— Pensei que não fosse chegar nunca! — reclamou o senhor Guzman, assim que desceu as escadas e parou em frente ao carro que acabara de chegar em sua residência.
Do banco de trás, Cassandra saiu muito bonita naquele vestido branco, e Shoola saiu logo atrás dela. Aquela noite era importante para ela.
— Já ouviu falar sobre algo conhecido como trânsito? — questionou a mesma, em tom de deboche.
O mesmo riu.
— Tudo bem, já estou satisfeito que você chegou. — comentou o empresário, cruzando os braços com a amante e indo com ela para dentro de sua mansão.
Assim que entrou na mansão, Cassandra viu que George Guzmán cumpriu sua palavra: não havia ninguém na casa. E aquilo só ajudava ainda mais os planos.
Tudo aconteceu como era de costume dos dois. Eles conversaram um pouco na sala — embora o Sr. Guzmán claramente não queria perder seu tempo com conversas banais —, e então foram para o quarto.
Cassandra odiava se deitar com George. Ela odiava a forma como ele era bruto e a tocava como se fosse um mero objeto, no entanto, a viúva Kiramman sabia bem que aquilo era necessário, e que acabaria logo. Afinal, aquela seria a noite em que ela daria um fim no empresário.
Depois de descansar um pouco, a mulher se levantou da cama e se vestiu assim que percebeu que o homem ainda estava dormindo. Cassandra então saiu do quarto em silêncio, e foi até a cozinha, onde encontrou Shoola preparando duas taças de vinho.
— Está tudo pronto? — indagou a Kiramman, se aproximando do balcão.
A outra mulher apenas assentiu. Shoola então tirou de seu bolso um pequeno frasco — o qual Cassandra sabia que era o veneno que elas sempre usavam —, e despejou todo o pó que ali tinha no vinho de uma das taças, e as entregou para a mais velha.
— Vá lá, antes que o otário acorde. — disse Shoola. A Kiramman apenas assentiu, se virou e voltou para o quarto.
Assim que ela entrou no cômodo, encontrou George deitado na cama olhando ao redor do quarto confuso, como se procurasse por algo. Mas quando a viu, ele sorriu aliviado, o que indicava que estava procurando por ela.
— Pensei que tivesse ido embora. — o empresário declarou, arrumando a cueca e se sentando na cama.
Cassandra apenas riu.
— Não há necessidade de ir embora agora. — afirmou ela, lhe estendendo a taça a qual ele mal sabia que havia o veneno para acabar com ele. — A noite é nossa, não é?
George ficou um tempo em silêncio, olhando para a taça nas mãos dela. Mas então sorriu, pegando a taça para si. A Kiramman alargou o sorriso.
Os dois passaram mais alguns minutos conversando, entretanto, não demorou muito para que Cassandra percebesse que George mal encostava os lábios na taça, e isso começou a preocupá-la.
— … Você não vai beber? — a mulher indagou, colocando sua taça vazia sobre a cômoda do quarto.
George apenas riu.
— Não, acho que não. — respondeu ele, também pondo a taça na mesma cômoda. — Eu não gosto quando colocam veneno na minha bebida.
Cassandra imediatamente fez uma expressão confusa, para não fazer uma de desespero. Não era possível, como ele descobriu?
— … Do que você está falando? — ela perguntou, tentando dissimular fracassadamente, visto que sua voz vacilou.
O Guzmán apenas riu mais uma vez. De repente, ele a agarrou e a empurrou, a deixando deitada na cama. Cassandra tentou gritar, mas o homem ficou sobre ela e pegou seu pescoço, o apertando.
— Você acha que eu sou algum tipo de idiota, gracinha? Você pode ser a puta mais gostosa de Piltover, mas eu não me envolveria com você sem antes fazer umas pesquisas… — ele falou, um brilho sombrio em seus olhos enquanto ele sorria maligno. — Soube que você tem se envolvido com outros homens… E a graça disto tudo é que todos morreram envenenados. Não acha que é muita coincidência, querida?
— … Me solta! — a mulher disse, se debatendo para se soltar, o que era difícil, pois ele era muito mais forte que ela. O Guzmán aumentou mais o aperto.
— Você tentou dar um golpe no homem errado, mas pelo menos eu tive a chance de transar com você uma última vez, antes de você ir pro inferno. — ele riu.
A Kiramman lutou o máximo que podia, e George a enforcava cada vez mais forte. Ela estava quase desmaiando, quando aconteceu.
Ela estava com a visão embaçada na hora, e por isso, só escutou o barulho de um tiro. E então, sentiu que o aperto das mãos do homem se afrouxaram.
Quando sua visão voltou ao normal e o ar voltou aos seus pulmões, Cassandra abriu os olhos e olhou para George. Ele ainda estava sobre ela, a encarando com uma expressão assustada. Tinha um buraco em sua testa, sinal de que haviam acertado ele.
Ela então se virou, e viu Shoola na porta, com uma arma em mãos. Não precisavam-se explicações, ela já tinha entendido tudo.
Sangue escorreu e respingou no vestido branco da Kiramman, o corpo do empresário caiu sobre ela, sujando ainda mais o vestido. Cassandra gritou assustada, não conseguindo se levantar e o empurrar, mas sua comparsa logo se aproximou e tirou o corpo de cima dela, o jogando no chão.
— Eu te disse para não vir de branco. — repreendeu Shoola, enquanto a Kiramman via seu busto completamente ensanguentado.
— O que vamos fazer com o corpo?
— Vou tentar fazer parecer que ele se matou, o que vai ser difícil… — as duas se olharam aflitas, sabiam que agora Piltover inteira iria descobrir o que estava acontecendo, só não sabiam quanto tempo iria demorar para que descobrissem que a culpa era delas. — Você por sinal, deveria ir se limpar, e tentar se livrar do vestido.
A Kiramman não disse nada, apenas assentiu, se levantando.
•••
— Não deveríamos ter o matado desse jeito. — Cassandra murmurou, sentada no banco de carona. Shoola chiou, ainda focada em dirigir.
O carro luxuoso dos Kiramman andava pelas ruas desertas e silenciosas daquela noite, indo em direção a mansão Kiramman depois daquela noite tumultuada.
O vestido não tinha mais concerto, por isso, as duas mulheres se livraram dele junto da arma. Era por isso que ela usava apenas um roupão que acharam na residência dos Guzmán por cima de suas roupas íntimas.
— Aquele era o único jeito, você sabe disso. Ele já sabia de tudo mesmo, e estava prestes a matar você. — rebateu Shoola, colocando algum CD no rádio. — Mas esqueça isso por agora, temos que fingir que nada aconteceu.
A Kiramman não disse nada, apenas assentiu, virando o rosto para a janela. A música começou a tocar, Cassandra conhecia a letra:
I guess you wonder where I've been
I searched to find the love within
I came back to let you know
Got a thing for you
And I can't let go— Não sabia que gostava desse tipo de música. — a Kiramman murmurou, olhando para Shoola.
— Ah, o quê? Só porque a música é tão velha quanto a senhora quer dizer que eu não posso gostar? — indagou Shoola, em tom de deboche. Cassandra riu seco, não achando muita graça. — Mas sim, eu gosto sim… Lembra do meu pai.
A Kiramman sorriu, voltando a olhar novamente para a janela, sem saber o que dizer, então, apenas focou-se em pensar que tudo daria certo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Assasina de Piltover
FanfictionDepois de perder seu amado Tobias, Cassandra Kiramman começa a sofrer com diversas consequências de sua perda, tanto de forma econômica quanto emocional. E com isso, ela decide encontrar uma solução para todo aquelas dificuldades pensando em seu sus...