O Que Os Olhos Não Vêem...

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No próximo dia, falei com a minha prima, já que ela trabalha com a Senhorita Yae, assim consegui um horário VIP com a madame Kitsune cor de rosa, mamão com açúcar! É sempre bom ter contatos para resolver esses tipos de coisas.

Era bem complicado conseguir um horário com essa mulher, ela é praticamente esposa da nossa Arconte, além de ser uma Kitsune poderosa de mais de 500 anos, respeitada e blá blá blá. Na verdade, não me importo com nada disso, só tenho certa admiração por ela.

Ela é uma sacerdotisa e passa boa parte dos dias no templo, atendendo crentes da Raiden Shogun, em períodos de guerra eminente como agora é bem comum terem pessoas buscando esse tipo de apoio, causando o lotamento de horários.

— Shikanoin Heizou... — A mulher apareceu na minha frente, caminhando lentamente pelo templo.

O tecido leve de suas roupas brancas e vermelhas balançava conforme se aproximava de mim, segurando um papel, provavelmente uma lista de convidados, a qual ela deixou apoiada em uma das cercas do local.

— Eu mesmo, senhorita Yae. — Me curvei em forma de respeito, enquanto ela parava a minha frente.

— Soube que você precisava falar comigo, mas você não é um fiel... Então, sobre o que seria? — Sua postura era séria e rígida, um pouco fora do comum, geralmente ela é uma moça bem brincalhona, até se envolve em competições de quem come mais.

— Eu tenho uma pergunta sobre um tipo de maldição, feitiço... Não sei direito o que é. Ela faz flores crescer de dentro pra fora de uma pessoa, ou algo desse jeito... Todos os dias elas aumentam, não importa o quanto sejam cortadas.

— Hm? Que... Interessante, pode abrir a boca para eu ver?  — Ela chegou mais perto de mim, curiosa.

— Não, não! — Me afastei, incomodado com a aproximação repentina da mulher de cabelos rosas. — Não sou eu que estou com ela, é um amigo... Digo, uma pessoa, uma pessoa que eu conheci.

Seus olhos me fitaram com desconfiança, analisando meu corpo de cima a baixo em busca de sinais para ver se estava mentindo.

— Como está o estado dessa pessoa? Essa condição é bem séria, não acho que alguém duraria mais do que alguns dias com ela sem falecer.

— Bem, ele parece desgastado, fraco, mal consegue falar, como disse antes, as flores podem ser cortadas, mas crescem novamente, principalmente se ele ficar perto de água e luz solar. — Expliquei, me sentindo um pouco tenso, e se ela quiser ver ele? O Kazuha e o Kuni parecem contra essa ideia... Mas deve ser necessário, final é uma condição muito complicada!

— Posso velo? — A pergunta que eu não queria ouvir foi logo a que veio em seguida.

— A-ah não, desculpe... Eu não acho que... — Cocei a nuca, desconfortável com a situação.

— Pode ser uma maldição, já que essa pessoa não morreu ainda, nenhum humano suportaria ficar nessas condições. — Ela comentou, caminhando até uma das partes do templo, onde havia alguns livros. — Mas caso seu amigo não seja humano, e eu acredito que não é pela descrição...

Ela pegou um livro, folheando lentamente, conforme as páginas viravam eu sentia minha garganta fechar de nervosismo, ela já deve desconfiar de algo, se não nem falaria desse jeito...

— Hanahaki. — Ela se virou para mim, me mostrando a página do livro. — É uma doença do amor, ela se desenvolve quando uma pessoa tem um amor não correspondido.

— Existe um tipo de doença assim...? — Apertei meu próprio braço, um pouco tenso.

— Se estou falando, é por que existe. — Ela riu baixo. — Eu não mentiria para você.

Reflexo Das Flores VermelhasOnde histórias criam vida. Descubra agora