III

207 28 5
                                    

-Tem certeza de que não precisa de um chá?

-Tenho, está tudo bem.

-Podemos conversar? É sobre o que aconteceu mais cedo.

-Não deve ser algo bom, já que esperou o papai dormir.

-Filha...não me entenda mal, por favor. Você precisa entender que tudo que fazemos aqui é pensando no seu bem.

-Sim, eu sei disso. Mas onde isso se encaixa com o que aconteceu?

-Existem pessoas no mundo que...não têm boas intenções com as outras, sabe?

-A senhora já me contou sobre golpes e roubos, sei do que está falando.

-Você é perfeita, Cora, e quando souberem disso vão duvidar de você e fazer de tudo para provar o contrário. Mas pior que isso, são os que acreditam e querem se aproveitar de você por isso.

-Não sei se entendi o que quer dizer.

-Apenas não confie em ninguém, não deixe que tirem proveito da sua bondade.

-Não se preocupe, não tem como isso acontecer se não tenho contato com ninguém além de vocês dois.

-Já conversamos sobre isso. Mas pense bem! E se o homem em quem esbarrou hoje fosse estressado? Poderia ter machucar você!

-Eu me defenderia, como meu pai me ensinou.

-Seu pai fez o que?!

-Diferente de você, ele não quer que eu dependa de vocês para sempre.

-Cora! Eu não admito que você fale assim comigo! Você nunca me tratou assim antes!

-Com licença, estou cansada e preciso me deitar.

Cora deu as costas para a mãe e subiu para seu quarto. Como dito, não era de sua natureza agir de tal forma, mas a menina não entendia o motivo de tamanha preocupação com algo que já estava no passado

Ao se deitar, ficou um tempo refletindo sobre a obsessão da mãe pela perfeição que ela dizia ter. Por que isso era tão importante?

Por estar cansada, Cora rapidamente dormiu. Pouco tempo depois ouviu o ranger da porta abrindo lentamente e imediatamente sentiu aquele cheiro do chá que sua mãe fazia.

-Mãe...eu disse que não precisava. Me desculpe, certo? Podemos conversar e...

-Não quero conversar. -Disse uma voz masculina atrás de Cora, do outro lado da cama.

 -Disse uma voz masculina atrás de Cora, do outro lado da cama

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.


O casal imediatamente foi acordado pelos gritos da menina, pedindo socorro dizendo que havia alguém em seu quarto

-Cora?! O que foi?! O que aconteceu?!

-Tem alguém no meu quarto! -Seus olhos estavam arregalados e suas mãos tremiam de medo.

-Onde? O que foi que viu? -O Simon disse enquanto olhava debaixo da cama e dentro dos armários.

-Atrás de mim! Estava atrás de mim!

-Oh querida! Não viu para onde ele foi? -A mãe a abraçava tentando acalma-la.

-Ele sumiu..assim que liguei as luzes.

-Não tem ninguém aqui e não há sinais de invasão.

-Minha querida, tem certeza de que não foi só um sonho?

-Tenho! Eu o vi!

-E como era?

-Era...como o homem que vi mais cedo...

-Cora...

-Acham que pode ter sido apenas um pesadelo?

-Sei que ficou pensando no que aconteceu, principalmente depois da conversa que tivemos. É normal nossa mente pregar peças assim.

-Não precisa se preocupar, certo? Estarei aqui se precisar, não tenha medo. -O pai a abraçou.

-Obrigada.

Os dois saíram do quarto e Cora deixou uma de suas luminárias acesa, assim sentia uma certa segurança. Ao voltar para a cama olhou pela janela e notou um homem de chapéu preto entre as ovelhas, que sumiu assim que a jovem piscou os olhos

Ao amanhecer, seguiu sua rotina e cumpriu seus afazeres. Estava sozinha em casa e ouviu uma voz em frente à porta e foi até lá

-Bom dia, como posso ajudar?

-Bom dia! Tem interesse em comprar tecidos ou roupas? Tenho uma variedade enorme, por que não dá uma olhada?

-São realmente lindos, mas agradeço.

-Tem certeza? Vi seu marido lá fora e usava algo semelhante algo que tenho aqui.

-Meu marido? -Cora riu confusa.

-Sim, aquele homem de chapéu perto dos animais..

O sorriso sumiu imediatamente e ela fechou a porta sem dizer mais nada. Depois de trancar, correu até a porta dos fundos que levava até o grande quintal infelizmente viu o que já esperava. Lá estava um homem com um chapéu preto que cobria seu rosto, que lentamente virava em direção a ela

Cora trancou todas as portas e janelas e correu para seu quarto, estava decidida a não sair enquanto seus pais não voltassem, até ouvir batidas na porta

Me and The Devil Onde histórias criam vida. Descubra agora