Ponto de Partida

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...

Uma risada. Suave e íntima, uma risada que poucos já ouviram saindo da boca de Dazai Osamu. Chuuya sentiu seu peito vibrar junto a ela. O detetive segurou o rosto de Chuuya com as duas mãos, os polegares acariciando as bochechas rosadas do ruivo. Havia uma ternura nos movimentos de Dazai que contrastava com a intensidade de seus beijos anteriores.

– Acho que sua habilidade não é gravidade – colou sua testa a do ruivo.

– É o que então?

– É me deixar sem ar toda vez – murmurou Dazai.

O ruivo fechou os olhos por alguns segundos, sentindo o calor de Dazai se misturando sobre o seu. Se sentia acolhido e confortável com aquela proximidade, era algo que ele não sabia explicar, mas parecia preencher um vazio que ele raramente lembrava que tinha. Com os olhos ainda fechado, Chuuya disse:

– Você fala demais.

Dazai riu soprano, não respondeu a fala do amante, se inclinou para beijar o canto da boca rosada com batom borrado, lentamente, querendo deixar um gosto de "quero mais" no ruivo. As mãos de Chuuya passearam pelos braços de Dazai, apertando e arranhando a pele branca. O corpo esbelto de detetive era familiar, mas ao mesmo tempo novo.

Eles ficaram assim por alguns minutos, apenas respirando o mesmo ar, deixando que os toques falassem mais do que qualquer palavra poderia. Dazai, por fim, quebrou o silêncio, sua voz baixa e rouca:

– Você precisa descansar Chuuya – rolou para o lado puxando o corpo do ruivo junto – Você teve um dia longo – acariciou os cachos ruivos.

Chuya bufou, sabia que o moreno estava certo. Seus músculos doíam e o cansaço se acumulava mais e mais. Mas um pedaço de si não queria que aquele momento acabasse. Não agora.

– Só mais um pouco – disse ele, os olhos azuis fitaram os de Dazai – Vamos ficar assim.... só mais pouco.

Dazai concordou balançando a cabeça, puxando o cobertor e o envolveu ao redor dos dois, parecia um casulo quentinho que afastava a noite fria que fazia. Chuuya, ainda com a cabeça encostada sobre o peito de Dazai, podia ouvir as batidas suaves de seu coração.

– Eu poderia facilmente adormecer agora – sussurrou Chuuya, sua voz rouca pelo cansaço.

Ele se ajeitou um pouco mais no peito de Dazai, suas mãos agora descansando suavemente sobre a pele exposta do outro.

– Pode dormir, se quiser – respondeu, seus dedos traçaram uma linha imaginária nas costas do ruivo – Não vou a lugar nenhum...

Chuuya sabia que aquelas palavras não foram da boca para fora, tinham um grande significado. Era uma promessa implícita. Não seria apenas uma noite, mas algo maior. De que Dazai estaria ali nas próximas vezes, mesmo quando as circunstâncias os afastassem.

Chuuya não sabia como reagir a essas novas novidades. Parte dele ainda duvidava, ainda queria se agarrar na desconfiança que cultivou por ano. Mas sua outra parte, uma parte que crescia, queria acreditar. Queria poder se permitir a confiar novamente.

– É estranho – disse Chuuya, interrompendo o silêncio confortável. – Estar aqui, assim, com você. Sem brigas, sem discussões... parece irreal.

Dazai riu ajeitando a coberta em seus pés, e apertando mais os braços em volta de Chuuya.

– Talvez seja só porque estamos cansados demais para brigar – brincou ele, mas havia sinceridade em seu tom. – Ou talvez... só decidimos que não vale a pena.

Chuuya levantou o olhar para Dazai, os olhos azuis brilhavam com pouca luz da lua que entrava pela janela do quarto.

– E vale a pena? – sussurrou o ruivo.

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