto extremamente trevosa deixava um aviso de que eu estava no lugar certo.
Como pode um objeto se parecer tanto com seu dono?

Andei até a porta com minhas pernas trêmulas, minhas mãos molhadas tocaram a campainha. Consegui sentir minha pressão caindo enquanto ninguém abria aquela porta. Cansei de esperar e resolvi ir embora.

Virei meu corpo e antes que pudesse andar, consegui escutar o barulho da porta abrindo. No segundo em que a porta termina de ranger, eu escuto sua voz.

Just one dayOnde histórias criam vida. Descubra agora