Verdades e punições
Mirelle me fuzilava com os olhos, eu já tinha contado o que sabia sobre o seu acidente. Ela ouviu tudo atentamente sem fazer nenhuma pergunta. Enquanto virava a faca entre os dedos. Quando eu terminei, ela se encostou na cadeira e comecou a batucar os dedos na mesa.
Parecia esta planejando alguma coisa. Eu continuava na defensiva. Não sabia ao certo o que iria acontecer.
Também estava pensando se contava ou não sobre o coração que ela carregava. Até porque se não fizer isso, cedo ou tarde ela vai descobrir e vai ser pior ainda. Então vou arrancar o curativo da feria de uma só vez.
— Tem uma coisa que não sai da minha cabeça. — falou finalmente. — Como você ficou sabendo do meu acidente?
— Dean me contou. — coloquei ele no meio, sabia que mais tarde ela ia perguntar. Suas sobrancelhas se juntaram. — E também vi a sua cicatriz. Só fiz junta as peças.
Ela entrelaçou os dedos e se curvou na mesa, seu semblante era de pura dúvida. Concertei a minha postura.
— Me conta a verdade. — sua voz foi suave. — Eu sei que o seu casamento foi na mesma data que o meu acidente. E por pura coincidência. O Noah nasceu no mesmo dia. — aquele era o ponto. Ela já desconfiava de alguma coisa.
Meu peito apertou, era agora ou nunca. Eu tinha a chance de ter ela perto de mim.
— É verdade. O meu casamento foi no mesmo dia do seu acidente, eu não sei como te contar isso.— parei um pouco para colocar as palavras no lugar certo. — No dia do meu casamento eu também sofri um acidente. Um caminhão bateu no meu carro quando estávamos indo para o aeroporto. — sua expressão foi de surpresa. — Nós sofremos o acidente juntos... Infelizmente a minha mulher... E-ela teve morte cerebral. — minha voz falhou. — A gente só soube lá que ela estava grávida do Noah.
— Aí meu Deus. — ela colocou a mão na boca. Seus olhos brilhavam de lágrimas. — Me disseram q-que a mulher...
— Sim...— interrompi ela. — Você tem o coração da minha falecida mulher. A mãe do Noah.
Sua mão desceu até o seu peito. Ela estava em puro choque. Não me disse nada durante um tempo. Sua mente deveria estar a mil por hora. Assim como a minha.
Senti um certo alívio de falar para ela a verdade. Sabia que se descobrisse depois iria ser um completo desastre. E isso era ruim para nós dois e para o Noah. Que já estava apegado a ela.
Eu fiz isso pelo o meu filho. Não queria ter que explicar o porquê Mirelle não aparecia mais.
— Não sei o que dizer. — se levantou e pegou a bolsa. —Mas temos que ir a um lugar. — ela precisava de um tempo então me levantei junto com ela e saímos.
Queria conversar sobre o assunto. Queria que ela me fizesse perguntas. Mas se a mesma queria um tempo para absorve tudo. Daria isso a ela.
Não iria pressioná-lá. Andamos até o saguão do Casino. Envés de saímos, fomos em outra direção. Nunca tinha percebido que havia uma outra porta no naquele lugar.
Andamos até lá e ela abriu, tinha uma escada para baixo, descemos. O lugar era mal iluminado, e a escada era de metal, o seu salto fazia um barulho irritante. Nossa caminho foi um completo silêncio.
Quando chegamos no final, tinha um corredor enorme, um pouquinho mais claro, seguimos até o fim onde tinha uma outra porta. Assim que ela abriu deu espaço para um lugar claro. Era tipo um armazém. Várias outras salas, passamos por uma sala de tiro, uma com um ringue. E entramos e outra. Essa por sua vez tinha uma cadeira que parecia ser de tortura. Em uma das paredes tinha chicotes, facas e outras coisas.
Tinha também uma mesa com vários utensílios também de tortura.
— Escolhe um. — olhei para Mirelle, que agora estava sem a bolsa.
— Um o quê? — perguntei, com uma seria dúvida. Ela apontou para a parede e eu segui com o olhar. Tinha um papel colado. Andei até lá e o que tinha escrito me deixou bastante intrigado. — Sério isso? — voltei a olhar para ela, que concordou. — Lista de punição. — li o título.
Era simples uma litas de várias formas de torturas que eram " punições." Para os seus seguranças. Chicotada com pequenas agulhas. Espancamento. Dedo cortado. Unha arrancada. Mão cortada. 100 cortes.
Meu Deus, era várias coisas escritas. Olhei de novo para Mirelle.
— Você não achava que não iria ter punição né?— seu sorriso apareceu nos lábios. — Normalmente os punidos não escolhem. Mas vou deixar você fazer isso.
Engoli a seco. Não, eu realmente não pensei que teria que ser punido por alguma coisa. A final, eu não fiz nada.
— Escolhe, se não. Eu faço. — me ameaçou, respirei fundo. E escolhi a da unha. — Esse? Tem certeza. Vai doer, até porque são a unha de todos os dedos.
— Merda, eu preciso fazer realmente isso?.
— Não me leve a mal, mas você escondeu coisas de mim. — começou a andar até mim. — E eu não vou aliviar para o seu lado, se não qualquer um vai querer o mesmo.
Ela tinha razão, se fizesse isso comigo. Qualquer pessoa pode achar que estou sendo "beneficiado". E Mirelle já não estava em bons lençóis. Então eu escolhi um que doesse, mas que iria sarar logo.
— Chicotadas.— ela me olhou surpresa, mas não questionou.
Respirei fundo e tirei o palito e a camisa que usava. Mirelle andou até a parede. Ela colocou uma luva e depois pegou o chute. Que brilhava ao ser atingido pela luz.
Me chamou com o dedo. Cheguei perto dela que passou a mão em meu rosto.
— Prometo acabar logo. — virei de costas. — Serão apenas três chicotadas.— fechei os olhos, senti sua mão em minha costas. — Sabia que tem 100 agulha no couro desse Chicote, eu mandei fazer especialmente para os mentirosos. Mas infelizmente nunca foi usado por causa do trabalho que daria para limpar.
— Mirelle, tem como voc. — minha voz foi substituída por um gemido dor. Senti a minha costas arder. Minha carne sendo rasgada. Apertei os olhos e os dentes com força. — PUTA MERDA!, PORRA!. Mirelle!.— e veio outra, dessa vez foi do outro lado do meu ombro. Fechei a mão. Ela tava sendo cruel. Usando uma força absurda. Senti uma lágrima escorrer. Então ela deu a última. Soltei um berro.
Sua risada ecoou pela sala. Eu continuei parado sentindo as minhas costas arderem. Sangue escorrendo. Os sons de seus saltos se afastaram de mim. Não virei para ver. Ela logo voltou. Sem nenhum aviso ela derramou uísque nas minhas costas. Ardeu tudo. Queimava. Me dava vontade de chorar.
— Vamos fazer um curativo. — me puxou pelo braço. Pegou a minha camisa. Olhou no fundo dos meus olhos. — Espero que você tenha aprendido. E não esconda nada de mim. — tocou em meu rosto. — Vem, vamos.
Saímos dali e fomos para uma outra sala. Essa era tipo um consultório. Todo branco e com várias macas. Tinha três mulheres enfermeiras e um médico.
E reparei que Théo estava em uma das macas com as costas enfaixadas. Em uma outra estava Lucian, com o rosto cheio de hematomas.
— Teresa. — uma das moças se virou, ela abriu um sorriso quando me viu. — Cuida do meu noivo. — o sorriso da mulher sumiu, eu sei uma levi risada. O que fez as minhas costas doerem. — E da um antibiótico. — olhou para os outros. — Para todos eles. — se virou para sair.
— Você vai para onde?.
Ela nem se virou para me responder.
— Buscar o Noah. Te vejo em casa.
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Um Coração Perdido ( Concluída)
FanfictionDiego é um pai viúvo que perdeu a sua mulher no dia do casamento, e agora está focado em cuidar apenas de sua empresa e do pequeno garoto, mas ele se vê em uma situação aonde será obrigado a fazer um casamento forçado. Mirelle Bonaventura, uma mulhe...