Capítulo 10

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2 meses depois...

As semanas se arrastaram como uma tortura lenta, e a última vez que ouvi a voz de Simon ou senti seu toque foi naquela festa. Desde então, era como se ele estivesse fugindo de mim, como se cada passo dele fosse uma retirada calculada. Não o via no colégio, embora ele nunca faltasse às aulas. Era como se um abismo invisível tivesse surgido entre nós. E, infelizmente, meus pensamentos giravam exclusivamente em torno dele. Numa tentativa desesperada de esquecê-lo, me aproximei de James.

James estava devastado por Brianna, e eu, consumida por um amor platônico e sem sentido por Simon. A dor nos uniu de uma forma estranha e perigosa, como dois náufragos agarrados ao mesmo pedaço de madeira em um mar revolto. Começamos a nos encontrar com frequência, buscando consolo em uma companhia que só intensificava a nossa solidão. Havia algo de reconfortante na presença dele; ríamos, nos entendíamos, e em um desses encontros, a tensão que pairava no ar finalmente explodiu. Acabamos na cama.

Mas não foi como imaginei. Em vez de ser uma fuga, foi um retorno. A experiência só fez Simon invadir ainda mais meus pensamentos, comparando tudo com a noite que tivemos juntos. Com uma clareza amarga, percebi que nada do que eu fazia conseguia afastá-lo de mim.

Agora, algo ainda mais sombrio me atormentava.

Minha menstruação não veio.

Eu sabia que o bebê não era de Simon, já que menstruei no mês seguinte à nossa transa. Só podia ser de James. E agora, aqui estou, sentada em um restaurante, prestes a contar para ele. Não podia carregar esse peso sozinha. Precisava de um conselho, uma direção, ou até mesmo da confirmação de que ele assumiria a responsabilidade, antes de contar à minha mãe. Seus olhos estavam fixos nos meus, esperando que eu falasse. Mas um nó apertava minha garganta, quase me sufocando.

— Vamos, Zaya. Conte logo o motivo de todo este suspense.

Respirei fundo e, antes que a coragem me escapasse, deixei as palavras saírem.

— Estou grávida.

O silêncio que se seguiu foi tão pesado que quase podia ouvi-lo se estilhaçando ao nosso redor. James piscou, os olhos arregalados, o rosto ficando pálido.

— O quê? — A palavra saiu arranhada, incrédula. — Você só pode estar brincando.

Eu balancei a cabeça, sentindo a garganta queimar.

— Não estou, James. Eu fiz o teste... Eu... — Minha voz falhou, mas eu precisava dizer. — E é seu.

Ele se afastou na cadeira como se eu tivesse lhe dado um tapa. O rosto dele endureceu, e a confusão deu lugar a algo mais frio, mais sombrio. Ele balançou a cabeça, os olhos perdendo o brilho.

— Isso não é problema meu.

O choque me atingiu como um soco no estômago.

— Como assim, não é problema seu? — minha voz saiu em um sussurro trêmulo.

— Eu não vou arruinar minha vida por causa de um erro. Só transamos uma vez... Me perdoe.— E, sem mais uma palavra, ele virou as costas e saiu.

Eu permaneci imóvel, sem acreditar que ele seria capaz disso. O desespero e a angústia tomaram conta de cada célula do meu corpo. As lágrimas começaram a cair, violentas. Eu não conseguia controlar minha respiração.

Foi apenas quando o observava se afastar que percebi, em uma das mesas, Simon, acompanhado por uma mulher. E, pela primeira vez em muito tempo, eu não desejava vê-lo. Levantei-me da cadeira e corri para o banheiro, sentindo os olhos dele me seguindo.

Ouvi sua voz chamar meu nome, uma, duas, três vezes. Mas ignorei. Esperei cerca de 30 minutos para sair. Não havia mais rastros dele ou da mulher que estava ao seu lado.

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⏰ Última atualização: Aug 23, 2024 ⏰

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