'encontros e desencontros

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S/N mal podia acreditar que estava de volta a Saquarema, convocada para integrar a comissão técnica da seleção. O gosto agridoce da responsabilidade se misturava à tristeza de passar tanto tempo longe da família, mas havia algo mais que a perturbava: conviver novamente com Daroit. O curto e intenso caso que tiveram não terminou nada bem, deixando feridas que para S/N, ainda não haviam sido cicatrizadas ou curadas com o tempo.

Logo ao chegar, seu pai, Zé Roberto, a esperava com um sorriso acolhedor. — Chegou bem, filhota? —  Perguntou ele, com o carinho de sempre.

— Sim, pai, só um pouco cansada.

— Então tire a tarde para descansar. Mas à noite, teremos uma reunião com toda a comissão técnica e as jogadoras, resolver algumas questões mais técnicas mesmo, mas aproveita para se alimentar e relaxar um pouco.

S/N assentiu, agradecida pelo tempo livre, mas sabia que a tranquilidade não duraria muito. Em seus pensamentos, duas coisas eram impossíveis de ignorar: a fome que sentia após dirigir direto do Rio de Janeiro sem parar e o fato de que logo veria Daroit novamente.

Fazia oito meses desde a última vez que se viram, um encontro desconfortável e inesperado no aniversário de Gabi, a capitã. Desde então, a tensão entre elas só aumentou. O que era para ser apenas uma breve paixão se transformou em algo mais complicado. Agora, em Saquarema, não havia como evitá-la. S/N sabia que precisaria enfrentar não apenas as expectativas do seu pai e da seleção, mas também os fantasmas do seu passado com a loira.

S/N mal havia desligado o carro e se despedido de Zé Roberto quando a rotina de sua nova realidade começou a se manifestar. Ela saiu do veículo, soltando um suspiro enquanto olhava ao redor do centro de treinamento em Saquarema. O sol forte e o som das ondas ao longe quase a faziam esquecer o motivo de sua inquietação, mas o breve alívio logo se dissipou quando pensou novamente em Dariot.

Ela seguiu em direção ao porta-malas, pronta para pegar suas malas e se instalar antes da reunião da noite. Assim que abriu o compartimento, ouviu um grito e, antes que pudesse reagir, sentiu um impacto em seu corpo. Uma ruiva alta e atlética praticamente se jogou sobre ela, rindo alto e a abraçando com uma força que só a energia de Bergamann poderia explicar.

— S/N! Cara não acredito que você está aqui! — Exclamou, seu rosto iluminado tinha um sorriso radiante. Ela a segurou pelos ombros, balançando-a levemente como se não acreditasse que a amiga estava ali.

S/N soltou uma gargalhada alta, sentindo o calor do entusiasmo de Julia contagiá-la. — Pelo amor de Deus! Vai acabar me matando de tanta euforia! — Ela riu, tentando recuperar o equilíbrio enquanto a jovem não parava de sacudi-la.

— Eu senti tanta falta de você, S/N! Nem acredito que a gente vai trabalhar juntas de novo. — Disse ainda mantendo o abraço apertado, como se não quisesse soltar S/N tão cedo.

Com uma expressão divertida, a outra respondeu, com sarcasmo na voz: — Nos vimos não faz nem um ano, sua exagerada.

—  Ah, mas eu sou intensa demais nas minhas amizades, você sabe! — Bergmann piscou para ela, sem um pingo de vergonha.

— Isso é perceptível, com certeza. — S/N respondeu, ainda rindo, enquanto se inclinava para pegar uma das malas grandes do porta-malas. Ela fez um gesto com a cabeça em direção à mochila que restava ali. — Ajuda aqui, vai? Essa mochila é pesada demais para alguém tão cansada como eu.

Julia assentiu com entusiasmo, pegando a mochila com facilidade e jogando-a sobre o ombro. — Pode deixar! Ah, eu tenho tanta coisa para te contar! Porra, a última temporada foi simplesmente incrível, você não vai acreditar no que aconteceu...

Entre Saques e conflitos Onde histórias criam vida. Descubra agora