Sobre As Águas

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O som do registro sendo fechado ecoou no banheiro. Pelas portas de blindex, saiu o suicida, secando o corpo e os cabelos ainda molhados. Ele pegou suas roupas sobre a pia e se vestiu rapidamente, escolhendo um conjunto de frio.

Saiu do banheiro ainda secando o cabelo, que permanecia úmido e pingando. A chuva os havia deixado completamente encharcados. Tentaram passar pelos funcionários do hotel sem chamar a atenção enquanto subiam para o quarto.

Mas Dazai quase escorregou e caiu no chão, o que atraiu a atenção de alguns funcionários próximos. Eles reconheceram o hóspede famoso e prontamente ofereceram toalhas secas e novas.

Os funcionários também informaram que poderiam utilizar o serviço de quarto para lavar as roupas encharcadas, além de qualquer outra assistência de que precisassem.

Dazai atravessou a pequena sala que conectava os quartos dele e de Chuuya. Sentiu o aquecedor funcionando, o que foi um alívio após a chuva fria que haviam enfrentado.

Chuuya, por outro lado, estava terminando de pentear os cabelos. Já havia tomado banho, correndo para o chuveiro assim que chegaram — o frio lá fora estava de cortar.

Ele torceu suas roupas molhadas com o auxílio de sua habilidade gravitacional e as jogou no cesto de roupas sujas. Parou de pentear os cabelos e pegou o secador, pois não queria arriscar pegar um resfriado.

Começou a secar as pontas, que ainda pingavam um pouco, e usou a toalha para acelerar o processo. Bocejou, sentindo os olhos começarem a lacrimejar.

– Já está com sono?

O ruivo se virou em direção à voz, encontrando Dazai escorado no batente da porta do banheiro. Ele apenas assentiu com a cabeça, odiava conversar quando estava com sono.

Dazai se aproximou por trás, tirou o secador das mãos de Chuuya e começou a secar seu cabelo por ele.

Chuuya não protestou, apenas ficou parado, sentindo os dedos longos de Dazai, agora seu amante, passarem por seus cabelos. O toque parecia um carinho e o deixou ainda mais sonolento, sua cabeça pendendo de vez em quando.

Dazai observava pelo espelho o esforço de Chuuya para se manter acordado e riu da cena. Desligou o secador e o colocou de volta no suporte.

– Pretende dormir assim ou vai se trocar? – Dazai perguntou ao ruivo.

A fala do suicida fez Chuuya despertar um pouco e perceber que ainda estava de roupão. Ele olhou para a grande pia de mármore branco à sua frente e pegou a muda de roupa.

Levou a mão até a fita que prendia o roupão ao corpo, mas hesitou antes de puxá-la, lembrando da situação que ocorreu há quase uma hora.

– Sai daqui – disse, virando-se para Dazai.

– Por quê? – Dazai o olhou confuso.

– Quero me trocar, sai!

– Mas…

Dazai foi interrompido por Chuuya, que apontou para a porta do banheiro com um olhar sério. O ex-mafioso suspirou derrotado e, resmungando que já tinha visto tudo, saiu do banheiro.

Chuuya fechou a porta, puxou a fita do roupão, tirou-o e o pendurou. Sentiu o vento frio vindo da pequena janela no box enquanto se olhava no espelho.

Ele admirou seu próprio corpo: pouco musculoso, com uma barriga reta, coxas fortes, quadris levemente curvados, braços finos, mas capazes de derrubar alguém com um soco, e por fim, sua bunda, que era volumosa o suficiente para lhe dar uma postura menos rígida.

Balançou a cabeça para afastar os pensamentos e vestiu a cueca, seguido pela calça de moletom e sua fiel blusa preta de manga comprida. Passou a mão pelos cabelos, jogando-os para trás. Destrancou a porta, desligou a luz e saiu para o quarto, iluminado apenas por um pequeno abajur.

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