''Mas eu consigo nos ver perdidos nas memórias''
All Valley dias antes do ''sumiço'' de Tory
O sol já se fazia presente, Tory encarava o uniforme de trabalho dobrado ao lado da cama. Ela então se laventou ficando em frente ao espelho e notou o seu semblante cansado. Com um suspiro e muita raiva ela começou a se vestir, ajustando o uniforme. Porém, algo a parou. Uma lembrança invadiu sua mente, uma memória que a fez congelar no lugar.
_Do que tem tanto medo, Nichols? É a sua luta! Para nunca mais ter que lutar por migalhas. A voz dura e fria de Kreese ressoou em sua mente. Ela se lembrou do momento exato, da intensidade do olhar dele, da maneira como aquelas palavras a faziam se questionar.
Ela fechou os olhos, tentando afastar a lembrança, mas outra cena surgiu com força. Era ela, dizendo a Kreese
_Pela primeira vez na vida, vou estar me colocando como prioridade. O peso daquelas palavras ainda a assombrava. Ela havia lutado tanto para chegar a essa decisão, Mas agora, enquanto ajustava o crachá no uniforme, uma dúvida se formava .
De repente, sem pensar duas vezes, ela largou o crachá sobre a cama e pegou o pedaço de papel amassado que estava na sua bolsa. Era o endereço que Kreese havia dado a ela, um último convite, ou talvez, uma última chance. O corpo todo se tremia, ela sabia que estava tomando uma decisão que poderia mudar tudo. Ela precisava disso , estava cansada de ser refém do passado.
Quando finalmente chegou ao destino, seu coração batia forte no peito. Não havia ninguém ali, ela pensou ser feita de boba mais uma vez mas quando menos esperou ...
_Você realmente pensou que eu abriria um dojo nesse lugarzinho? Kreese perguntou, sua voz carregada de sarcasmo.
Tory ficou em silêncio, a confusão evidente em seu rosto.
_Estou expandindo, Nichols. Um novo dojo. Fora do país. Ele deu um passo à frente, os olhos fixos nos dela. Estou oferecendo uma nova oportunidade. Uma nova luta. A questão é: você está pronta ?
Tory sentiu um arrepio percorrer sua espinha. A decisão estava à sua frente, clara como nunca. Ela poderia voltar e seguir com a vida que conhecia, ou poderia dar o passo que poderia mudar sua vida e a de seu irmão.
Ela dizer que não confiava nele e um dia depois está se colocando nessa situação era algo que jamais esperava.Teria que carregar esse peso durante todo o torneio e isso acabava com ela.
Ela respirou fundo, ainda processando a resposta de Kreese. Até que finalmente quebrou o silêncio, a voz firme, mas carregada de preocupação.
_Eu não tenho condições de sair do país, Kreese. E, sinceramente, nem você- Ela cruzou os braços, observando-o com um olhar cético- Você ainda é um fugitivo da polícia. Como você acha que vai sair daqui sem ser preso? Eu não estou afim de me envolver em problemas.
Kreese deu uma risada baixa.
_Você deveria saber que eu não tomo decisões sem pensar em todas as possibilidades- Ele a encarou, a expressão séria- Já cuidei de tudo. Tenho aliados, pessoas com recursos que você nem imagina. Quando eu digo que estamos saindo do país, é porque já tenho um plano seguro.
_Como garante que tudo isso vai funcionar? Que não vamos acabar atrás das grades antes mesmo de cruzar a fronteira?
Kreese a olhou com uma intensidade que fez seu estômago revirar.
_Você quer se colocar como prioridade, não é? Quer ser a dona da sua própria vida? Isso exige riscos. Mas te garanto, Nichols, você vai estar mais segura comigo do que em qualquer outro lugar.
Ela ainda hesitou, mas havia algo na voz dele, uma certeza que a fez considerar a proposta.
_ Já cuidamos de problemas maiores antes. Isso é apenas o começo de algo muito maior. E você tem um lugar garantido nisso, se quiser.
_Quando partimos?- o temido nó se formava novamente em sua garganta, mas ela tentava se manter forte , ele não a veria chorar.
E, com isso, o acordo estava selado.
Tempos atuais (no voo para Barcelona)
O avião com a equipe do Miyagi do decolava. Robby olhava pela janela, com o rosto pensativo . Não conseguia afastar a sensação de inquietação que o consumia. Seus pensamentos estavam a quilômetros de distância, focados em alguém que ele mal conseguia tirar da cabeça: Tory.
Ele suspirou, a mente revivendo as últimas semanas. Tudo parecia estar indo em uma direção incerta. Tory era uma lutadora, alguém que sempre encontrava uma maneira de sobreviver. Mas ele sabia que a luta dela não era apenas física.
Johnny, sentado ao lado de Robby, notou a inquietação do filho. Sem precisar perguntar, ele sabia o que estava passando pela cabeça do garoto.
_Você ainda está preocupado com ela, né? Johnny perguntou, mantendo a voz baixa para não chamar a atenção dos outros.
Robby desviou o olhar da janela, encontrando os olhos do pai.
_É difícil não ficar
Johnny assentiu, entendendo a preocupação de Robby. Ele sabia como era fácil se perder.
_Olha, eu sei que as coisas não estão fáceis pra ela. Mas Tory é forte, mais forte do que você pensa. Ela só precisa de um tempo para resolver as coisas por conta própria. Quando voltarmos, você vai ter a chance de conversar com ela, esclarecer tudo.
_Não sei...Mas não posso deixar essa preocupação prejudicar toda a equipe, me desculpe eu vou ficar focado.
Johnny sorriu de leve, tentando confortá-lo.
_Qual é Robby ,você precisa confiar nela. Às vezes, as pessoas precisam de espaço para se encontrarem, e isso não significa que não querem voltar. Quando vocês tiverem a chance de conversar, as coisas vão se resolver. Agora sobre o torneio, dê tudo de si, se joga com toda a força que você tem, mostre o que tem dentro de você e pricipalmente de quem você é filho.
Ele apenas asssentiu sorrindo.
A cidade era linda e iluminada . A chegada no hotel foi tranquila e silenciosa, depois de se acomodarem cada um decidiu que o primeiro dia no país seria apenas para descanso, foi o que fizeram. Robby por sorte dividia quarto com Miguel.
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Hearts At War
Teen FictionEnquanto enfrentam desafios dentro e fora do tatame, o casal precisa lutar para manter o relacionamento em um mundo que constantemente os testa. Começam a admitir o que realmente sentem, mesmo sabendo que seus corações podem ser mais vulneráveis que...