Capítulo 10

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Camila Cabello P.O.V

Na tarde seguinte, Ally liga bem na hora em que estou saindo do prédio de


música num rompante, depois de mais um ensaio desastroso com Cass.


"Uau", exclama, diante do meu jeito seco. "Que bicho te mordeu?"


"Cassidy Donovan", respondo irritada. "O ensaio foi um inferno."


"Ele tá tentando roubar todas as notas boas de novo?"


"Pior." Sinto muita raiva para repassar o que aconteceu, por isso não me dou ao


trabalho. "Minha vontade é de apunhalar o cara pelas costas, A. Não, melhor fazer


isso pela frente, para que ele olhe bem nos meus olhos e veja a minha alegria."


Sua risada é um alento aos meus ouvidos. "Caramba, ele realmente pisou no seu calo, hein? Quer desabafar durante o jantar?"


"Não posso, vou encontrar Jauregui hoje à noite." Outro compromisso que


preferia deixar passar. Minha vontade agora é tomar um banho e ver TV, mas,


conhecendo a peça, Lorenzo vai vir atrás de mim e fazer uma cena se eu ousar dar um bolo nele.


"Ainda não tô acreditando que você concordou com essa história de aulas


particulares", admite Ally. "Ele deve ser muito insistente."


"É mais ou menos isso", comento, vagamente.


Não contei a Ally sobre o acordo com Lorenzo, principalmente porque quero


adiar a provocação inevitável de quando ela se der conta do meu nível de


desespero para fazer Allan prestar atenção em mim. Sei que não vou ser capaz de

esconder a verdade para sempre - sem dúvida, Ally vai me encher de perguntas

quando descobrir que vou a uma festa com o cara. Mas tenho certeza de que posso

inventar uma boa desculpa até lá.


Algumas coisas são vergonhosas demais para admitir, mesmo para a melhor


amiga.


"Quanto ele está pagando?", pergunta, curiosa.


Feito uma idiota, respondo com o primeiro número que me vem à cabeça


"Hmm, sessenta."


"Sessenta dólares por hora? Gente do céu. Que loucura. Vou querer um jantar chique quando isso acabar!"


Um jantar chique? Droga. Lá se vão uns três turnos na lanchonete.


Viu só, esse é o motivo por que sempre se deve falar a verdade. Mentiras


invariavelmente voltam para pegar no seu pé.


"Claro", respondo descontraída. "Enfim, tenho que desligar. Tracy está com o


carro esta noite, então vou precisar chamar um táxi. Vejo você em duas horas."


O táxi da universidade me leva até a casa de Lorenzo, e marco de ser buscada em


uma hora e meia. Lorenzo me disse para entrar direto na casa, porque ninguém


escuta a campainha com o barulho da TV ou do som. Mas, quando abro a porta,


está tudo em silêncio.


"Jauregui?", chamo da entrada.


"Aqui em cima", ouço o som abafado de sua voz.

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