Truth In Love - Adaptação Fayeyoko e Englot g!p

Arcadis

Pov Engfa

Boston, Massachussetts
04 de outubro, 2019.

- Com cuidado. - A voz da enfermeira Brentan me alertou quando eu fiz força com os braços, movendo meu corpo da cadeira de apoio para a cadeira de rodas. Eu bufei, sentindo os músculos de meus braços reclamando pelo esforço. - O que foi? Se machucou? - Perguntou preocupada, cessando o movimento da cadeira para parar em minha frente.

Eu comprimi os lábios, abaixando a cabeça com o sentimento de vergonha se apossando de mim.

É humilhante precisar de ajuda até para tomar um banho.

- Não é nada. - Tentei desviar o assunto, mas ela suspirou.

- Você sabe que estou aqui para ajudar você, não é? - Permaneceu abaixada a minha frente, usando seu costumeiro tom calmo e relaxante.

- É... patético. - Sussurrei ao soltar uma risada seca, respirando fundo para não voltar a chorar como um sentimental. Milena suspirou, se movendo para empurrar minha cadeira até de frente a um espelho, eu abaixei os olhos.

- O que é patético, exatamente? - Me entregou uma escova de cabelo. Eu suspirei ao passar os dedos pelos fios grandes e descuidados de meu cabelo. Quando meus olhos se ergueram para o espelho, seu olhar encontrou o meu, como se esperasse uma resposta.

- Eu. - Me limitei a dizer, desviando o olhar e tentando encontrar um jeito de consertar ao menos meu cabelo, já que o resto eu não sou capaz.

- Bom, eu preciso concordar. - Sua voz me fez abaixar os olhos por um segundo, mas voltei a me concentrar em meu cabelo, suspirando e tentando não deixar isso abalar ainda mais a insegurança tão frágil que eu sentia desde o dia em que acordei. Mas não posso culpá-la, certo? Foi eu quem disse, afinal. - Essa atitude que você vem assumindo é mesmo patética.

- O que? - Ela se moveu até estar de frente para mim, ao lado do espelho que eu usava para pentear os cabelos a alguns segundos.

- Eu sei que isso não é fácil... a situação pela qual você está passando agora, eu digo. Mas se menosprezar e diminuir não vai fazer com que melhore. - Ela deu de ombros, me estendendo o frasco com meu perfume especial, presente de Faye. - Eu já acompanhei muitas histórias parecidas com a sua Engfa, acredite, infelizmente é mais comum do que a maioria das pessoas pensam. A maioria dos pacientes também agem como você vem agindo, e esses são os piores. Há uma pequena parcela que... eu não vou dizer que aceita a situação, mas compreende que se fechar em seu mundo de ignorância e fingir que o resto do mundo aqui fora não existe, não vai adiantar. - Eu suspirei, atento a suas palavras calmas enquanto ela me ajudava, com muito custo, a vestir o branco de tecido leve.

- Você... acha que estou sendo ignorante? - Perguntei com a voz baixa assim que ela se afastou, me estendendo a camiseta preta, que eu não demorei a passar por minha cabeça e alinhar em meu corpo. Ela suspirou, empurrando minha cadeira até uma pequena mesa adaptada onde um pequeno café da manhã me esperava.

- Existem muitas formas de lidar com o a dor, só acho que você está escolhendo a pior delas. - Eu parei por um momento, deixando de lado a tigela com frutas silvestres picadas e a encarando.

Milena se mantinha pacífica, desfrutando de suas próprias frutas enquanto eu me matinha em silêncio, pensando em suas palavras.

Depois de alguns segundos, eu voltei a tomar a tigela em minhas mãos e espetei um pedaço bem vermelhinho de framboesa, levando-o em minha boca.

- E qual é o melhor jeito de lidar com uma situação como essa? - Indaguei, finalmente, depois de levar mais alguns pedaços de frutas a boca. Ela suspirou, comprimindo os lábios em um sorriso sem graça.