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Naquele mesmo dia, Cora teve seu castigo suspenso e voltou a fazer o que fazia parte de sua rotina. Aquela visita deixou sua mente confusa, principalmente depois do convite feito para que fossem até a cidade num jantar

O homem de chapéu desapareceu por algumas semanas, ela se sentia observada em certos momentos do dia mas não o via nem ouvia sua voz. Isso lhe aliviava, porém, uma ponta de preocupação apertava seu peito.

Enquanto alimentava os animais ao lado de fora da casa, ouviu passos se aproximando e suspirou ao ver a mãe.

-Precisa de mim lá dentro?

-Não, estou aqui apenas para lhe fazer companhia. Tem passado os dias tão calada ultimamente, o que houve?

-Preciso mesmo estar naquele jantar?

-Cora...

-Não sei gostaria de ver aquele homem outra vez.

-Tem certeza? Ele parece ter gostado de você. Faça pelo seu pai, esse jantar pode melhor mais ainda a posição dele na empresa.

-Então é isso? Estão me usando para que meu pai seja beneficiado?

-Se ele for, também seremos.

-E como? Comprando tecidos e utensílios caros? Não é isso que eu quero.

-Estou sendo gentil, mas saiba que, querendo ou não, irá conosco.

-E quando será?

-Amanhã.

-O que?!

-Qual é o problema? Não é como se tivesse algum compromisso ou algo do tipo.

-Eu adoraria ter.

-Por que não quer? Está nervosa por causa se Dom? Ele te deixa envergonhada? - May sorriu apertando as bochechas da filha.

-Não! Ele me irrita! Aquele sorrisinho sarcástico me irrita profundamente!

-Então reparou no sorriso?

-Não do jeito que está pensando!

-Vai me dizer que não acha ele um belo rapaz? Não pode negar, é um homem bonito.

-Isso realmente não importa agora.

-Sabia que não negaria.

-Esse não é o ponto!

-Sendo esse o ponto ou não, amanhã estaremos lá.

May se retirou ao ouvir o suspiro da filha, que provavelmente reclamaria da situação novamente, tentando convence-la de que nada daquilo fazia sentido

-Onde você está?...Não é uma reclamação, é ótimo não ter que ouvi-lo todos os dias mas...tem algo acontecendo?

Cora olhou para a janela de seu quarto, mas não havia nada lá

-Certo, não preciso de você, não ainda.

O dia passou mais rápido do que Cora gostaria, já que no dia seguinte teria o tão esperado (não por ela) jantar com aquela família

Ao deitar-se olhou para os cantos escuros de seu quarto e suspirou, ela sabia que havia algo ali mais não era possível ver nem ouvir. Era estranho como sentia um olhar atravessar sua alma, quase como se pudesse sentir um calor humano ou o peso de alguém na poltrona

-Qual é o problema? Deixei de ser útil para você? -Cora se sentou na cama olhando para o que sobrou de seu espelho quebrado.

Não havia nada fora do comum, nenhuma sombra, nenhuma presença, nenhum chapéu

Mesmo com diversas dúvidas sobre o que poderia estar acontecendo a menina se deitou e mergulhou num sono profundo

Cora não sabia o que esperar do jantar que estava para acontecer, não tinha convívio social com pessoal além de seus pais e os animais de onde vivia. 

A memória de quando saíram pela primeira vez voltou como um sonho, as pessoas entrando e saindo de lojas de roupas, mulheres e rapazes rindo, artistas alegrando as ruas com seus instrumentos e outros elementos que complementaram o cenário

Era encantador e estranho ao mesmo tempo a sensação realista do calor na pele causado pelo sol junto com o cabelo balançado pelo vendo assim como balançavam as folhas das árvores próximas, Cora se sentia bem ali, nem se lembrava que estava em um sonho

Mas tudo foi transformado em pesadelo assim que a garota sentiu uma falta de ar imensa e um aperto no pescoço, em seguida, ruídos altos e gritos com pronúncias indecifráveis tomaram conta do lugar

Em meio a tantas palavras, uma voz familiar sussurrou em seu ouvido

"Não entre"

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⏰ Última atualização: Oct 21 ⏰

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