II. CARMESIM

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Levantei-me em um salto, sentindo o coração bater tão forte no peito que poderia escapar pela boca

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Levantei-me em um salto, sentindo o coração bater tão forte no peito que poderia escapar pela boca. Minhas mãos tremiam e meu sangue rugia em meus ouvidos. Meus pensamentos pareciam todos embaralhados e a única coisa na qual conseguia pensar era o fato de que sabia exatamente o motivo de o forasteiro não ter emitido nenhum som ao cair em nossa mesa. Afinal, não havia outra explicação possível.

Doze anos haviam se passado, mas ainda me lembrava perfeitamente daquela sensação. A quietude absoluta que me proporcionou as melhores noite de sono da minha vida, a falta nada natural de qualquer ruído enquanto eu esmurrava as paredes do baú, a agonia de gritar a plenos pulmões e, ainda assim, não ser capaz de extravasar minha própria voz. As habilidades da Nagi Nagi no Mi, a Fruta do Silêncio. O poder que havia salvado minha vida.

Corazón.

— Ei! — exclamei, sem realmente pensar no que estava fazendo. — Ei, você!

Se o forasteiro me ouviu, decidiu apenas me ignorar, tranquilamente passando pela porta e dirigindo-se ao lado de fora, engolido pela luz do sol. Não hesitei um único segundo ao disparar até a saída e segui-lo, deixando meus tripulantes confusos para trás. A luminosidade excessiva cegou minha visão quando saí para a rua, mas meus olhos logo se adaptaram ao ambiente, vasculhando o entorno em busca da figura encapuzada.

Não foi preciso muito tempo para que eu o encontrasse, a alguns metros de distância, caminhando a passos lentos pela avenida com as mãos nos bolsos e a cabeça baixa. Suas roupas eram muito mais chamativas do que pareciam no interior do bar, em um tom vibrante de vermelho carmesim. Faziam com que me lembrasse ainda mais dele.

Logo tratei de seguir na sua direção, esforçando-me para controlar minha velocidade, como se minhas pernas desejassem desesperadamente correr até ele. Eu sequer processava qualquer coisa à minha volta, movido unicamente pelo instinto, mas sabia que estava sendo um grandioso idiota por me deixar levar por aquela confusão de sentimentos nostálgicos. Só que, ainda assim, não podia evitar. Eram os poderes de Corazón.

Saber que a Nagi Nagi no Mi havia encontrado um novo usuário fez com que meu peito apertasse de maneira esquisita, como se uma velha ferida já cicatrizada tivesse subitamente aberto outra vez. De repente, havia sido tomado pela necessidade de descobrir a identidade de seu novo portador; de conhecer o rosto por trás daquele silêncio que carregava parte dele consigo. Talvez, isso se devesse ao fato de que uma parte infantil e completamente irracional do meu subconsciente ainda nutria esperanças de que fosse, na verdade, ele. Que, por algum milagre inacreditável, Donquixote Rocinante tivesse sobrevivido e se escondido das garras de seu irmão naquela ilhazinha nos confins do Novo Mundo. Que estava apenas esperando que eu o reencontrasse.

Só que era simplesmente impossível. Corazón estava morto. Eu sabia muito bem disso. Havia sentido sua morte em minhas cordas vocais.

Estava quase alcançando o forasteiro quando ele esbarrou em alguém, o que fez com que a pessoa atingida se voltasse na sua direção com uma carranca furiosa. Entretanto, ao baixar os olhos para a figura diante de si, abriu um largo sorriso e cutucou os dois homens que estavam ao seu lado, que também se viraram na direção do capuz vermelho.

Violet Hill - Trafalgar LawOnde histórias criam vida. Descubra agora