Estava dançando na pista, sentindo a música pulsar através do meu corpo, quando mãos desconhecidas começaram a percorrer minhas curvas. Não sabia quem estava atrás de mim, mas a batida da música e o efeito do álcool tornavam difícil me importar. Foi só quando senti o corpo que me pressionava ser arrancado de mim com brutalidade que minha mente, em meio à loucura que se encontrava , se agarrou à consciência que ainda restava.
Simon me puxou para o jardim e me fez sentar, sua expressão dura contrastando com o caos da festa ao redor.
— Você está bêbada? — Sua voz saiu grave, quente contra minha orelha, enquanto ele se inclinava para perto.
— Claro que não! — retruquei, eufórica, embora soubesse que minha tentativa de parecer no controle era patética. — Só estava dançando. Não posso mais me divertir?
— Vou te levar para casa.
— Não! — Gritei, sentindo lágrimas traidoras subirem aos meus olhos. Estava no estágio sentimental da bebida, e odiava isso. — Você me trouxe para essa festa, me deixou sozinha, nem sequer notou que eu estava bonita, e agora, quando finalmente estou me divertindo, quer me mandar para casa?
As palavras saíam de mim em um turbilhão, alimentadas por todos os sentimentos que sempre guardei. O álcool transformava meus pensamentos insignificantes em uma tempestade incontrolável.
— Por que faz isso comigo? — continuei, a voz embargada. — Por que me trata tão mal? O que eu te fiz para merecer tanto desprezo? O que falta em mim, Simon? O que todas as outras garotas têm que eu não tenho?
— Não falta nada em você... — Ele murmurou, me segurando mais firme enquanto eu cambaleava, perdida na confusão de emoções.
— Isso é mentira! — solucei. — Você nunca reparou em mim.
— É impossível não reparar em você, Zaya... — Ele parou, escolhendo as palavras com cuidado. — Inclusive, você estava bela hoje.
— Estava? Não estou mais? — questionei, quase infantil, desejando desesperadamente acreditar em algo.
Ele riu suavemente, passando a mão pelo meu rosto, afastando delicadamente os fios de cabelo molhados pelas lágrimas.
— Ainda está, não se preocupe. Você é a garota mais linda que já vi na minha vida.
— Jura?
— Juro. Agora para de chorar, tá bom? — Concordei, mas logo meu estômago embrulhou de repente.
O vômito veio com força, sujando o chão e os pés de Simon, que pacientemente segurava meu cabelo para que eu pudesse colocar tudo para fora. A voz dele parecia distante, como se estivesse em outro mundo, enquanto minha visão ficava embaçada e o universo ao meu redor girava. As palavras dele não faziam sentido, e meus olhos pesavam, lutando para permanecerem abertos.
•••
Acordei com uma dor de cabeça latejante, e à medida que as lembranças da noite anterior invadiam minha mente, o desespero crescia dentro de mim. Como eu iria encarar Simon depois de tudo que falei? Fingir que nada aconteceu ou pôr a culpa na bebida?
O quarto estranho em que me encontrava só aumentava minha vergonha. Provavelmente era o apartamento de Simon; ele não me levaria para casa naquele estado. Levantei-me, desesperada, procurando por minha bolsa e meu celular. Minha mãe devia estar fora de si de preocupação.
O som da porta se abrindo me fez pular.
— Viu um fantasma? — Simon estava na porta, uma sobrancelha levantada em provocação.
— Você me assustou! Não sabe bater antes de entrar? — Disfarcei, sentindo minhas bochechas queimarem de vergonha.
— Achei que ainda estaria dormindo. Só vim pegar uma camisa. — Foi então que notei que ele estava apenas de bermuda. Meus olhos involuntariamente se fixaram em seu abdômen definido, e minha garganta secou.
Fiquei sem palavras.
— Agora tenho certeza que você está me olhando. — Ele disse, com um sorriso satisfeito. — Não tem nenhum quadro atrás de mim.
— O quê? Não! — Virei-me de costas, tentando esconder meu embaraço. — Pega logo a camisa.
— Pode virar agora. — Ele avisou depois de se vestir.
Virei-me devagar, ainda sem saber o que dizer.
— Está melhor, bebinha?
— Não me chame assim. — Respondi, tentando disfarçar meu desconforto.
— Mas você é fofinha quando chora.
— Nem quero imaginar as besteiras que eu disse.
— Você não disse besteiras. — Ele pausou. — Foi só uma conversa sincera.
Um sorriso tímido surgiu em meu rosto ao lembrar das palavras dele que, de algum jeito, me deram conforto.
— Agora se ajeite. Vou te levar para casa. Não quero que perca um dia de aula por minha causa.
Assenti, aliviada e ainda um pouco atordoada. Simon saiu do quarto, e eu me joguei de volta na cama macia e perfumada. Ele começava a mostrar suas qualidades, e, por algum motivo, isso me deixava feliz. Mas logo me repreendi por permitir que ele tivesse esse tipo de controle sobre minhas emoções. Nunca entendi por que sempre esperei algo dele.
Enquanto esperava Simon do lado de fora do apartamento, ele procurava a chave do carro, e eu tentava organizar meus pensamentos. De repente, senti um puxão violento no meu cabelo, e antes que pudesse reagir, fui arremessada ao chão. Chutes começaram a ser desferidos com brutalidade. Tentei proteger meu rosto com os braços, mas a dor era insuportável. Minha visão escureceu, e a última coisa que vi foi Simon segurando Amber pelos braços.
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O meu meio- irmão
RomansZaya Bennert nunca imaginou que as escolhas de sua mãe a colocariam em uma situação tão complexa e emocionalmente turbulenta. Quando sua mãe decidiu se envolver com um homem já casado, Zaya foi empurrada para uma nova realidade, onde ganhou um meio...