Criança Injustiçada

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Cuidar de uma "criança" pode ser um desafio, mas, felizmente, Kunikuzushi nunca foi exatamente uma criança comum. Ingênuo, talvez, mas nunca me deu metade do trabalho que outras mães enfrentam com seus filhos.

Trocar fraldas, ensinar a andar, lidar com birras por causa de comida... Tudo isso era irrelevante. Ele era praticamente um santo. Se algo dava errado, era mais provável que ele chorasse, se desculpasse e tentasse corrigir a situação do que fazer birra.

— Mãe, a tia Makoto disse que quer que eu deixe o cabelo crescer. — A voz animada do menino ressoava aos meus ouvidos o dia todo agora, uma mudança curiosa de cenário, mas não algo de que eu fosse reclamar.

— A tia Makoto não entende nada de mecânica, querido... — suspirei, cansada. Mesmo quando a maternidade parecia mais leve, o cansaço era constante.

— O que você quer dizer com isso? — Ele se virou e deitou a cabeça sobre minhas coxas, olhando-me nos olhos com aquele sorriso gentil e puro, igual ao da Makoto.

— Seu cabelo não pode crescer, Kuni. Você é uma marionete, lembra? — Disse, enquanto passava os dedos pelos seus cabelos azulados. — Mas como você conseguiu se sujar tanto em tão pouco tempo?

— A-ah, eu estava brincando com a tia! Ela disse que queria me mostrar uns esportes novos de Natlan! — Suas bochechas se avermelharam de vergonha, arrancando de mim um riso suave.

— Você e a Makoto são idênticos, sabia? Esperançosos como crianças... — Sorri, balançando a cabeça. — Talvez eu devesse proibir vocês dois de sair por aí pulando.

— Ah, não! Nem pense nisso, mãe! — Ele inflou as bochechas, indignado. — Eu adoro a tia Makoto!

O sorriso doce que iluminava seu rosto me dava uma satisfação imensa. Criar vida... era algo mágico. Por um tempo, até desisti do projeto da Raiden Shogun. Kunikuzushi poderia amadurecer com o tempo, e talvez se tornasse um verdadeiro príncipe de Inazuma. Não precisava de uma nova máquina para isso, mesmo que ele nunca fosse, de fato, o líder.

* * *

— Este é o senhor Zhongli, e aquele é seu guarda-costas, Xiao. Mas, na verdade, são como pai e filho. — Apresentei Kunikuzushi ao grande Arconte Geo, um velho amigo meu.

— Prazer em conhecê-los! — Kuni acenou ao meu lado, com o mesmo sorriso radiante de sempre.

— Seu filho é uma graça, Ei. Nunca imaginei que veria algo assim. — Do outro lado da sala, a voz estridente do Arconte Anemo me incomodava um pouco, como sempre.

— Foi um acidente... mas um bom acidente. Estou pensando em apresentá-lo oficialmente como príncipe de Inazuma. — Comentei, pensativa.

— Acho que o povo adoraria! — Rukkhadevata, sempre a mais sábia entre nós, falou com segurança. Se ela dizia, era sábio ouvir.

— Um príncipe... um conceito fascinante! — Ao lado dela, a jovem Focalors, sempre de mãos dadas com sua irmã Furina, sorriu. Apenas Furina havia nascido com poderes divinos, e por isso, assumiu a posição de deusa.

— Estamos todos muito felizes por você, Ei!

* * *

— Makoto! Makoto!

Aquele dia foi um borrão de caos e destruição. Khaenri'ah atacou todas as nações.

— MAKOTOOOO!!!

Minha garganta queimava com cada grito desesperado, as palavras arranhando enquanto eu chamava por ela.

Mas a cena diante de mim... destruiu tudo dentro de mim.

Meu próprio filho, empunhando uma espada, atravessava o estômago da sua amada tia.

— Ma...ko...to... — As lágrimas caíam, incontroláveis.

Kunikuzushi olhou para mim, apavorado, largando o cabo da espada e se afastando. O corpo de Makoto desabou no chão.

— O QUE VOCÊ FEZ?! — Minha voz era um rugido de pura dor.

— N-não... mãe... u-um monstro, ele...

— O ÚNICO MONSTRO AQUI É VOCÊ! — Corri até o corpo de minha irmã, abraçando-o com força, enquanto as lágrimas me cegavam.

Naquele momento, cega pela dor e pelo ódio, não percebi que Kunikuzushi havia se afastado. Minha mente estava tão nublada que não consegui ver o que realmente estava acontecendo.

Nunca soube ao certo o que levou meu filho a matar Makoto. Com o tempo, desenvolvi uma teoria. No cadáver dela, encontraram traços de magia de Khaenri'ah. Talvez Kunikuzushi tenha sido atacado pela própria tia, forçado a se defender.

Procurei respostas por muitos anos, mas o vazio persistiu.

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⏰ Última atualização: Sep 12 ⏰

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