O preço da liberdade

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O que eu faço agora?O Príncipe Dain, possível futuro Grande Rei, a elite da nobreza, de sangue puro da linhagem Greenbriar ... Está simplesmente na minha frente,querendo conversar comigo sobre alguma coisa. O que faria ele, querer conversar comigo, uma mulher de sangue misturado, metade humana e feérica. Nada na vida justificaria o porquê dele estar aqui, e isso me assusta.

Mesmo nervosa,apenas acenei com a cabeça e fiz uma reverência um pouco exagerada,antes de me aproximar. Ele ainda tinha um sorriso nos lábios,em seguida,apontou para a poltrona em sua frente,e me sentei.

-Vossa alteza,não esperava recebê-lo nesta noite... Espero não ter o deixado esperando muito- Respondi com a cabeça um pouco baixa,enquanto apertava minhas mãos uma na outra,tentando conter o tremor-

-Não se aflita,não me fez aguardar por muito tempo. Mas,admito ficar satisfeito que tenha finalmente retornado...- notei seus olhos me observarem de cima a baixo,antes de um sorriso satisfatório surgir em sua face-

Porcaria! Não troquei de roupa. Ainda estou usando calça,botas de cano longo,e essa blusa verde velha,folgada ao ponto de precisar de um espartilho para a deixar com menos cara de mendiga. Meu cabelo está preso em um rabo de cavalo,e as poucas mechas soltas estão pregadas na frente do meu rosto.

Que jeito bom de receber um príncipe,parecendo uma moradora de rua,suada e toda desarrumada. Mas,de certa forma... Dain não parece estar ligando para isso,pelo contrário,sua expressão parece até... Satisfeita, ao ponto de como se fosse a reação de alguém que encontrou uma pérola legítima.

-Imagino que a senhorita não tenha ido colher flores- ele presumiu de forma calma,enquanto voltava a tomar um líquido em uma xícara, que tinha cheiro de erva doce,mas ao mesmo tempo um toque meio cítrico-

Não posso mentir,e odeio esse fato com todas as minhas forças. Quando você é filha de pais conservadores,sua vida se resume em mentiras para que você possa respirar. Mas eu não nasci com essa vantagem,a única coisa que posso fazer,é me esquivar. Estou em uma luta,mas não de lâminas,e sim de palavras. Uma em falso,e perderei minha cabeça.

-Grande parte das flores são bonitas no solo... Para quê as arrancar,se irão morrer depois?- o questionei de forma calma,tentando soar a mais inteligente possível- Não se arranca uma flor por ser bonita... Mas por ter uma razão específica. Seja medicinal ou apenas ambição... Imagino que seja isso que difere as pessoas umas das outras,suas razões sob certas atitudes.

Após dar um gole de seu chá,o príncipe sorriu de forma discreta. Me aliviei um pouco,parece que ele ficou satisfeito com minha resposta. Porém,em minha mente,não pude deixar de ficar me perguntando o motivo da visita dele. Seria mais normal Dain querer falar com meu pai,por fazer parte da Guarda Real. Mas a mim? Por que eu?

-Se me permite,alteza... Há que honra devo a sua visita direcionada a mim?- perguntei de forma calma,mas acidentalmente a curiosidade saiu em minha voz-

Dain deixou a xícara sob o pires,que tinha o formato de uma folha,enquanto a xícara se assemelhava a de uma flor Copo-de-leite. Ele se inclinou um pouco para frente,suas mãos pousando em um de seus joelhos,antes de seus olhos olharem diretamente os meus. Dain era esbelto,seus cabelos loiros caracolados caiam um pouco sob seus olhos. Com a cabeça inclinada,pude ver os pequenos chifres entre os cachos,enquanto tinha um anel dourado em sua mão, com o brasão da solene linhagem Greenbriar.

-Senhorita,estou ciente de toda a situação... Apesar de seu rosto com semblante angelical,creio que seja apenas um disfarce- senti meu coração parar por um momento. Ele sabia de algo,e com certeza era sobre mim. Ao ver minha reação,Dain alargou um pouco o sorriso- Não tente me enganar,senhorita. Eu tenho minhas fontes,e sei que o motivo de suas diversas cavalgadas em segredo.

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