Capítulo 9

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Depois que se afastamos na festa, não consegui pensar em nada que não fosse o seu toque na minha pele e os seus lábios macios nos meus. Estava enlouquecendo, a ansiedade estava me dominando, e eu só conseguia imaginar inúmeros cenários que poderiam existir para que pudéssemos ter algum tipo de contato novamente.

— Onde você estava? Te procurei por todos os lados! — Perguntou Ágatha, assim que me viu sentada em um dos bancos, segurando uma garrafa de água. — Isso não importa agora, vá para dentro de casa e se esconda! — Disse antes que eu pudesse respondê-la, puxando-me pelo braço.

— Por que? O que esta acontecendo?

— Ouvir os meninos dizerem que vão jogar as meninas na piscina. E eu te conheço muito bem para saber que você nunca aprendeu a nadar, então se esconda logo!

Adiantei os passos em direção ao interior da casa, mas assim que estava entrando pela porta, um garoto se pôs na entrada, dificultando a minha passagem.

— Está indo se esconder, moça?

— Quero ir ao banheiro, estou apertada. Saia da minha frente.

— Não acredito em você.  — Respondeu com os olhos semicerramos e um sorriso desafiador  no rosto. — Sabe o que vou fazer com você?

Nós encaramos por alguns segundos, até que, em um impulso, me virei e corri. Mas ele foi mais rápido, me pegando por trás e levantando-me o suficiente para meus pés não pisarem no chão. Era impossível realizar qualquer movimento capaz de me tirar dessa situação. Ele era alto e forte, e está me carregando, parecia ser a coisa mais fácil do mundo.

— Não faça isso! Por favor! Me solte! — Gritava desesperadamente.

— Você não gosta de água, senhorita cascão? — Minhas súplicas pareciam diverti-lo ainda mais.

— Eu não sei nadar! Por favor! Não faça isso!

Ele ignorava todos os meus pedidos, e quando percebi, já estava sendo arremessada na água. 

Tentei achar o fundo da piscina, mas meus pés não encontravam nada sólido, o desespero  rapidamente tomou conta do meu corpo, e minhas mãos involuntariamente começaram a se agitar freneticamente na tentativa de alcançar a superfície.

Parecia que havia passado horas quando senti as mãos de alguém me segurar e elevar o meu corpo para cima. O oxigênio entrou nos meus pulmões em uma explosão de alívio, e ao abrir os olhos, vi todos ao redor da piscina me observando. Seus rostos eram de pura preocupação. No entanto, os olhares que estavam direcionados a mim, foram desviados para uma briga que começava a se formar ao lado.

No momento, não me importei. Só agradeci ao rapaz que me salvou e sair da piscina, furiosa. Brincadeira de mau gosto!

Espremi a parte longa do vestido, tentando retirar um pouco da água que o encharcava.

— Você está bem, Z? Meu Deus, que loucura! Eu disse pra você se esconder!

— Eu tentei, mas o idiota me esbarrou na porta! Que vontade de esgana-lo! — Vociferei.

— Ja estão fazendo isso por você. — Ágatha apontou para a briga.

Estreitei os olhos, tentando enxergar melhor. E lá estava Simon, esmurrando o garoto que me jogou na piscina. Isaac e Tyler lutavam para segurá-lo, mas parecia que Simon estava completamente fora de controle. Sem pensar duas vezes, corri em sua direção.

— Simon, pare! — Gritei, agarrando seu braço com força. — Já chega!

Ele parou, o peito arfando de tanto esforço, finalmente largando o garoto, que saiu quase correndo, deixando para trás um rastro de medo e confusão. Simon me encarou com os olhos queimando de raiva.

— Você enlouqueceu? — O repreendi, o coração ainda disparado. — Qual é o seu problema?

— Eu deveria quebrar a cara daquele idiota! — Respondeu com a voz rouca, afastando-se da multidão que começava a se dispersar. O segui, enquanto Ágatha e Tyler tentavam restabelecer o clima normal da festa.

— Por que ele me jogou na piscina?

— Brincadeira sem graça.

— Sim, você tem razão. Mas não precisava disso, você precisa aprender a se controlar. — Disse, reparando no pequeno sangramento em sua sobrancelha. — Você se machucou por causa de nada!

Simon olhou para mim, sua expressão endurecendo como se estivesse pronto para retrucar. Mas, em vez disso, ele deu uma risada amarga.

— Sua mãe não lhe ensinou a nadar? — Perguntou, como se algo completamente absurda e incomum.

— E o seu pai não lhe ensinou bons modos? — Retruquei, um sorriso brincando em meus lábios.

Ele me encarou por um segundo que pareceu durar uma eternidade, e então sorrimos. Um sorriso cheio de ironia, mas também de algo mais suave e indescritível.

— Você está sangrando. — Falei mais baixo, quase num sussurro. — Vou fazer um curativo, espere aqui. — Disse antes de correr para o armário no quarto da Ágatha e pegar um caixinha de presta-socorros.

Voltei e ele estava no mesmo lugar. Sorrir.

Me aproximei, e em silêncio, limpei o ferimento em sua sobrancelha com delicadeza, sentindo o calor de sua pele através do fino tecido do lenço. Ele respirou fundo, e eu senti o calor da sua respiração tocar meu rosto.

— Desculpa... — Ele murmurou, sem tirar os olhos de mim.

— Pelo quê?

— Se a assustei.

— Não assustou, só não procure mais brigas por causa de mim.

— Quem disse que eu procuro? — Revirei os olhos.

— Você devia ir trocar essa roupa molhada antes que fique doente. — Trocou de assunto.

— Vou só terminar aqui.

Ele assentiu.

O meu meio- irmãoOnde histórias criam vida. Descubra agora