40:00

144 11 104
                                    

O sol mal havia despontado no horizonte, mas o clima na mansão já estava carregado de tensão. Na ampla sala de café da manhã, o tilintar das louças era a única coisa que quebrava o silêncio. Geto sentou-se à mesa, observando Shoko atentamente, seus olhos capturando cada detalhe. Nos últimos dias, ele notara pequenas mudanças no corpo dela. Os seios mais volumosos e o aumento no apetite eram sinais difíceis de ignorar.

Ele tomou um gole de café, tentando controlar a ansiedade que se avolumava. Olhou para Shoko mais uma vez antes de falar, sua voz leve, mas cheia de preocupação:

— Amor... como está o seu ciclo?

Shoko, distraída enquanto cortava um pedaço de torrada, nem levantou os olhos ao responder, a voz despreocupada:

— Está atrasado, como sempre. — Ela deu de ombros, como se aquilo não fosse nada incomum.

Geto franziu a testa. Algo em seu íntimo dizia que havia mais naquela resposta. Ele tentou não soar alarmista, mas era difícil.

— Atrasado quanto? — insistiu ele, seus olhos fixos nela, como se tentasse ler sua mente.

Shoko suspirou, finalmente levantando o olhar. Seus olhos encontraram os dele, e ela percebeu a preocupação estampada em seu rosto.

— Uns dias. Isso é normal, Geto, não precisa se preocupar — respondeu ela, tentando encerrar o assunto ali.

Mas Geto não se deu por vencido. Ele conhecia Shoko bem o suficiente para perceber quando algo não estava certo, mesmo que ela tentasse disfarçar.

— Shoko, tem certeza? Você anda diferente... — Ele hesitou, buscando as palavras certas. — E se você estiver grávida?

O garfo de Shoko parou no ar por um breve segundo. Ela piscou, processando a sugestão dele. A ideia parecia tão distante para ela que sua primeira reação foi uma risada curta, quase nervosa.

— Eu? Grávida? Não seja bobo, Geto. Isso não vai acontecer. — Shoko balançou a cabeça, retomando seu café da manhã, tentando mostrar despreocupação.

Mas Geto sabia que aquela possibilidade a perturbava. Ele podia ver isso nos pequenos gestos dela, na maneira como seus olhos evitavam os dele.

— E se estiver? — Geto insistiu, sua voz agora mais firme, o peso da preocupação evidente. — Não seria ruim... seria?

Shoko largou os talheres com mais força do que pretendia, o barulho ecoando pela sala. Seu olhar endureceu, a paciência começando a se esgotar.

— Eu não quero falar sobre isso, Geto. Não agora. — Sua voz era firme, mas havia um tom de cansaço ali, como se ela estivesse carregando um fardo que não queria admitir.

— Mas eu preciso falar sobre isso. Estou preocupado com você... — Geto começou, mas antes que pudesse continuar, Shoko levantou-se bruscamente, batendo as mãos na mesa.

— Eu disse que não quero falar sobre isso! Qual é a sua dificuldade em entender? — As palavras saíram com força, e seus olhos faiscaram de frustração.

O choque no rosto de Geto era evidente. Ele nunca esperava aquela reação explosiva. Ficou ali, em silêncio, enquanto ela saía da sala, deixando-o sozinho com seus pensamentos e a crescente sensação de impotência. Ele sabia que algo maior estava acontecendo, algo que ela se recusava a compartilhar.

Minutos depois, Shoko caminhava pelo jardim da mansão, tentando acalmar os nervos. O ar fresco e o som dos pássaros não conseguiam dissipar a irritação que a consumia. Cada pequeno detalhe à sua volta parecia amplificar seu desconforto, desde o som dos galhos ao vento até o peso constante de seu cansaço. Por que estava tão sensível? E se Geto estivesse certo?

𝐏𝐑𝐈𝐃𝐄 𝐀𝐍𝐃 𝐏𝐀𝐒𝐒𝐈𝐎𝐍 ; Gojo Satoru Onde histórias criam vida. Descubra agora