Porto de galinhas

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Pov Faye

Porto de Galinhas, PE. Brasil.
02 de setembro, 2017.

- Você tem que ouvir Faye. Me deixar explicar. Sua voz estava embargada, e eu podia apostar que ela estava chorando. Sentei-me na beirada da cama e passei a mão pelo rosto, o sono se extinguindo completamente.

- Não tenho não. E também não há o que explicar, eu vi! - Minha voz saiu em tom de acusação e se elevou um tom a mais. Ela soluçou do outro lado da linha.

- Por favor amor.... - Sai para a varanda do quarto e me apoiei na grade de proteção feita de madeira e suspirei.

O dia estava lindo, no céu nenhuma nuvem para atrapalhar a visão do azul forte. O sol não estava muito alto, o que indicava que ainda era cedo, mais refletia na água azul cristalina que banhava a areia da praia que constratava com o verde do gramado. Resumindo: Perfeito.

Bem diferente do meu humor depois de atender esta ligação.

Apertei os olhos com força, me recriminando por me sentir extremamente mal ao ouvir sua voz chorosa.

Droga Faye! Sua idiota! Respirei fundo diversas vezes para tentar me concentrar, forçando minha mente a me lembrar do porquê não estávamos mais juntas ou então eu a perdoaria agora mesmo só para não ouvi-la sofrendo.

- Posso te fazer duas perguntas Yoko? - Minha voz entregava minha fraqueza, denunciando a vontade absurda que eu sentia de chorar. Ela fez um som nasal, concordando com minha pergunta. - Você promete que vai ser totalmente honesta?

- Qualquer coisa Faye... só me deixa ouvir você. Respirei fundo criando coragem para fazer as perguntas que poderiam me distanciar, ainda mais dela.

- Você retribuiu ao beijo dele? - Minha voz saiu tão baixa que por um momento eu pensei que ela não havia ouvido, mais sua respiração surpresa denunciou que sim.

- Faye... - Ela soltou agonizada, como se sentisse dor ao falar sobre isso e internamente, eu já sabia a resposta.

- Honestamente Yoko, por favor. - Implorei com a voz embargada pelo choro. Ela soluçou a próxima palavra e minhas pernas tremeram.

- Sim... me perdoa amor... - Não consegui segurar um soluço e afastei o celular da orelha.

Mesmo que eu já soubesse disso, doía demais ouvir da boca dela. Passei todas essas semanas mergulhada em uma dor dilacerante mais no fundo, um único fio de esperança ainda estava aceso em meu coração e, internamente eu rezava para que ele continuasse firme.

Mais ele arrebentou, com uma única palavra. A confirmação do meu inferno pessoal.

A próxima pergunta ficou presa em minha garganta, com medo de me machucar ainda mais eu encerrei a chamada, ouvindo os chiados de sua voz, mais não consegui identificar o que ela dizia, e nem queria. Voltei para dentro do quarto e me sentei na beirada da cama, apoiei os cotovelos nas pernas e o rosto nas mãos. O choro rasgando para fora de mim forte demais para que eu pudesse controlar.

Meu telefone voltou a tocar e eu o ignorei, sabendo que era ela mais uma vez. Não sei quanto tempo fiquei ali, me entregando ao desespero e a dor.

Quando criei coragem para levantar rumei para o banheiro, tomando um banho frio. Quando sai, encarei a mim mesma no espelho e percebi o quanto toda aquela situação estava me afetando. Minha feição estava triste, meus olhos inchados e vermelhos e eu possuía olheiras horríveis.

Prometi a mim mesma que não choraria mais por Yoko Apasra.

***

Já deveria ser pelo menos três da tarde quando eu e Anne terminamos de revisar a primeira etapa de todos os documentos do resort. Eu tinha mandado Paul até a capital para comprar cédulas brasileiras a pouco e depois ele estava dispensado para curtir esse pequeno paraíso no interior de Recife.

Truth In Love - Adaptação Fayeyoko e Englot g!pOnde histórias criam vida. Descubra agora