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ERA UMA TARDE COMUM, mas para Bella, o retorno para casa após mais um longo dia de escola trouxe uma surpresa inesperada. Quando ela abriu a porta da sala, foi recebida pelo suave aroma de flores frescas. Curiosa, caminhou até a mesa de centro e viu um buquê de rosas vermelhas e brancas, envolto em um delicado papel, repousando ali como uma obra de arte natural.

Um sorriso surgiu em seus lábios ao imaginar que Marcelo, seu padrasto, havia comprado as flores para Clara, sua mãe. Aproximou-se, tocando suavemente as pétalas e inclinou-se para sentir o aroma doce das rosas. Porém, quando estava prestes a subir para o seu quarto, Clara apareceu na porta da cozinha, segurando um pequeno envelope branco nas mãos.

— Bella, você viu as flores? — Clara perguntou, sua voz carregada de uma curiosidade que Bella não percebeu de imediato.

— Vi sim, mãe. São lindas. Marcelo é mesmo romântico, hein? — Bella respondeu, pronta para continuar seu caminho.

Clara riu, mas havia um toque de surpresa em sua voz.

— Bom, na verdade, essas flores são para você — disse, estendendo o envelope na direção da filha. — Entregaram há pouco e deixaram isso junto.

Bella parou, sentindo o coração disparar.

— Para mim? — perguntou, com uma expressão de surpresa genuína.

Clara assentiu, observando atentamente a reação da filha enquanto Bella pegava o envelope. Por dentro, Clara estava intrigada. Flores para Bella? E de quem? Ela sabia que sua filha tinha amigos, mas flores, especialmente com um bilhete, levantavam uma série de perguntas.

Bella abriu o envelope devagar, tentando esconder o tremor sutil de suas mãos. Dentro, havia um pequeno cartão, onde estava escrito, em uma caligrafia elegante e familiar:

"Para Bella,

Com todo o meu arrependimento e o desejo de que possamos um dia nos entender novamente. Não espero que você me perdoe agora, mas quero que saiba que estou pensando em você todos os dias.

— LN"

O coração de Bella deu um salto. LN. Luzia Nezzo. Não havia como confundir. Bella sentiu uma mistura de emoções, desde surpresa e confusão até uma inesperada pontada de felicidade.

Clara, que observava tudo de perto, não conseguiu conter sua curiosidade.

— Então, quem mandou as flores? — Clara perguntou, tentando soar casual.

Bella, ainda assimilando o que lera, levantou os olhos do cartão e deu um sorriso rápido.

— Ah, foi... um amigo — disse, tentando soar despreocupada, mas seu rosto levemente corado entregava que havia mais ali do que estava dizendo.

Clara arqueou uma sobrancelha, claramente querendo saber mais, mas decidiu não pressionar. Ela percebeu que Bella estava um pouco nervosa, e conhecia a filha o suficiente para saber que, se Bella quisesse falar mais, o faria em seu próprio tempo.

— Tudo bem — respondeu Clara, com um meio sorriso, antes de se virar e voltar para a cozinha. — Vou preparar algo para o jantar. Se precisar de mim, estou lá.

Bella soltou um suspiro aliviado quando sua mãe saiu, mas sentiu o coração ainda acelerado. Pegou o buquê com cuidado e subiu para o seu quarto. Ao chegar lá, colocou as flores na mesa de cabeceira e se sentou na cama, olhando fixamente para elas. A lembrança de Luzia, os sentimentos confusos, tudo voltou à tona.

Ela pegou o cartão novamente e releu as palavras. Havia algo tão sincero e tocante naquelas poucas linhas que Bella não pôde evitar o sorriso bobo que se formou em seus lábios.

𝐒𝐔𝐁𝐋𝐈𝐌𝐄 | Luzia NezzoOnde histórias criam vida. Descubra agora