VIII. I got chills, they're multiplying, and I'm losing control

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Eu estava encarando a tela do celular como se pudesse arrancar dela uma resposta para todas as minhas dúvidas. Sentado à mesa do refeitório, o café na minha frente já estava frio, mas eu sequer ligava. Liam estava ali, mastigando seu sanduíche como se a vida fosse simples. Meu celular vibrou e o nome de Harry apareceu na tela.

<Harry>
Hey, Lou! Domingo ainda tá de pé?

Meu coração deu um pulo e eu não
consegui esconder o sorriso que escapou dos meus lábios, mesmo que eu tenha tentado. Fazia quase uma semana desde que a gente se encontrou no bar com o pessoal, e desde então não conseguia tirar o Harry da cabeça... Mas aparentemente isso já não era mais novidade.

"Liam..." Chamei, um pouco mais tenso do que a intenção.

"Que foi, Lou?" Ele pareceu preocupado, deixando seu sanduíche de lado por um instante.

"Eu to confuso." Disse de forma simples e direta.

"Preciso te perguntar o motivo?" Ele diz contendo um sorriso, e a provocação na voz dele é clara.

"É... só o Harry." Dou de ombros, mas sinto minhas bochechas queimarem. Droga.

Eu encaro o Liam, sentindo o calor subir pelo meu rosto, e um certo pânico começar a me dominar. Começo a repassar tudo em minha mente, cada momento com Harry, cada olhar, cada sorriso.

"Eu..." Começo a falar, mas a voz falha. Passo a mão pelo cabelo, bagunçando-o ainda mais, sentindo a ansiedade escorrer pelos meus poros. "Eu nunca... eu nunca senti isso antes, Liam. Isso é... é estranho, entende? Muito estranho! Tipo, o Harry é um cara. Eu sou um cara. E eu tô aqui, sabe... pensando nele..." Suspirei um pouco frustrado.

Liam ri, um riso suave e compreensivo. "Isso se chama atração, Louis. E não tem nada de errado com isso."

"Eu sei que não, Li. Mas... eu não sou gay, eu acho..." Minha voz sai em um sussurro urgente, como se dissesse um segredo que nem eu mesmo sabia guardar. "Eu nunca senti isso antes, nunca olhei pra um homem e pensei... 'uau, que cara bonito, quero beijá-lo'. Mas com o Harry é diferente. E isso... isso me assusta. Eu tô surtando, Liam! Aí tem horas que eu quero tentar deixar as coisas na amizade porque é mais seguro, mas ele é tão... Ele. E aí quando estamos perto eu sinto como se fosse tão simples, tão certo... Mas então eu me afasto e BUM, to confuso de novo!" Tentei explicar.

Liam coloca a mão no meu ombro, apertando de leve, como se quisesse me manter ancorado à realidade. "Relaxa, Lou. Tá tudo bem. É normal se sentir assim, especialmente quando você tá descobrindo algo novo sobre si mesmo. Não precisa rotular isso agora. Não precisa saber o que significa."

Eu solto um riso nervoso, desviando o olhar. "E se isso for só uma fase? E se eu só estiver confuso porque meu casamento com a Eleanor foi uma merda? E se... se eu só estiver tentando preencher um vazio e acabar machucando alguém legal no meio do caminho?"

Liam balança a cabeça, o olhar firme. "E se for mais que isso?" Ele rebateu com simplicidade. "Você não vai saber se continuar se segurando. Olha, Lou, você não tá traindo ninguém, muito menos a si mesmo. Você só está tentando entender o que sente. E isso é corajoso. Muita gente passa a vida sem se permitir sentir nada de novo. Você tá se permitindo. Isso é grande."

Eu fecho os olhos por um momento, tentando controlar a respiração que está rápida e superficial. "Então o que eu faço, hein?" Pergunto, abrindo os olhos e encarando Liam. "Porque cada vez que eu penso em ir até o apartamento dele, me sinto... sei lá, como se tivesse uma bomba-relógio dentro de mim."

Liam sorri, o olhar carinhoso e paciente. "Faz o que teu coração manda, Lou. Sem medo do que os outros vão pensar ou do que você acha que deveria sentir. Só vai. Aproveita. Sente. E depois decide o que isso significa pra você. Sem pressa, sem rótulos. Deixa rolar."

Chains | l.s.Onde histórias criam vida. Descubra agora