Capítulo 8
A noite estava fria, mas o ar da cidade vibrava com a energia da sexta-feira. Melanie estacionou sua moto ao lado de uma fileira de carros antigos, todos preparados para a festa que acontecia num galpão abandonado na periferia. O lugar era conhecido por ser o ponto de encontro de quem queria se perder no funk, luzes e bebida.
Melanie entrou na festa com um conjunto de roupa estilosa que chamou atenção assim que cruzou a entrada. Ela vestia uma calça cargo cinza e um cropped preto, vans e um colar com pingente de cruz. Seus cabelos negros caíam soltos, contrastando com a pele e o batom escuro que acentuava o olhar penetrante.
Enquanto passava pela multidão, ela notava cada detalhe — o cheiro de perfume misturado com suor e álcool, as luzes coloridas refletindo nas garrafas de vidro do bar, os olhares curiosos que a seguiam. Cada elemento parecia se encaixar perfeitamente, criando uma atmosfera única que Melanie absorvia como uma esponja. Aqueles momentos eram preciosos para ela, uma pausa na rotina para se perder e se encontrar ao mesmo tempo.
Ela foi direto ao bar improvisado, onde as garrafas brilhavam sob a luz negra. Pediu uma dose de tequila, mas quando o barman colocou a bebida na sua frente, ela pediu um copão de whisky. O líquido dourado refletia a iluminação da festa, e o sabor forte e queimante a fez sorrir. Com o copo na mão, ela se dirigiu para a pista de dança, onde corpos se moviam ao ritmo frenético da música.
De repente, ela avistou Ícaro, seu amigo de longa data, no canto da pista. Ele estava com Lara e outros amigos que Melanie já conhecia das festas anteriores. Ícaro, a cumprimentou com um sorriso provocador.
Henrique apareceu logo depois, surgindo de uma conversa animada com alguns amigos do trabalho que também tinham aparecido para a festa. Ele a puxou para perto, plantando um beijo rápido em seus lábios.
— Pensei que ia ter que vir te buscar — ele brincou, com um sorriso.
— Nunca te deixaria esperando — ela respondeu, retribuindo o sorriso enquanto passava a mão pelo cabelo de Henrique.
O grupo se moveu para a pista de dança, onde a música os envolvia. Melanie sentia o calor dos corpos ao redor, o som pulsando no peito e a energia de seus amigos ao seu lado. Eles começaram a brincar, trocando piadas
— Olha lá, Ícaro, a garota ali tá te olhando — Lara apontou discretamente, mas com um sorriso malicioso.
— Ela deve estar achando que sou um projeto de cientista louco — Ícaro respondeu, debochado. — Ou então que eu sou o cara que vai passar vergonha dançando e ela vai filmar pra postar.
— Você definitivamente é o cara que vai passar vergonha — Melanie retrucou, piscando para Lara, que caiu na gargalhada.
— E vocês duas são as que vão incentivar, claro — Ícaro rebateu, erguendo o copo de whisky. — Mas eu vou surpreender todo mundo hoje.
Melanie observava cada reação, cada expressão dos amigos. Ela adorava como Ícaro sempre conseguia manter o humor em qualquer situação, e como Lara, mesmo sendo mais reservada, sempre tinha um comentário afiado para adicionar. Henrique, ao seu lado, ria e fazia questão de manter o grupo unido, compartilhando histórias engraçadas de corridas e do trabalho.
Enquanto a noite avançava, eles voltaram ao bar para encher os copos novamente. Melanie estava sentada no balcão, observando o movimento e os grafites pelas paredes. O DJ mudava o ritmo da música, tornando o ambiente ainda mais intenso. A cada gole de whisky, ela sentia o mundo ao seu redor desacelerar, como se cada detalhe se destacasse mais. Ela apreciava o brilho dos olhos de Henrique, o jeito como Lara jogava o cabelo para trás, a forma como Ícaro gesticulava exageradamente enquanto contava uma história absurda.
— E então, eu disse para ele: Cara, se você não sabe nem consertar a moto, como espera ganhar a corrida? — Ícaro terminou uma de suas histórias, arrancando gargalhadas do grupo.
— E o que ele fez? — Melanie perguntou, genuinamente interessada, enquanto tomava outro gole.
— Simplesmente caiu na primeira curva — Ícaro respondeu com um ar de triunfo. — E o melhor de tudo: eu nem estava correndo, só queria assistir a desgraça.
O grupo explodiu em risos, e Melanie sentiu o calor da bebida misturado à euforia do momento. A vida era feita desses pequenos pedaços de felicidade, pensou ela. Aquele instante, aquela noite, seria lembrada não pelos grandes acontecimentos, mas pelas risadas, pelas piadas bobas e pela sensação de estar cercada por pessoas que importavam e a faziam se sentir bem
Henrique puxou Melanie para mais perto, sussurrando em seu ouvido:
— Vamos dançar?
— Sempre — ela respondeu, sorrindo.
E eles voltaram para a pista, onde o som os envolvia e a noite parecia nunca acabar. Melanie dançava sentindo a conexão com Henrique, a presença dos amigos ao redor, e o simples prazer de estar viva. Não havia preocupações, apenas a liberdade de ser quem era, com quem amava.
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cereja
عاطفيةMelanie, envolta em mistério e inteligência afiada, desliza pelas ruas de uma pequena cidade como um fantasma silencioso, sua moto ecoando nos becos escuros. Vestida em tons de preto e vermelho, ela vive à beira do perigo, alimentando-se de festas e...