VII - Libertando-se Da Dor ["EUDDATH" pt. 2]

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— Euddath? Que nome estranho... e, você não sabe o que é ano? — Perguntei já sabendo a resposta. — Olha, do lugar de onde vim, o calendário é essencial para saber os dias, meses, anos etc.

— Bem aqui temos um calendário e estamos... — Ela deu uma pequena olhada atrás da porta pois o calendário se encontrava lá. — Bem, estamos na 8ª fase da coruja.

Ela me explicou que, quando a Coruja do Anoitecer assobia 30 vezes, ao cair da noite durante um mês, ela forma uma fase. No total, há exatas 10 fases para formar 1 "Ciclo Sagaz".

— Ok... desculpa não perguntar, mas qual seu nome?

— Me chamo Margaret, — ela estendeu a mão para mim. — quer entrar?

Eu aceitei o pedido. A casa de Margareth era de tamanho mediano mas cabia bastante coisa, havia uma sala, um banheiro, uma cozinha, um quarto e um sótão abandonado.

 A casa de Margareth era de tamanho mediano mas cabia bastante coisa, havia uma sala, um banheiro, uma cozinha, um quarto e um sótão abandonado

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[Imagem não-autoral]

— Aqui vocês não tem celular? — Disse entrando em sua casa.

— Celular? O que seria isso? — Ela falou pegando uma cadeira.

— Nada, esquece. Você mora sozinha? Por que essa roupa de empregada? Desculpa ser muito invasivo.— Me sentei na cadeira.

— Moro sim, bem... essa é a roupa mais formal que tenho... — Ela falou meio triste.

— Ah, desculpa pela pergunta, é que tudo é muito novo para mim... realmente muito novo... — Um silêncio ensurdecedor gritou no ambiente.

Percebi a mulher retirar uma pequena fôrma do forno com luvas para não queimar suas delicadas mãos. Olhei para a janela que havia perto do fogão e congelei meu olhar alí. A mulher colocou a fôrma na mesa, retirou suas luvas e começou a comer, me ofereceu os biscoitos porém recusei.

— Margareth, posso te fazer uma pergunta? — Falei ainda olhando para a janela. O céu, as nuvens, o Sol, as casas, tudo que eu via por aquela janela e com meus próprios olhos nada parecia verdadeiramente real alí.

— Claro! — Ela falou e logo mordeu o segundo biscoito.

— Você já sentiu uma sensação estranha de que nada parece ser de verdade?, — No mesmo momento em que falei, um parcela de meu rosto apareceu na janela. — nem mesmo você mesmo?

— Por que me pergunta isso? — Margareth disse com a boca cheia.

— Bem... — Não tirei meus olhos da janela. — desde que cheguei a esse local anômalo, vi coisas que só quem pode entender é quem estava lá. Nem você, Margareth, nem você parece ser algo verdadeiro, tudo parece só mais algum sonho bobo que tenho diariamente. Eu trouxe a tôna coisas enterradas no passado — por um momento, era como se eu estivesse vivendo tudo aquilo denovo — e agora eu duvido de absolutamente tudo, até coisas vindas da minha mente ou do meu coração eu começo a duvidar a cada segundo que passa... As vezes penso: "será que tudo isso é só um pesadelo interminável? bem, se for, eu prefiro acordar e viver o resto da minha vida fodida" — meus olhos ficaram avermelhados e uma lágrima caia do lado direito de meu rosto —, será que alguém entende isso além de mim? será que algum dia vou encontrar alguém que sinta a mesma coisa que eu?... Me responda, Margareth, por que é tão difícil viver em um mundo onde tudo é... tudo? — disse com minha voz trêmula.

Me senti leve, como se um grande peso estivesse sido retirado das minhas costas. Desde que cheguei aqui, nunca tive tempo de organizar meus pensamentos e muito menos contar o que sentia para alguém. Mesmo não expressando de forma clara o que eu sentia, aparentemente Margareth entendeu tudo.

A mulher pegou minha mão e a apertou levemente. — Encarar as bizarrices do mundo é só mais uma forma de demonstrar o quão forte você é. Sei que não é nada fácil viver em qualquer tipo de mandou ou realidade diferente. Chorar e vomitar seus sentimentos para alguém não é uma forma de fraqueza, na verdade, você só mostra que você é resistente... — ela se aproximou de mim e sussurrou — pra caralho. — Dei uma risadinha e agradeci, nunca tive com quem contar em toda minha vida e conhecer alguém assim é algo totalmente novo para mim.

continua...

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