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— Eu não acredito, você veio! — Priscilla falou entusiasmada, vendo Cassandra subir as escadas acompanhada de Shoola. Ela desceu as e foi até a mesma para a abraçar.

Era uma quinta-feira bastante azul, tão azul quanto o vestido da senhora Kiramman.

E aquela quinta-feira era importante para a mesma manter uma boa imagem com todos os membros da família Guzman, principalmente com Priscilla e George.

O almoço no geral correu bem. O senhor e a senhora Guzman tinham três filhos adultos, dois deles já eram casados e as esposas eram lindas.

Cassandra conversava com elas e a senhora Guzman enquanto as crianças corriam ao redor delas na varando. Shoola, obviamente, estava sempre por perto. Ela disse que ficaria por lá pois George Guzman tinha a cara de quem não gostava de receber um "não".

Enfim, a única coisa que Cassandra percebeu era que os Guzman eram realmente muito bons em manter a pose de "família perfeita", mas talvez isso estivesse para mudar.

— Aquele velho do Guzman não tirava os olhos de você. — comentou Shoola para a senhora Kiramman, enquanto as duas estavam na varanda do segundo andar. Priscilla Guzman estava ocupada resolvendo um compromisso, e suas noras estavam de olho nos filhos, o que deixou as duas sozinhas.

— É, eu percebi. — afirmou a mesma, cruzando os braços. — Fico me perguntando se ele seria mesmo capaz de me querer como sua amante mesmo.

— Por que está falando isso?

— Porque ele tem uma família inteira já pronta. —explicou. — Priscilla é uma esposa ótima, ele é rico, tem filhos obedientes e netos adoráveis. Se eu fosse ele, jamais arriscaria isso tudo por uma mulher que ele conheceu há duas semanas atrás.

— É fácil nós mulheres pensarmos assim, Cass. — afirmou Shoola, pegando seu maço de cigarro do seu bolso. — Mas ele é homem. Homens, na maioria das vezes, costumam pensar com o pau.

— Meu marido Tobias foi um homem maravilhoso em toda a sua vida.

— É, existem algumas exceções. Mas não acho que esse cara seja uma delas.

As duas pararam de falar assim que ouviram o barulho de alguém limpando a garganta bem atrás delas.

Se viraram para ver quem era, e era George Guzman.

— Espero que nenhuma das duas moças estejam entediadas. — ele falou, se aproximando mais. — Priscilla deve voltar logo.

— Ah, sim. — afirmou Cassandra, forçando um sorriso. Não gostava do jeito que aquele homem olhava para seu corpo, embora aquilo fosse um sinal de que tudo estava correndo como ela planejava. — Temos certeza disso.

— Entendo. Mas, enquanto ela não volta... — sorrateiramente, a mão do senhor Guzman passou direto para a cintura da Kiramman, a puxando para si. Cassandra olhou para Shoola assustada por alguns instantes. — Será que eu poderia conversar com você rapidamente, senhora Kiramman?

— Oh, bem... Eu acho que não tem problema nenhum, senhor.

— Ótimo! — o empresário então levou a mesma para fora da varanda. — Essa sua amiguinha parece ser bastante durona, hein? Da onde ela veio?

Da prisão. foi o que se passou na cabeça da senhora Kiramman. Mas ela não disse nada.

— Então, me diz, o que o senhor precisa conversar comigo?

O senhor Guzman abriu um sorriso suspeito, e puxou a mesma para dentro de um quarto escuro e apertado, onde a luz mal penetrava pelas frestas das janelas. Cassandra estava prestes a soltar um grito de socorro, mas o homem, com um movimento rápido e preciso, a impediu tapando-lhe a boca com a mão.

— Shh, eu não vou machucar você. — ele explicou, num sussurro suave mas firme. — Só quero olhar melhor para você, sem que ninguém nos interrompa ou escute.

George olhava para a senhora Kiramman da cabeça aos pés, seus olhos examinando cada detalhe do seu rosto e corpo, o que a deixava profundamente desconfortável. Ela sentia um calafrio percorrer sua espinha sob o olhar intenso dele. Foi então que o homem voltou a falar, sua voz quebrando o silêncio opressivo do quarto:

— Eu havia ouvido falar sobre você depois da morte do seu marido, mas o seu rosto não me vinha à memória. — ele explicou, com um tom quase contemplativo. — Confesso que não imaginei que você parecesse tão...

— Deixa eu adivinhar, jovem? — perguntou, visto que estava acostumada a ouvir as pessoas dizerem que ela não parecia ter a idade que tinha. Era um comentário que ela ouvia frequentemente, quase como um elogio disfarçado.

O homem deu uma risadinha, um som que parecia ecoar pelo ambiente.

— Talvez, mas acredito que esteja mais para encantadora. — declarou ele, sua voz em um sussurro que tentava visivelmente a seduzir. Poderia funcionar com muitas mulheres, mas não foi o caso de Cassandra. — Estou realmente interessado em você, senhora Kiramman. Tenho observado você por um tempo e não pude evitar me sentir atraído.

— Bem, eu acho que isso é... Uma honra? — respondeu ela, tentando esconder seu desconforto. — Mas, o que quer que esteja pensando, a resposta é não.

O senhor Guzman a olhou confuso, franzindo a testa como se não entendesse.

— O que quer dizer com não?

— Minha situação não é a das melhores, me envolver com você só a deixaria pior. — Ela explicou, sem demonstrar suas verdadeiras intenções.

Ele riu, uma risada que parecia ecoar pelo recinto, cheia de autoconfiança.

— Oh, então esse é o seu problema? É muito simples de resolver! — comentou o mesmo, com um largo sorriso no rosto. — Eu posso te dar tudo. Joias, vestidos, dinheiro... Tudo o que seu marido te deu, darei em dobro. E assim, você estará estável na burguesia de Piltover. Mas só se for minha amante. Imagine todas as portas que se abririam para você, todos os privilégios que poderia desfrutar...

A senhora Kiramman ficou em silêncio, olhando para o chão, ponderando as palavras do homem e as implicações de suas ações.

— A Priscilla...

— Não vai nem passar pela cabeça dela que estaríamos juntos. — assegurou o empresário, com um tom que denotava certeza absoluta. George então levou sua mão direita até a bochecha da mesma, a carícia gentil, mas impositiva. — E então, minha linda? É pegar ou largar.

Cassandra fingiu pensar por um tempo, e depois respondeu:

— Tudo bem, eu aceito.

— Ótimo! — disse o senhor Guzman com um sorriso no rosto. Foi então que os dois escutaram o barulho de um carro do lado de fora. O senhor Guzman foi até a janela para verificar. — Ah, é a Priscilla. Vamos voltar para a sala.

Os dois saíram do quarto, e enquanto desciam as escadas, o empresário voltou a falar com entusiasmo:
— Vamos dar uma festa no mês que vem. — ele alertou, claramente animado com a ideia. — Priscilla me disse que iria te convidar, e você deve ir.

— Não tenho vestido para nenhuma festa chique. — mentiu Cassandra, tentando evitar o convite. Ela até tinha alguns vestidos, muito poucos, mas não queria ir a festa alguma.

— Isso é besteira. — disse o senhor Guzman com determinação. — Eu te comprarei o mais bonito dos vestidos. Não se preocupe com isso.

— Nesse caso, acho que vou. — respondeu Cassandra, sem muita escolha.

No fim das contas, o senhor Guzman estava realmente certo. A esposa dele, Priscilla, a convidou para a festa e Cassandra se viu tendo que aceitar aquele convite. Ela sabia que não poderia recusar sem levantar suspeitas.

Enfim, mesmo que não estivesse muito afim de uma festa, pelo menos agora ela tinha outro golpe para aplicar. A festa poderia ser a oportunidade perfeita para ela colocar em prática seus planos e conseguir o que queria, mesmo que precisasse suportar algumas horas de socialização forçada.

Assasina de PiltoverOnde histórias criam vida. Descubra agora