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Alicent segurava seu filho com força, enquanto lágrimas escorriam pelo rosto dele, ainda adormecido. Ela sabia que isso jamais teria acontecido se ela estivesse presente, zelando por ele.

Após uma noite turbulenta, decidiu alimentar-se e levar algo para Aemond antes que ele despertasse. Ao retornar aos seus aposentos, encontrou-se com Daeron, que indagava sobre o irmão, e com Aegon, que, embriagado, divertia-se com Jaehaerys. O que mais a perturbou foi ver Helaena murmurando com fervor enquanto passava a agulha pelo lenço que bordava. Não era um bom sinal quando sua filha sussurrava; nunca era.

— Querida? — chamou Alicent, ignorando os outros filhos. — O que te aflige?

Com olhos enigmáticos e expressão aflita, Helaena respondeu:

— Jogaram-no na cova dos leões.

Aegon revirou os olhos, voltando sua atenção para Jaehaerys e Jaehaera, enquanto seu neto mais velho gargalhava com o pai. Jaehaera, no entanto, começou a prestar atenção nas palavras da mãe, herdando dela o dom dos enigmas.

— Quem jogou quem? — perguntou Daeron, confuso, sem compreender as palavras da irmã.

Aegon murmurou algo sobre ignorar a esposa, mas Helaena continuou:

— Os dragões, os dragões o lançaram na cova dos leões.

Dragões. Ah, como ela os odiava.

Antes que pudesse indagar mais, dois guardas invadiram seus aposentos, relatando o ataque a Aemond. O caos se instaurou: Daeron quis acompanhá-la e vingar o irmão, mas Alicent o impediu; Helaena, por fim, cedeu às lágrimas, chorando desesperadamente, ainda balbuciando sobre leões; e Aegon, bêbado demais para reagir, permaneceu em silêncio, abraçado aos gêmeos.

Ao chegar ao quarto do filho, Alicent presenciou um alfa espancando Aemond, que jazia em coma devido ao cio. Seu coração se partiu ao ver seu menino atacado mais uma vez, sem que ela pudesse protegê-lo. Mas dessa vez, a rainha faria justiça por seu príncipe corajoso, mesmo que fosse a última coisa que fizesse.

Após o incidente, Aemond foi transferido para o quarto da rainha, o segundo local mais seguro da Fortaleza Vermelha. Ele desmaiara de exaustão e pelos ferimentos, mas, de acordo com o meistre, não havia risco de danos graves. Já Loreon Lannister fora lançado nos calabouços, sofrendo nas mãos dos guardas à espera de julgamento. A família do rapaz tentou interceder junto ao rei, mas Viserys os ameaçou com a morte se se intrometessem.

O palácio mergulhou no caos. Lordes que cortejavam o príncipe buscaram o rei, exigindo justiça; guardas reforçavam a segurança, procurando novas ameaças; e a família real entrou em pânico. Jacaerys Velaryon, tomado pela fúria, precisou ser contido pelo padrasto para não atacar Loreon Lannister, assim como Daeron e Lucerys.

Alicent, contudo, mal notava o tumulto ao seu redor; sua única preocupação era o filho ferido. Seu belo menino.

Beijou a testa enfaixada de Aemond, alarmando-se quando ele começou a despertar com dificuldade.

— Aemond! — exclamou a serva beta atrás dela, alarmada. Com um gesto, Alicent a mandou buscar o meistre. O menino gemia de dor, levando a mão à cabeça enquanto tentava se levantar.

— Aemond, por favor, acalme-se — disse Alicent, segurando seus dedos e gentilmente empurrando-o de volta ao travesseiro.

— Mãe... — ele sussurrou, audível, com o único olho bom desfocado e semicerrado. Alicent sentiu os olhos se encherem de lágrimas, um misto de alívio e sofrimento.

— Está tudo bem, querido. Por favor, não se mexa ainda. O meistre já está a caminho, meu amor.

Aemond soltou um grunhido desanimado e descansou a cabeça novamente, tentando esconder sua dor.

𝙳𝙰𝙽𝙶𝙴𝚁𝙾𝚄𝚂Onde histórias criam vida. Descubra agora