S/N esticou-se na cama de Bergmann, tentando alcançar o celular na cabeceira ao lado. Havia dormido ali, no quarto da ruiva, e não se arrependia nem um pouco. Estar ao lado de Julia estava trazendo uma leveza que S/N não imaginava ser possível. Desde que haviam se aproximado, a conexão entre elas parecia natural, quase inevitável. Tudo aconteceu de maneira rápida, mas de alguma forma, S/N sentia que isso estava fazendo bem para ela, e torcia que fosse assim com Bergmann também.
Julia reclamou baixinho, ainda com a voz sonolenta, enquanto se virava na cama. — O que você está fazendo, S/N? — Murmurou, sem abrir completamente os olhos.
S/N riu baixo, tentando não acordar Ana Cristina, que dormia profundamente na cama ao lado. Ana, na verdade, nem se importava com as trocas de carinho entre as duas, pelo contrário, na primeira oportunidade, apagaria completamente, alheia a qualquer movimento no quarto.
— Só procurando meu celular. — Sussurrou, encontrando o aparelho e segurando-o com um sorriso. Julia se ajeitou ao lado dela, ainda meio sonolenta, mas sem resistir a dar um leve selinho em S/N. O gesto foi recebido com um riso suave da morena, que se afastou o suficiente para falar: — Preciso ir dar um abraço no meu pai, é o aniversário dele.
Julia concordou, acenando preguiçosamente enquanto se esticava na cama. — Tudo bem, mas volta aqui depois. Deita mais um pouco comigo, sim? — Pediu, com um sorriso suave e os olhos ainda fechados.
S/N riu, seu coração aquecendo um pouco com o pedido da ruiva. — Eu volto, a menos que tenha algo importante para fazer. E, a propósito, se eu não voltar te quero lá na sala pra gente iniciar a outra sessão viu?
Bergmann fez uma careta brincalhona. — Eu sabia que você ia usar isso contra mim. — E então, dando de ombros, completou: — Só não pega muito pesado, ok?
— Vou pensar no seu caso. — Respondeu S/N, ainda sorrindo. Levantou-se da cama com cuidado, deu um último beijo na testa de Julia, e saiu em direção ao corredor.
S/N saiu do quarto com passos leves, caminhando pelo corredor em direção à saída do centro de treinamento. O sol da manhã já iluminava o ambiente, e ela respirou fundo, apreciando o ar fresco. Ao sair, seus olhos logo encontraram seu pai, Zé Roberto, do lado de fora, falando ao telefone. Ele gesticulava com a mão livre, um sorriso sutil no rosto, típico de quando estava em uma conversa agradável.
Ela se aproximou em silêncio, esperando pacientemente que ele terminasse a ligação. Assim que Zé percebeu sua presença, ele se despediu rapidamente de quem estava do outro lado da linha e guardou o celular no bolso.
— Filha! — Zé exclamou, abrindo os braços para recebê-la. S/N retribuiu o abraço com força, sentindo o calor reconfortante do pai.
— Feliz aniversário, pai — disse ela, apertando-o um pouco mais antes de se afastar. — Espero que tenha dormido bem.
— Obrigado, meu amor. — Zé sorriu e a segurou pelos ombros, examinando-a com um olhar carinhoso. — E como está a Julia? Vi que vocês têm passado bastante tempo juntas.
S/N deu de ombros, tentando esconder o sorriso que ameaçava escapar. — Ela está bem. Vou fazer outra sessão com ela ainda agora de manhã.
Zé assentiu, satisfeito. — Fico feliz em ouvir isso. Você tem feito um bom trabalho. — Ele fez uma pausa e então perguntou: — E sua mãe? Já mandou alguma mensagem para ela? Ela tem reclamado que você está sem falar com ela desde que chegou aqui.
S/N bateu a mão na testa, lembrando-se de que realmente havia esquecido. — Ah, é... esqueci completamente! Vou mandar uma mensagem agora.
Zé riu, balançando a cabeça. — Sua mãe vai ficar brava quando você ligar, mas nada que um eu te amo não resolva. — Ele piscou para ela, brincando. — Mas falando sério, dá uma ligadinha para ela, ok?
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Entre Saques e conflitos
Hayran KurguS/N foi convocada como fisioterapeuta para a comissão técnica da seleção feminina de vôlei, um desafio que ela aceitou com receio. Não era apenas a distância da família que a incomodava, mas também a presença constante de Daroit, com quem teve um re...