Téo

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Com a verão recém chegado, as chuvas de final de tarde chegavam também, uma época onde todos os hospitais ficavam em alerta. O número de acidentes subia, consequentemente todos os médicos que estivessem ali disponíveis, eram chamados para auxiliar na emergência.

Hoje era um desses dias, após ser anunciado na televisão um volume intenso de chuvas, um acidente foi projetado na televisão. Um carro em alta velocidade bateu fazendo um efeito dominó com 4 carros em sua frente. Fora esse, outros vários pacientes chegavam devido a acidentes.

Rosamaria recebeu uma ligação e identificou ser o ramal de Gattaz, atendeu imediatamente e sua única fala foi "desçam ao PS, precisamos de ajuda"
A equipe então desceu para que pudessem auxiliar nas suas respectivas áreas.

"Doutora, Rosa! Que ótimo que você está aqui, leito 3, pode dar uma olhada por favor?"

Seguindo a orientação, se colocou em frente ao leito 3 e pôde observar um homem de cabelos ruivos, não tão estranho, após alguns segundos, reparou que atrás do leito havia uma criança, exatamente com as mesmas características do homem deitado. Então se lembrou!

"Téo?" Falou baixinho

"Você vai salvar meu pai?" A pequena criança perguntou chorando.

"Vou fazer de tudo pequeno" Rosa o olhava com dor em seu coração pois sabia que aquele homem já não apresentava mais nenhum sinal de vida.

"Doutora, infelizmente ele chegou assim" o médico socorrista tentou não utilizar nenhuma palavra que a criança pudesse entender.

"Obrigada! Eu assumo daqui" falou segurando o choro.

"Eu lembro de você" ainda encolhido atrás do leito falou. "Você consertou o meu machucado, né?"

"Fui eu sim, Téo" Rosa tinha seu coração despedaçado.

"Você vai consertar meu pai?" Falou choroso.

"Pequeno, vem cá." Chamou e ele prontamente obedeceu, se sentando no colo dela. "Você sabe o número da sua mãe?"

"Minha mãe é estrelinha, tia, ela não volta mais." ele falou desenhando uma estrela com a pontinha do dedo na mão da médica. "O meu papai também vai virar estrelinha, né?" A essa altura do campeonato, Rosa já não tinha mais estruturas, não sabia como reagir.

"Pequeno, você tem alguma outra pessoa?" Perguntou segurando o choro.

"Tenho a vovó, mas ela não anda mais, a gente vê ela todas as sextas." falou empolgado se esquecendo por um minuto de toda a situação.

"Oi, Rosa! Que bom que encontrei ele." Helena, a assistente social do hospital adentrou o leito.

"Meu amor, fica aqui um pouquinho, pode comer esse docinho que a tia tem" a médica falou entregando uma balinha que estava em seu bolso. "O que vai acontecer com ele?"

"Eu acabei de pegar o caso, Rosa, graças a Deus foi a única criança. Me falaram que o pai chegou sem vida." sua expressão de alívio pela vida do pequeno Téo sumiu ao olhar para a maca.

"Infelizmente. Olha, Helena, ele tem uma avó, mas ela não tem condições de cuidar dele."

"Sim, vi na ficha dele, essa noite ele passará no abrigo e amanhã faremos uma visita."

"Será que você pode esperar para levá-lo? Por favor!" Pediu deixando que as lágrimas caíssem.

"Eu sei o que você está pensando. Não posso fazer isso, você sabe!"

"Helena, por favor."

"Rosa, eu não posso, mas você pode, diga que ele precisa ficar em observação e amanhã virei pega-lo."

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