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OS MESES se passaram rapidamente. Bella e Luzia continuaram a se aproximar, mas sempre dentro dos limites da amizade. Para Bella, os sentimentos que nutria por Luzia cresciam em silêncio, camuflados por sorrisos e conversas descontraídas. Cada vez que Luzia a chamava de "Tina" ou "Bel"– apelidos que só ela usava, uma variação carinhosa de seu nome completo, Valentina – Bella sentia um calor inexplicável no peito. Era um apelido que, de alguma forma, fazia Luzia parecer ainda mais especial.

Durante as aulas, trocavam olhares cúmplices, compartilhavam confidências, e riam de piadas internas que só elas entendiam. No entanto, Bella não podia deixar de notar que Luzia, apesar de toda a proximidade, parecia nunca perceber seus sentimentos. Luzia gostava de homens, e Bella sabia disso pelas histórias que ela contava sobre paixonites antigas e sobre alguns garotos com quem havia saído. Isso fazia com que Bella guardasse seus sentimentos ainda mais fundo, com medo de perder a amizade que tanto valorizava.

O recesso escolar finalmente chegou, trazendo uma pausa bem-vinda na rotina. Bella e Luzia passaram grande parte das férias juntas, mas sempre em grupo, com outros amigos ou com a presença de Isadora. Bella se divertia, mas sentia falta de momentos a sós com Luzia. A ausência de uma oportunidade para se abrir sobre seus sentimentos deixava Bella inquieta, embora ela não soubesse ao certo o que faria se tivesse a chance.

Faltava pouco para as férias acabarem quando Bella teve uma ideia. Em uma tarde de sol, enquanto conversavam sobre as coisas que queriam fazer antes de voltar à escola, ela sugeriu algo espontâneo.

— O que acha de irmos à praia amanhã? Só para aproveitar o restinho das férias — Bella disse, tentando soar casual.

Luzia, que estava distraída mexendo no celular, levantou os olhos e sorriu.

— Só nós duas?

O coração de Bella deu um salto. A pergunta parecia simples, mas havia algo na expressão de Luzia que a fez hesitar por um momento.

— Se você quiser chamar alguém, tudo bem também — respondeu Bella, rapidamente, tentando não demonstrar a tensão que sentia.

Luzia ficou pensativa por um instante, como se estivesse ponderando a ideia. Por fim, respondeu:

— Vou conversar com meus pais e ver se está tudo certo. Te aviso mais tarde, Bel.

Bella assentiu, um pouco decepcionada por não ter uma resposta definitiva, mas ao mesmo tempo aliviada por não ter que lidar com o peso do silêncio.

Mais tarde, naquele mesmo dia, enquanto Bella estava em casa tentando se distrair com um livro, seu celular vibrou. Era uma mensagem de Luzia.

Luzia: Falei com meus pais. Eles disseram que posso ir.

Bella: Que ótimo! Vou falar com o meu pai e te digo depois.

Luzia: Beleza, Tina. Me avisa então.





A sexta amanheceu com um sol vibrante, chegando o dia da semana que Bella tanto aguardava. Ela já estava de pé, organizando os últimos detalhes para a viagem à casa de praia de seu pai. Quando Luzia chegou, trazendo uma mala pequena e um sorriso meio acanhado, Bella sentiu uma onda de empolgação. A presença de Luzia tornava tudo mais especial.

— Oi, Lu! — Bella cumprimentou, abraçando-a. — Preparada pra esse fim de semana?

— Oi, Bel — Luzia respondeu, sorrindo de volta. — Estou, sim. Obrigada por me convidar.

Marcos, o pai de Bella, apareceu logo em seguida, já com as chaves do carro na mão.

— E aí, meninas! Tudo pronto? — Ele perguntou, animado.

𝐒𝐔𝐁𝐋𝐈𝐌𝐄 | Luzia NezzoOnde histórias criam vida. Descubra agora