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Meditar era uma das coisas que Izuku mais gostava de fazer. Diferente de seu irmão, que via cozinhar como algo terapêutico, o verde via a meditação como seu momento para relaxar e colocar os pensamentos no lugar.

Então, com tanta coisa pra assimilar, Izuku se viu em sua posição habitual de meditação já cedo pela manhã, horário em que tudo ainda estava muito calmo em casa.

Ele estava meio cético em relação ao poder que agora tem. Por mais que seu lado nerd estivesse vibrando com a possibilidade de dissecar intimamente do jeito que desejasse as três individualidades, seu lado sentimental estava em conflito por que, bem, ele acreditava que aceitar uma individualidade agora praticamente anulava qualquer sentimento que ele teve antes.

Durante dez anos de sua vida Izuku teve que se adaptar as regras do mundo peculiar e Quirkista em que vive. Ele foi jogado pra cima e pra baixo, pisoteado e xingado e mesmo assim, ele vingou. Ele lutou com unhas e dentes pra mostrar que não era menos que ninguém, que ele também era forte, que ele também poderia ser um herói.

Mas agora.... Izuku não conseguia deixar de sentir como se estivesse concordando com todos eles. Com todos aqueles que disseram-no uma vez que sem um poder ele nunca poderia realizar seu sonho. E isso não era assustador?

Ele tinha orgulho de ser quem era e como era. Não tinha medo, nem receio, de dizer que era Quirklles, mesmo que essa simples informação trivial lhe trouxesse muitas coisas negativas das pessoas.

De qualquer maneira, Izuku era, além de tudo, um Bakugou, e ele não aceitava a merda de ninguém. Ele nunca abaixou a cabeça pra nenhum bastardo quirkista de merda antes, e não seria agora que ele faria isso.

Mas isso não mudava o sentimento avassalador de culpa que o dominava. Não só por si mesmo, culpado por praticamente cuspir em todo o seu próprio esforço, como por seus companheiros. Mesmo que não tenha conhecido nenhum quirkless pessoalmente, ainda se sentia um filho da puta por ter os abandonado, abandonado quem era.

Talvez fosse ilógico se sentir assim. Mesmo com uma individualidade agora, isso não mudava os ossos e apêndices extras que seu corpo tinha. Izuku ainda era, essencialmente, um quirkless, e assim ele seria até morrer.

Esse pensamento o trouxe alívio. Sim, ele ainda era parte deles, querendo ou não. Nada mudaria isso, uma peculiaridade transferível ou não. E, um dia, assim como Yagi, ele teria que passar esse poder adiante, ele sabia, e então ele voltaria ao que era.

Não. Na verdade, ele nunca deixou de ser o que era, ele só tinha um objetivo a cumprir agora, um dever. Isso era administrável.

Falando em objetivos, depois de pensar sobre tudo o que Yagi e ele conversaram a três meses atrás, Izuku ainda tinha algumas dúvidas que ele ainda não tinha vocalizado ao loiro.

Yagi tinha explicado que, a muito tempo atrás, um homem que eles não sabiam o nome, mas se autointitulou como All for One, queria reinar sozinho e trazer o caos ao Japão.

Aparentemente o velho – ele tinha mais de 200 anos???!? – possuía uma individualidade de manipular as peculiaridades de outras pessoas, podendo as roubar, as ativar forçadamente e também doar habilidades para outras pessoas.

Ouvir isso fez os pelos do corpo de Izuku arrepiarem, assim como suas mãos coçarem de tanto desejo de desfibrar cada pedacinho daquela individualidade.

Pelo o que Toshinori lhe disse, All for One havia um irmão que, felizmente, não concordava com seus ideais e, a partir dele, nasceu o One for All. De geração em geração ele foi passado, com o intuito de acabar com o mal, até que chegasse em Yagi e ele, finalmente, matasse o cara.

Sinceramente, haviam muitas inconsistências nessa história toda. Como, por exemplo, ninguém realmente sabe, ou sabia, sobre essa quirk além do portador e de seu mestre??

Porra, Izuku achava impossível. Não só por ser um fardo muito grande pra carregar sozinho, como por qualquer melhor amigo que se preze deve ter tido suspeitas e questionado por respostas. Exemplo; "Como assim meu melhor amigo que levita, agora, do nada, tem super força?"

Outra coisa, eles acharam um corpo?? Se sim, eles tomaram as devidas providências sobre ele??? O cara, provavelmente, tem uma individualidade de longevidade, e pode roubar quirks, não o surpreenderia se ele tivesse tomado uma de super regeneração também. E no desespero, qualquer um se fingiria de morto.

E, mais uma vez, se Yagi havia mesmo derrotado o desgraçado, por que ter o trabalho de passar o poder adiante? Tudo já não estava terminado?? Ele poderia acabar com esse legado ali, com ele.

E, talvez um dos mais importantes tópicos, o que diabos eles fizeram com a rede de AFO?? Eles acharam seus principais patrocinadores, informantes e ajudantes??? Ou toda a rede de apoio dele foi deixada de lado pra que qualquer um pudesse, com algum esforço, tomar o seu lugar?

Sinceramente, Izuku duvidava que Toshinori sequer tenha pensado em algumas dessas possibilidades, ou, se pensou, o decepciona que ele não tenha ido em frente e procurado por mais ou ter falado sobre isso com Izuku.

Mesmo que All for One tenha morrido, se ter um cara como ele como inimigo é perigoso e é bom estar sempre preparado e a par de tudo. Mesmo as possibilidades mais não críveis são importantes. E se há algum seguidor que está furioso com sua morte e buscando vingança?

De qualquer maneira, não tinha muito o que pudesse fazer agora. Ele tinha que se concentrar em seu treinamento para compreender seu novo poder e focar no exame da U.A, que seria em alguns meses. Izuku interrogaria Yagi depois, quando o visse novamente.

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