Distraído costurando as roupas dos irmãos depois do jantar, Sanemi perguntou quanto tempo eles ficariam naquele voto de silêncio. Há quase 3 dias, os mais velhos pararam de falar com o ômega. Eles ainda faziam tudo que ordenava, cuidavam dele, arrumavam as coisas em casa, tudo em silêncio. Escutava eles conversando entre si e com Himejima. Era um protesto infantil por parte deles, mas Sanemi se manteve firme, não iria ceder.
— O que aconteceu? - Himejima viu como os irmãos Shinazugawa pareciam distantes.
— Eles se convenceram que precisam fazer eu e você ficarmos juntos - revelou dando de ombros.
— E isso é ruim?
— Somente a partir do momento que eles se recusam a pensar em como nos sentimos em relação a isso. Como se eu e você não tivéssemos vontade própria - explicou ainda costurando.
Em momento algum, Sanemi destruiu a possibilidade de realmente se casar. Mas seus irmãos estavam crentes de que seria com Himejima, não importava sua opinião sobre isso, ou a do alfa.
— Entendi. Vou falar com eles sobre isso. É errado tentar manipular as pessoas a fazerem algo por nós, sem importar o que elas querem também.
— Agradeço, eu ignoro a birra deles. Esperando perceberem que é errado o que estão fazendo.
Terminando o que estava fazendo, Sanemi dobrou as roupas ao seu lado e levantou. Eles dois estavam sozinhos na sala. Os demais já estavam dormindo e o silêncio reinava lá dentro.
— Como está seu braço?
Olhando para seu braço esquerdo, Sanemi lembrou dos acontecimentos que levaram Himejima a ficar ali.
— Melhor, e sua perna?
— Também.
Eles se encararam, o silêncio não era incômodo. Em algum momento, eles se acostumaram com a presença do outro e já não se lembravam de como era antes de se conhecerem.
— Quando melhorar, voltarei para a minha caverna - revelou o alfa.
— Imaginei. É sua casa, mas foi muito bom lhe conhecer. - Sanemi já esperava por isso. Mas não impediu a tristeza em seu peito.
— Mas penso em vir visitar com frequência. Não há muito o que se fazer isolado lá em cima.
— Concordo plenamente. - Sanemi sorriu pegando as roupas no colo.
— Desde que conheci você, sinto que não devo me distanciar.
O ômega desfez o sorriso. Era algo sério, pois sentia o mesmo. Como se a presença de Himejima ao seu redor fosse algo essencial.
— O que você quer dizer com isso?
— Eu sou um alfa Sanemi, assim como os animais, busco um companheiro. Meus instintos me guiam desde que nasci, sempre confiei neles. Agora eles dizem que você é meu parceiro, então pretendo buscar uma maneira de ter você - explicou com clareza para que o ômega não tivesse dúvidas.
— Bem, vou ficar esperando. Boa noite, senhor Himejima.
— Boa noite.
Sanemi não era idiota, também sentia algo pelo alfa. Não iria simplesmente rejeitar a proposta, precisava avaliar se isso lhe beneficiária. Mas no momento, só tinha grande admiração por ele, nada além disso.
Durante mais alguns dias, Himejima ajudou na casa. Consertando coisas aqui e ali, construindo outras. Ensinava sobre a melhor forma de derrubar árvores, cortar lenha, ensinou também sobre os vários tipos de ervas medicinais que tinham pela propriedade. Os irmãos mais novos tinham o alfa pelo dia, e a noite quando estavam dormindo, Sanemi o tinha por algumas horas. Eles conversavam, riam e comentavam sobre o dia um do outro. Fortalecendo o vínculo que criaram sem os outros perceberem. Tudo muito simples. Sanemi sempre achou que se apaixonar fosse algo arrebatador, que deixa qualquer um à beira da insanidade. Mas o que sentia, era como uma oscilação no lago, mas quanto mais o conhecia, mais ondas se formavam nesse lago. Talvez tudo se tratava de familiaridade, paciência e gentileza.
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O guardião da Montanha
Fiksi PenggemarO inverno chegou no pequeno Vilarejo ao lado da cidade de Shiki. A família Shinazugawa é muito grande e economicamente falida. Com a mãe falecida, o pai doente e 6 irmãos mais novos com fome, Sanemi decide caçar para alimentá-los. Ele vive no pé de...