cereja

office

Capítulo 2

Na manhã seguinte, Melanie estava em sua mesa de trabalho em um escritório moderno, cercada por pilhas de documentos e livros. A luz suave do ambiente contrastava com a atmosfera sombria da noite anterior. Ela lidava com relatórios com a mesma eficiência com que dirigia sua moto. Embora fosse rodeada por colegas de trabalho, todos com uma mistura de admiração e reserva, ela parecia um pouco isolada, como se sua presença forte e enigmática criasse uma barreira invisível.

Enquanto tomava um café, uma colega fez um comentário casual sobre os rumores que circulavam sobre sua vida noturna. Melanie sorriu de maneira enigmática, desviando o olhar para um ponto fora da janela, como se refletisse sobre algo distante e desconhecido.

No escritório, murmúrios sobre Melanie eram comuns. Muitos admiravam sua habilidade em conseguir um cargo de alto nível tão jovem, questionando como ela conseguira alcançar tanto sucesso com tão pouco tempo de experiência. Havia uma mistura de respeito e curiosidade em relação ao seu percurso profissional, e o fato de ela manter uma vida noturna tão ativa só aumentava o fascínio e a especulação ao seu redor.

Melanie se levantou da mesa, alisando o blazer de couro, e dirigiu-se para o terraço, onde costumava tomar seu cigarro matinal. Enquanto acendia o cigarro, observava o horizonte com uma expressão pensativa. Era como se, naquele breve momento de solitude, ela se reconectasse consigo mesma antes de mergulhar novamente no papel de líder implacável. A equipe sabia que Melanie não apenas cumpria as metas, mas as superava, e isso em um ritmo que deixava todos atônitos.

Quando Melanie voltou ao escritório, o clima mudou. Era como se sua presença silenciosa trouxesse consigo uma onda de profissionalismo e foco que contagiava a todos. Ela tinha o poder de liderar sem precisar erguer a voz; sua postura e olhar eram o suficiente. Ao passar pelas mesas, colegas se endireitavam em suas cadeiras, movidos pelo respeito que tinham por ela.

Sua manhã estava cheia de reuniões. Em cada uma delas, sua mente afiada brilhava. No final de uma reunião sobre uma importante aquisição, um dos diretores mais antigos da empresa a chamou de lado.

— Melanie, você tem um dom — disse ele, admirado. — Eu nunca vi ninguém com tanta visão estratégica em tão pouco tempo. Como você faz isso?

Ela sorriu, um sorriso que não revelava nada, e respondeu suavemente:

— Apenas observo as coisas de forma diferente.

Mas, na verdade, Melanie sempre via além. Talvez fosse a sua vivência nas corridas, onde tudo é decidido em frações de segundo, onde o risco é constante e o controle da situação é fundamental. Talvez fosse algo mais profundo, algo que ela mesma nunca havia compartilhado com ninguém.

Naquela tarde, enquanto revisava relatórios financeiros em sua mesa, sua mente vagava momentaneamente para a noite que estava por vir e ela sabia que Henrique estaria lá, esperando por ela. O mundo do escritório e o das ruas nunca se misturavam para Melanie, mas ambos a definiam de maneiras que poucos podiam compreender.

Ela saiu de sua mesa ao cair da noite, pegando seu capacete que repousava ao lado da cadeira, e caminhou em direção à saída, seus passos ecoando pelo piso frio do escritório vazio. Ao passar pela segurança, ela fez um breve aceno de cabeça para o guarda noturno, que retribuiu com um sorriso respeitoso. Todos a admiravam, mas poucos se atreviam a se aproximar.

O vento da noite acariciava seu rosto e, por um breve momento, Melanie se permitiu sorrir. Mais uma vez, ela seria a líder, seja no asfalto ou no ambiente corporativo. O mistério que a envolvia só aumentava, e quem a conhecia sabia que havia muito mais por trás daquele sorriso enigmático do que qualquer um poderia imaginar.