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Pov Engfa

Boston, Massachusetts
06 de outubro, 2019.

- Eu não compreendo... a Dra. Bardot disse que eu ainda estou em fase de choque, e que vou continuar assim por meses, então porque preciso fazer fisioterapia? - Perguntei ao homem que massageava minha panturrilha.

Ele sorriu em minha direção, deixando minha perna esquerda descansar e começando o mesmo processo em minha panturrilha direita.

- Porque não queremos que seus músculos atrofiem Engfa. Como a Doutora Bardot disse, você pode ficar por meses na fase de choque medular, e enquanto isso acontece, iremos trabalhar para o efeito reverso. - Eu suspirei, tentando deixar para trás meu lado pessimista. - Se quer voltar a andar, precisará se dedicar muito. O que estamos fazendo aqui, é só uma pequena parcela do que terá de fazer.

- Eu gostava muito de praticar esportes. Fazia musculação, uma hora de corrida matinal diária... as vezes também praticava algum tipo de luta. Fiz uma pequena careta ao forçar meus braços a me mover para uma melhor posição e o Dr. Madden rapidamente se adiantou a me ajudar.

- Você era uma mulher fisicamente ativa e isso sem dúvidas é muito importante, mas terá que começar do zero a partir de agora. - Eu o mantive meus olhos na parede branca enquanto ele massageava meu pescoço, e descia por minhas costas enquanto eu mantinha a coluna o mais ereta o possível. - Já começamos com sua alimentação, agora fazemos a fisioterapia, que acontecerá dia sim, dia não. Depois, lentamente, você voltará a musculação. E em suas pernas, como você não é capaz de realizar uma contração muscular voluntária, vamos utilizar a eletroestimulação. E não, não irá doer, quanto a isso não se preocupe. - Não contive a risada com o tom divertido de Richard.

Á alguns dias, essa piada com certeza seria encarada por mim como de muito mal gosto, e meu humor pelo resto do dia seria uma merda, mas não mais. Agora era apenas uma piada que me trazia um pouco de divertimento por alguns segundos.

- Com licença. - A voz de minha enfermeira ecoou pelo ambiente e meus olhos se voltaram para ela. - Eu com certeza não quero acabar com o que quer que seja o divertimento de vocês, mas devo informá-los que a sessão acabou a um bom par de minutos e o próximo paciente não está tão paciente assim. - Eu assenti, ouvindo uma pequena risada de Richard.

Segundos depois, ele me ajudava a voltar para minha cadeira de rodas. Quando Milena se posicionou atrás de mim, pronta para empurrar minha cadeira até o elevador do hospital, eu a detive com um aceno, dizendo que eu mesma poderia fazer isso.

- Quando se sentir cansada, não force, está bem? - A voz de meu fisioterapeuta me alertou assim que coloquei minhas mãos sobre as rodas. Eu ergui o olhar em sua direção. - Lembre-se sobre o que falamos, comece lentamente. - Eu concordei, agradecendo-o por nossa sessão de hoje e suas palavras, para então começar a me empurrar para as portas duplas.

- Você parece um pouco mais otimista hoje. - Brentan comentou quando pegamos o corredor que nos levaria ao elevador e então, para meu quarto, onde eu provavelmente tomaria um banho.

Eu havia convivido tempo suficiente com a enfermeira para saber que ela falava com um sorriso nos lábios. Eu não me contive em também sorrir, mas não desviei o olhar de meu caminho a frente, relutante que acabasse por colidir em algo, ou alguém.

- É porque estou. - Admiti com sinceridade. Diminuindo o ritmo que conduzia a cadeira, eu parei e forcei braços até que me visse de frente para ela. - Eu ainda não tive a oportunidade de agradecê-la. - Ela ergueu as sobrancelhas, franzindo o cenho levemente. - Suas palavras me ajudaram muito, e me fizeram refletir ainda mais... muito obrigado Milena, por não me deixar me afastar de minha família e me entregar a pensamentos tão pouco otimistas, eu sou muito grata. - Ela sorriu, se agachando a minha frente e pegando em minha mão.

Truth In Love - Adaptação Fayeyoko e Englot g!pOnde histórias criam vida. Descubra agora