𝟢𝟥. 𝗃𝖺𝖼𝗈𝖻 𝖻𝗅𝖺𝖼𝗄

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Quatro horários de aula passaram em câmera lenta, minha mente não conseguia focar em nada além de Jacob Black, eu precisava questionar sobre sua reação, se havia algo de errado em mim

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Quatro horários de aula passaram em câmera lenta, minha mente não conseguia focar em nada além de Jacob Black, eu precisava questionar sobre sua reação, se havia algo de errado em mim. Não que eu precisasse de aprovação, sequer nos conhecíamos, mas aquela feição não havia sido esboçada por motivo nenhum.

— Vem pro almoço? — Caleb me despertou do pensamento lúcido, trazendo minha cabeça de volta para a realidade. Assenti e levantei da carteira, acompanhando o rapaz até o refeitório.

Entrei na fila para o almoço com uma bandeja em mãos e comecei a procurar o grupinho de Jacob entre as mesas cheias de alunos, murmurando descontente por não ter visto nenhum ainda.

— Fala sério, quem coloca brócolis no macarrão? — Uma voz inexpressiva e indignada chamou minha atenção, fazendo com que eu olhasse para o lado rapidamente. Porventura, era Jacob, carregando sua bandeja.

— É... bizarro, né? — Sorri contente por vê-lo, sentindo meu coração finalmente voltar a estar em sua plena paz.

— Heidi, certo? — Ele passou duas fichas no caixa do refeitório, pagando o meu almoço e o dele.

— Como sabe meu nome? — Mordisquei meu ínfero e me retirei da fila com o garoto, pensativa sobre onde sentaria no meu primeiro dia. Ele não havia me convidado, mas eu já me sentia pertencente ao seu meio.

— É mais fácil você perguntar quem não sabe seu nome. Tá todo mundo vidrado em ti. — Jacob sorriu amigavelmente, aguardando que eu o acompanhasse até sua mesa, mas lembrei que havia prometido no intervalo de uma aula e outra que sentaria com Caleb para conhecer seus amigos.

— É... a gente se vê depois. Obrigada pelo almoço! — Meus lábios curvaram-se em um riso dócil e segui meu caminho até a mesa onde Hawk estava sentado, posicionando minha bandeja entre ele e um rapaz de cabelos brilhantes e que batiam na altura do ombro.

— Heidi, esses são Jayden e sua irmã Julie, Ash, Nora e meu irmão Kane. Andamos sempre juntos. — Analisei corriqueiramente cada um sentado ali. Jayden possuía cabelos escuros e também na altura do ombro, porém, não tão brilhantes quanto os de Kane, irmão de Caleb. Julie era dócil, sorria largo e seu rosto era infantil, como o de uma fada. Ash parecia não ligar muito para a minha presença e a namorada, Nora, era muito, muito bonita, com nariz anguloso e olhos cor de mel. Kane me analisava, trocando inquirição, como se ambos estivéssemos nos investigando.

— Sou a Heidi! — Desfiz o clima de "vistoria" e dei uma mordida na minha maçã, lembrando naquele momento que havia levado os sanduíches preparados por Kate para escola e consequentemente, esquecido dentro da bolsa.

De vez em quando, eu olhava para trás em busca da figura de Jacob, que deixava suas orbes castanhas transpassarem pelas minhas azuis de vez em quando, arrancando um sorrisinho inevitável de nós dois. Aquela conexão era inquestionável, eu me sentia magnética, deslumbrante e estranhamente fisgada por ele e pelas suas feições impossíveis de desvendar.

— Vai fazer algo mais tarde? — Kane me questionou, fazendo com que eu arrumasse minha postura na mesa e negasse com a cabeça. — Vamos no cinema hoje, tá afim de ir?

Nunca achei que seria tão fácil fazer um novo ciclo de amigos e Kate ficaria um tanto feliz com aquilo, então optei por aceitar o convite sem nem pensar muito. Combinamos um horário e anotei em uma página vazia da minha mente, crente de que não esqueceria as informações.

— Aliás, Heidi, vai participar das seletivas para líderes de torcida? Você é bonita e tem uma altura legal, vai ser fácil te levantar. — Comunicou Nora enquanto mordiscava algumas uvas.

— Eu não sei dançar... mas obrigada pelo convite. — Franzi meus lábios, apertando-os como um "infelizmente" e dei de ombros. Menti, eu sabia sim, havia aprendido no colégio californiano cheio de tradições, mas não queria me comprometer com nada que não fosse útil para a minha grade extracurricular.

— Vai, dá uma chance, seria uma comemoração em dobro se você entrasse para as líderes de torcida e o Caleb ganhasse um título oficial no time de futebol. — Tombei a cabeça para trás e respirei fundo, assentindo como se Nora tivesse ganho no argumento.

— Tá, vai... quando é a seletiva? — Brinquei com a comida no meu prato enquanto memorizava mais algumas informações, torcendo para ter a capacidade de lembrar de tudo depois.

— Amanhã às oito, esteja alongada e de jejum pra não acabar que nem a Julie no ano passado. — Ambas riram com a espécie de piada interna.

— Ei, vadia! Eu estava nervosa e havia comido bastante no café da manhã, para de me zoar. — Julie rebateu enquanto gargalhava. Me senti um peso morto no meio de tanta gente divertida, mas de alguma forma, aquilo era bom... Minha introversão não parecia incomoda-los.

— Você e Jacob são amigos? — Caleb perguntou enquanto roubava um tomate cereja do meu prato.

— Não... foi a primeira vez que conversamos. Por que? — Virei meu rosto em sua direção, respondendo o que havia sido questionado.

— É um babaca! Ele e os amigos se acham donos do colégio, sabotam Caleb em todas as seletivas pro time! — Tagarelou Nora enquanto construía uma feição enojada entre as palavras.

— Que idiotas... — Resmunguei realmente incrédula. O encanto que eu sentia por Jacob havia se desgastado. Como era possível um grupo de marmanjos sabotarem alguém e fazerem de tudo para que este não realizasse seu sonho?

No fim do horário de aula, Nora, Julie, Kane e Caleb voltaram no meu carro. Os irmãos Hawk pegaram carona para casa e as meninas decidiram se arrumar comigo para o cinema mais tarde e conversar sobre atores gostosos de filmes e bandas indie famosas.

— Meu Deus, Heidi, você não tem uma calcinha fio-dental. — Nora ditou indignada enquanto fuxicava as minhas gavetas.

— Olha bem pra cara dela, dá pra sentir de longe o cheiro de virgem. — Julie rebateu enquanto analisava seu próprio reflexo no espelho.

— Vocês quiseram vir pra cá pra me ajudarem com uma roupa ou pra me massacrarem? — Tirei minha calcinha da mão de Nora e guardei novamente na gaveta, fechando-a. Elas pareciam serem ótimas amigas, coisa que eu não possuía de forma tão vívida na Califórnia, logo, toda aquela intimidade era algo novo para mim.

— Toma, veste isso. — Proferiu a menina de olhos cor de mel, jogando uns cabides com roupas em cima da cama.

Eu estava confortável com elas, realmente me divertindo. No fim de toda aquela arrumação, pela primeira vez, estava me achando bonita. Bonita de verdade.

𝐏𝐀𝐑𝐀𝐃𝐈𝐒𝐄 | Jacob Black Onde histórias criam vida. Descubra agora