Assim que chegamos à minha casa, mal tivemos tempo de respirar antes de nos jogarmos de cabeça na missão. Sentados na sala de estar, cada um de nós pegou uma parte do arquivo, espalhando as folhas pela mesa de centro. Eu, Vivian, Martha e Felix trocávamos olhares carregados de expectativa e apreensão.
- São várias ocorrências que foram arquivadas "por falta de provas". Todas contra Liam, todas mencionando abuso e ameaças. - Martha balançou a cabeça, a frustração evidente em cada movimento. - Ele sempre encontra uma saída.
- Talvez houvesse algo pronto para expor, mas ele apareceu tão de repente... parecia até que tinha sido avisado. - murmurei, lançando um olhar suspeito para Vivian.
- Eu não disse nada, Reeno. Faz dias que eu sequer troco uma palavra com ele. - Vivian rebateu, defensiva.
- Acusações entre a gente não vão nos levar a lugar nenhum. - Felix interrompeu, tentando amenizar a tensão. - Temos que focar no que importa.
Fiz uma pausa ao virar uma página, um nome saltando aos meus olhos. - Espera... tem uma ficha aqui com o nome de Leila Bloom. - olhei ao redor. - Ela era paciente de psiquiatria?
Vivian arregalou os olhos. - Leila Bloom?
- Espera aí... Leila Bloom não está morta, certo? - Felix perguntou, franzindo a testa em confusão.
- Ela não é aquela ex-mulher doida do xerife John Bloom? - Martha acrescentou, tentando lembrar das histórias antigas que todos na cidade pareciam conhecer.
- É, a mesma. - Felix respondeu, ainda processando a informação. - Mas qual é a conexão dela com Liam?
- Sabe de uma coisa? Eu e Vivian podemos ir até essa clínica amanhã de manhã. - Sugeri, olhando para ela, que assentiu. - Felix, você pode tentar descobrir mais coisas com a ajuda do George, procurar por qualquer outro detalhe que nos ajude a ligar os pontos. E Martha... você fica aqui, segura.
Martha me lançou um olhar incerto, como se quisesse protestar, mas sabia que fazia sentido mantê-la fora disso por enquanto.
- Tudo bem, mas se descobrirem qualquer coisa sobre o Liam, eu quero saber imediatamente. - Ela cruzou os braços, decidida.
- Combinado. - respondi, tentando transmitir confiança.
No dia seguinte, sentamos juntos para revisar o plano. Repassamos cada detalhe, relembrando o que cada um precisava fazer para que tudo corresse sem erros. A noite de hoje seria decisiva; Liam seria exposto de uma vez por todas. Com o plano claro em mente e uma sensação de expectativa crescente, eu e Vivian pegamos o carro e partimos para a cidade vizinha, rumo à clínica psiquiátrica mencionada na ficha de Leila Bloom. A viagem foi silenciosa, e embora estivéssemos focados, a tensão no ar era palpável.
Ao chegarmos, estacionamos um pouco afastados da entrada para observar o lugar. A clínica era antiga, com uma fachada levemente desgastada, como se guardasse mais segredos do que qualquer um poderia imaginar. O ambiente tinha algo de opressor, como se até o vento evitasse soprar ali.
- Pronta para isso? - perguntei, olhando para Vivian.
- Mais do que nunca, - ela respondeu, inspirando fundo.
Entramos discretamente, abordando a recepcionista com um plano simples: fingir que éramos parentes distantes de Leila Bloom, preocupados com seu histórico e dispostos a ajudar. Felizmente, a recepcionista era simpática e pareceu acreditar, chamando uma enfermeira para nos acompanhar até a área de registros.
No entanto, assim que nos aproximamos da porta que levava aos arquivos antigos, senti um aperto no peito. Estávamos a poucos passos da verdade, e, com sorte, de uma chance real de desmascarar o Liam.
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Minha Vida Em Mount Count
RomanceRee se muda novamente para o EUA após visitar sua vó materna com o intuito de criar feridas geradas no passado. É claro que a jovem não teve escolha e teve que seguir a mãe, que acabara de casar novamente. E quando chega em Mount Count, todo o seu p...