𝟢𝟤. 𝗂𝗆𝗉𝗋𝗂𝗇𝗍𝗂𝗇𝗀

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O despertador tocou às seis da manhã em ponto, sem tirar ou pôr, então levantei da cama na mínima coragem possível e cambaleei até o banheiro para me arrumar para a escola. — Primeiro dia de aula, eba! — Murmurei indiferente enquanto me despia contra o espelho.

Uma calça jeans, uma camiseta marrom de mangas longas e uma bolsa de ombro para carregar os materiais foi o melhor que pude dar para causar uma boa primeira impressão entre os alunos do colégio. Tentei investir na simplicidade, odiava ser o centro das atenções e tinha certeza que por ser "carne nova no pedaço", todos estariam interessados na minha vidinha nada convencional.

Desci as escadas da residência e peguei as chaves do carro no chaveiro pendurado na parede, onde Kate havia deixado um bilhete escrito à mão.

Precisei fazer um exame logo cedo, deixei seu lanche pronto na geladeira. Beijo da madrinha!

Sorri encantada com o recado carinhoso e peguei a embalagem de papel dentro da geladeira, colocando dentro da bolsa para não esquecer. Logo, tranquei as portas da casa e me retirei para ir de encontro com Caleb na calçada larga da rua onde o Ford estava estacionado. Ele já estava escorado na porta do carro, usando um casaco fino e quadriculado azul com uma calça jeans escura e all-star desgastado. Suas madeixas estavam desalinhadas e espetadas assim como sua conspícua feição sonolenta.

— Três minutos atrasada. — Proferiu o rapaz com sua voz vacilante, oscilando o tom, típico de um garoto com os hormônios explodindo.

— Ah, sim, sim... Perdão pelos três minutos de atraso, talvez tenha sido quando fui amarrar meus cadarços. — Grasnei irônica e contendo o riso.

Adentrei ao automóvel e esperei que Caleb fizesse o mesmo no lado do passageiro, dando partida para o colégio. O clima não estava tão ameno quanto no dia anterior, estava confortável o bastante para que eu não usasse camadas grossas de roupa de frio mas não favorável o suficiente para vestir uma regata. Hawk passou toda a viagem até a escola conversando aos montes, e eu, respondendo por educação. Ele era legal, parecia fazer questão de estar ao meu lado, literalmente meu primeiro amigo em Forks.

— E... quais são os clubes do colégio? Preciso encontrar um extracurricular. — Interrompi o assunto sobre jogadores de futebol americano enquanto prestava atenção nas ruas encharcadas pela chuva.

— Ah, tem clube de artes, música, balé, danças no geral, matemática, biologia, teatro, esportes e o melhor de todos: o time de futebol americano. Passei as férias treinando pra entrar na seletiva esse semestre, preciso me tornar titular, o treinador tá me deixando de reserva há dois anos. — Seu tom desmontou nas últimas palavras, aquilo parecia o frustrar mais que o normal.

— Tenho certeza que esse ano vai ser diferente, vou estar torcendo por você.

Estacionei o Ford Bronco em uma das vagas disponíveis na entrada do colégio e peguei a bolsa que havia jogado no banco de trás, retirando a chave da ignição. Antes de sair do carro, respirei fundo e coloquei a cabeça no lugar, pronta para o que cruzasse meu caminho. Caleb saiu logo após de mim, guiando-me até a secretaria, lugar onde eu entregaria o resto dos meus documentos e alinharia minha grade de horários e matérias. Todos ao meu redor pareciam focados o bastante em mim, talvez não estivessem acostumados com pessoas novas naquele cubículo que chamavam de escola, acomodados com as mesmas caras de sempre. Achei que iria me irritar com toda aquela atenção, mas pelo contrário, logo me esqueceriam.

— Temos só dois horários juntos, biologia e história. — Afirmou Caleb enquanto dava uma olhada nos horários do papel, parecendo decepcionado com o "".

— Promete não sentir minha falta? — Retirei o papel de sua mão e caminhei para fora da secretaria, buscando o número do armário escrito em um post-it que a moça gentil da recepção havia entregue.

Mordisquei meu lábio inferior ao encontrar o armário e optei por colocar uma nova senha no locker, guardando em seu interior alguns pertences que pesavam minha mochila. Virei para Caleb, que me seguia como um cachorrinho. Mas não que eu estivesse achando ruim, antes ele por perto do que estar sozinha em um lugar completamente desconhecido com pessoas que me viam como a Paris Hilton.

— Lá vem eles... — Murmurou o moreno, me fazendo percorrer os olhos pelo corredor cheio. Foquei em um grupo de garotos que andavam todos juntos, com posturas completamente arrogantes e encabuladas. Desfilavam pelo ambiente como se estivessem querendo chamar atenção com suas roupas simplórias e que marcavam os músculos saltitantes.

— Quem são? — Perguntei curiosa sobre a espécie de rapazes ressentidos que achavam-se o centro do universo.

— O do meio é Jacob Black, ele mora na reserva e seu pai é meio que o líder de lá. O da esquerda é o Seth, ele é dois anos mais novo porém já se considera parte do grupo. O da direita é Embry, ele é bem estranho. Os dois de trás são Paul, o boçal com cara de amargurado, e Quil, que só não fala mais besteira porquê é impossível. — Gargalhei com a última definição, prestando atenção nos detalhes citados e buscando interligar-los aos rapazes.

Escorei as costas no armário e cruzei os braços enquanto o grupinho passava, notando a presença espetacular do maior entre eles: Jacob Black. Em um relance de segundos, nossos olhares enlaçaram-se como um beijo, fazendo meu coração disparar. O moreno continuou andando, porém, sem desgrudar seus olhos escuríssimos dos meus, esboçando uma feição surpresa e apavorada. O que tinha de errado em mim? Por que ele me olhava como se eu fosse o seu principal foco naquele corredor cheio de gente?

— Caleb, tem algo no meu dente? Tô com o cabelo bagunçado? — Mostrei meus dentes e passei a mão nas madeixas.

— Não, você tá bonita, não tem nada de errado. O que houve?

— Jacob, o garoto do meio... me olhou de um jeito diferente dos demais. Parecia que havia visto uma assombração, sequer piscou. Achei que tinha algo de errado em mim. — Murmurei confusa e respirei fundo. — Enfim! Te vejo na aula de história. — Dei de ombros antes que Hawk respondesse e segui caminho até a sala de aula, pensando nas milhões de probabilidades para explicar aquela sensação estranha.

𝐏𝐀𝐑𝐀𝐃𝐈𝐒𝐄 | Jacob Black Onde histórias criam vida. Descubra agora