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Eu nunca imaginei que uma segunda-feira de manhã pudesse ser tão perigosa

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Eu nunca imaginei que uma segunda-feira de manhã pudesse ser tão perigosa.

Acordei no quarto que me foi designado no palácio dos Gales, um misto de classicismo inglês com toques modernos que deveriam me tranquilizar, mas que só me deixavam mais ciente de onde eu estava. O jantar da noite anterior foi um show de formalidades, cumprimentos protocolares e sorrisos forçados. O tipo de coisa que eu deveria estar acostumado, mas que sempre parece uma tortura. Lívia estava impecável, como sempre, mas seus olhos deixavam claro que ela também estava contando os minutos para aquilo acabar.

Hoje de manhã, eu esperava alguma calma, talvez até um pouco de paz. Mas como um idiota, não pensei que estar tão próximo de Lívia seria um teste de paciência. Eu estava no meu próprio quarto, prestes a sair para tomar café, quando decidi que precisava pedir algo a ela. Ainda meio sonolento, fui até seu quarto, esperando encontrar uma versão descabelada e mal-humorada de Lívia.

Bati na porta, três toques leves, e não ouvi resposta. Então, como a pessoa impaciente que sou, abri a porta, achando que ela ainda estivesse dormindo.

E foi aí que eu quase perdi o controle.

Lívia estava em pé no meio do quarto, de costas para a porta, apenas com uma toalha branca que parecia prestes a cair. O cabelo molhado grudado na pele pálida, os ombros nus reluzindo sob a luz suave do sol que entrava pela janela. Minha respiração parou por um segundo, talvez dois, mas pareceu uma eternidade. Eu sabia que deveria virar, fechar a porta e fingir que isso nunca aconteceu. Mas meus pés ficaram colados ao chão.

Caralho.

Ela se virou devagar, provavelmente porque sentiu minha presença. Quando nossos olhos se encontraram, o tempo congelou. Lívia não gritou, não se assustou. Ela apenas levantou uma sobrancelha, como se estivesse desafiando o universo a explicar por que diabos eu estava ali. O rosto dela era uma mistura de surpresa e uma expressão que eu não consegui decifrar.

— Alex? — A voz dela cortou o silêncio, suave, mas cheia de autoridade. “O que você está fazendo aqui?”

— Eu… é… eu ia te chamar para o café. —As palavras saíram emboladas. Que merda, eu parecia um adolescente vendo uma garota de toalha pela primeira vez. E talvez fosse exatamente isso. Porque, caralho, eu nunca tinha visto Lívia desse jeito. Cada curva do corpo dela parecia gritar por atenção, e meu cérebro parecia ter entrado em curto-circuito.

Ela deu um passo à frente, e a toalha se ajustou no corpo dela de um jeito que só piorou as coisas. Tive que lutar contra o impulso de olhar para baixo, de deixar meus olhos percorrerem cada centímetro daquele corpo. Mas, ao mesmo tempo, queria que ela percebesse o efeito que tinha em mim. Droga, eu estava hipnotizado.

— Alex, você está bem? — Ela estava mais perto agora, os olhos pretos brilhando, me analisando como se estivesse lendo minha alma. Eu engoli em seco, tentando recuperar o controle.

— Sim. Quer dizer, não.—  Respirei fundo. “Eu deveria sair daqui, não é?”

— Talvez. — ela disse, um sorriso brincando nos lábios. — A menos que você tenha algo a mais para falar, além do café.

Essa frase poderia significar mil coisas, e meu cérebro estava lutando para não pular para a pior interpretação. Mas o que eu podia fazer? Meu corpo inteiro estava em alerta máximo, como se estivesse prestes a explodir. E ela ali, tão perto, só com aquela maldita toalha…

— Eu… queria… Comecei, mas as palavras sumiram. Meu olhar escorregou pelo pescoço dela, os ombros, a curva da clavícula. Cada detalhe parecia uma provocação. — Você deveria colocar uma roupa. —  eu disse, finalmente. Mas nem eu acreditava no que estava dizendo.

— Eu deveria.—  ela concordou, e por um segundo eu pensei que ela ia simplesmente se virar e me ignorar. Mas, em vez disso, ela deu mais um passo, diminuindo ainda mais a distância entre nós. A proximidade era intoxicante, e eu sentia cada célula do meu corpo implorando para quebrar a distância restante.

Eu estava perdido.

Cada palavra, cada movimento dela era uma provocação calculada, mas ao mesmo tempo, parecia tão natural. Eu sabia que estava andando numa linha perigosa. Sabia que um movimento errado e tudo o que estávamos construindo poderia desmoronar.

Mas, porra, como alguém consegue pensar direito numa situação dessas?

Finalmente, com um esforço monumental, dei um passo para trás. Ela não podia ganhar esse jogo. Não agora. Não assim. Eu precisava respirar, precisava pensar. Se eu me deixasse levar, não haveria volta.

— Você vence, Liv. — A voz saiu rouca, mas firme. —Vou esperar você lá embaixo.

Ela piscou, confusa por um segundo, mas então o sorriso no canto dos lábios dela se alargou. — Vai lá, Lelex. Vou me vestir e já desço.

Virei-me antes que pudesse fazer qualquer coisa idiota, como puxá-la para mais perto. Saí do quarto e fechei a porta atrás de mim, encostando as costas nela por um segundo, respirando fundo. Que merda foi essa? Eu precisava me recompor antes de vê-la de novo.

E, acima de tudo, precisava lembrar a mim mesmo de que ainda havia um jogo a ser jogado.

E que, da próxima vez, eu não sairia como o perdedor.

E que, da próxima vez, eu não sairia como o perdedor

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𝓛𝚊𝚌̧𝚘𝚜 𝓡𝚎𝚊𝚒𝚜 | 𝗟𝗶𝗹𝗲𝘅Onde histórias criam vida. Descubra agora