Em meio às dificuldades e frustrações para executar seu plano de se tornar Corsário, Law definitivamente não esperava encontrar um novo usuário da Nagi Nagi no Mi, a Fruta do Silêncio. Tampouco imaginava que a Caçadora Silenciosa, herdeira dos poder...
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O que mais gostava no oceano era o fato de que ele nunca se calava. Sua melodia infinita e incansável jamais vacilava por um único segundo sequer, ecoando eternamente em meio ao balanço das ondas e o sopro do vento. Por esse motivo, me sentia um tanto animada para navegar em um navio pirata. Passaria dias e noites constantemente cercada por fontes sonoras, que afastariam a falta que fazia a voz dos meus próprios pensamentos. Eu sempre dormia muito bem em alto-mar.
Acontece que o Polar Tang não era um navio. Era a porra de um submarino. Portanto, não havia o som da água lambendo o casco, o assovio do vento nos ouvidos ou o rangido das cordas e do velame balançando com a maré. Havia apenas o silêncio das profundezas do oceano, ecoando pelos corredores gelados daquele caixote de ferro escuro. E eu odiava o silêncio.
Assim que subi a bordo, Law instruiu que uma de suas tripulantes me ajudasse com a bagagem, sem sequer me apresentar ou oferecer quaisquer explicações aos rapazes confusos no deque. Ikkaku parecia ser a única mulher entre os membros dos Piratas de Copas e foi muito receptiva conforme me guiava até a cabine onde eu passaria a dormir enquanto estivesse viajando com eles. Depois de me ajudar a guardar meus pertences de uma forma perturbadoramente organizada — e de eu lhe explicar que não falava —, ela me ofereceu um pequeno tour pelo submarino (que eu até então acreditava ser um navio), o que aceitei de bom grado. Ao passarmos pela sala de controle, porém, acabei escutando uma conversa entre um rapaz com chapéu de pinguim e outro que usava óculos escuros. Foi quando ouvi o termo submergir e entrei em estado de choque.
A questão nem era estar submersa a sabe-se lá a quantos metros abaixo da superfície do mar, dentro de uma caixa de ferro lacrada que facilmente poderia ceder à pressão da água. Na verdade, a minha maior preocupação se resumia a como caralhos poderia fumar um cigarro dentro daquela merda de submarino. Quer dizer, sabia que simplesmente não dava pra fazer isso e tinha certeza de que Law arrancaria minha cabeça se eu tentasse. Só que não iria simplesmente deixar de fumar por causa disso. Talvez, pudesse subornar alguém da tripulação para que levasse o submarino à superfície quando precisasse.
Depois que o tour pelo Polar Tang terminou, Ikkaku me levou de volta à minha cabine e disse que eu poderia ficar à vontade até a hora do jantar, que seria em breve. Com isso, decidi terminar de organizar minhas posses, procurando por meus materiais de desenho na sacola de lona. Enquanto vasculhava a pequena bagunça à procura do meu caderno de rascunhos, acabei encontrando o diário de Calíope e não resisti ao impulso de tentar encontrar a ordem das páginas soltas pela milésima vez, mesmo que acabasse fracassando de novo. O caderno em frangalhos era a única coisa que havia pegado — além das jóias do cofre — antes de sair de casa, aos quinze anos de idade, e consistia justamente no motivo pelo qual havia fugido. Desde então, vinha tentando decifrar suas páginas, esforçando-me para encaixar os pedacinhos de informações de uma forma que fizessem sentido e revelassem a verdadeira história por trás das palavras de Calíope, mas nunca havia obtido sucesso.