II. A house that's full of everything we wanted, but it's an empty home

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Ao chegar em casa, ainda sentia a cabeça girar, não apenas por causa da bebida. Tudo o que aconteceu na boate parecia um borrão, mas um borrão que eu não conseguia tirar da cabeça. E, acima de tudo, havia ele. Por que diabos eu não conseguia parar de pensar nele?

Mal tive tempo de processar esses pensamentos, pois Eleanor me esperava na sala, de braços cruzados e o olhar cortante, me pegando completamente desprevenido. "Você não tem vergonha na cara, Louis?" Perguntou em tom frio e acusatório.

"Do que você tá falando?" Tentei entender melhor de onde vinha aquela ira.

"Do que eu tô falando? O que você acha? Que tal sobre você recebendo uma lapdance em uma boate, e ainda mais... de um homem?!" A voz dela saiu afiada, misturando raiva e desprezo. Demorei um segundo para assimilar, até que as palavras se encaixaram e a ficha caiu.

"Você viu?" Perguntei, minha voz mais fraca do que pretendia.

"Claro que eu vi! Todo mundo viu! Zayn postou nos stories, como se fosse uma grande piada!" Ela estava quase gritando agora. "Eu não consigo acreditar que você faria algo assim, especialmente com o nosso casamento tão próximo. Você sabe como isso me faz parecer? Como se eu fosse uma idiota ou estivesse me casando com um gay!"

Eu queria me defender, mas não consegui. Porque a verdade é que eu também estava tentando lidar com isso tudo na minha cabeça, afinal, eu de fato fiquei excitado por um homem.

"Eu... eu não sei o que dizer, Eleanor, me desculpa." respondi, finalmente, tentando encontrar as palavras certas, mas elas simplesmente não vinham.

"Talvez você devesse ter pensado nisso antes de agir como um idiota!" Ela bufou, visivelmente furiosa. "Sabe, eu deveria desistir desse casamento, Louis. Qualquer pessoa com um mínimo de dignidade faria isso." Ela se levantou, dando-me as costas como se estivesse prestes a sair. Mas então, ela parou. "Mas eu não vou fazer isso," ela continuou, sua voz agora fria e calculada. "Porque, afinal, já gastamos uma fortuna com os preparativos, e não vou jogar isso fora por causa de uma besteira sua. Além disso, o que as pessoas diriam se eu cancelasse o casamento agora? Não quero ser o assunto da cidade, muito menos a piada."

Ela saiu da sala antes que eu pudesse responder, me deixando sozinho com meus pensamentos. E ali, parado no meio da sala, me senti pequeno.

Tudo estava errado, desde a boate até agora. E, no fundo, eu sabia que havia algo mais nessa confusão toda — algo que ia muito além de uma despedida de solteiro desastrosa. Algo que eu ainda estava tentando entender.

Fiquei sozinho na sala, apenas o som da porta se fechando atrás dela ecoando pelo apartamento. Eu estava parado ali, basicamente sem ação, sentindo o peso das palavras dela. A raiva, o desprezo... mas, acima de tudo, o que mais me incomodava era a sensação de que algo estava fundamentalmente errado. Não só com Eleanor e o nosso relacionamento, mas comigo também.

Eu me sentei no sofá, enterrando o rosto nas mãos, tentando processar tudo o que havia acontecido naquela noite, com minha mente vagando exatamente para o momento no qual ele se movia sobre mim, o modo como meu corpo reagiu... Nunca tinha me sentido assim antes, tão fora de controle. E, mais perturbador ainda, era a ideia de que talvez, no fundo, eu quisesse sentir aquilo de novo.

Não fazia sentido. Eu gostava da Eleanor, ou ao menos era isso que eu sempre dizia a mim mesmo, embora exceto pela minha família, o que eu sempre ouvi dos outros é que nosso relacionamento era, no mínimo, problemático. Mas, hoje, naquela boate, algo mudou. Algo se quebrou dentro de mim, e eu não conseguia entender o porquê.

A verdade é que eu estava apavorado.

Apavorado com a possibilidade de que Eleanor estivesse certa, de que talvez eu fosse mesmo... gay. A palavra soava estranha na minha cabeça, como se não pertencesse a mim. Sempre pensei que meu futuro seria ao lado de uma mulher, construindo uma vida juntos, e Eleanor era essa mulher. Ela era bonita, inteligente, e toda a minha família dizia que éramos o casal perfeito. Mas agora, tudo isso parecia uma mentira, pois nunca me senti desse jeito com nenhuma mulher.

Chains | l.s.Onde histórias criam vida. Descubra agora