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Estar dentro de um cassino significava não saber especificar o tempo

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Estar dentro de um cassino significava não saber especificar o tempo. Duas da manhã era o mesmo que duas da tarde. Mas quando Ace o levou discretamente pela saída restrita dos fundos, ambos invisíveis em meio a tantos apostadores concentrados em suas mesas de jogos, Kurt soube que já devia ser noite e que a hora do seu teste tinha chegado.

Lá fora, o estacionamento era um mar de sedãs e conversíveis alugados por quem estava em Vegas para aproveitar três noites, uma semana ou até a vida inteira. Na área de manobra vazia, um carro esperava de porta aberta. Uma Mercedes AMG de quatro portas, tão escura que só se distinguia no meio da noite por reluzir as luzes do cassino. Escorado na porta, estava alguém bem apresentado com roupas formais. À distância, para quem não conhecia, bem poderia parecer um manobrista. Mas era Carter, escorado na porta aberta, enquanto fumava ao telefone. Ele viu Kurt, mesmo de longe, e abriu um sorriso vazio.

De sangue gelado, Kurt parou a bons passos de distância, escondendo as mãos nos bolsos.

Monaco passou por eles em direção ao porta-malas, enchendo o carro com bagagens escuras, como se fossem viajar. Mas o conteúdo vazava pelos zíperes abertos, grande demais para caber lá dentro, e Kurt sabia que não estava imaginando o que estava vendo: correntes, ganchos de ferro, lixas de arrombamento e maçaricos.

Um clique familiar desviou a atenção. Kurt reconheceu o som de um pente de munição sendo encaixado antes sequer de ver a arma. Era Roman, se aproximando do carro também enquanto carregava uma submetralhadora e testava a mira para lugar nenhum em particular.

— Já era hora — Carter pareceu ter falado na chamada ao telefone, mas desligou logo em seguida, indicando que estava falando com Kurt. Ele saiu de frente da porta e apontou para o banco do motorista vazio. — É todo seu, pode aproveitar. Eu fiz questão de escolher o melhor para a ocasião.

Kurt engoliu para controlar o gosto amargo que subiu pela garganta.

— Esse não é o meu carro — Kurt exigiu, se referindo ao Camaro que estava fora de vista.

Carter desdenhou com um gesto de ombros.

— Aquele não está pronto ainda.

— O que "pronto" significa? Porque, se lembro bem, da última vez que estiveram perto do meu carro, ele terminou com o tanque de gasolina sabotado. — Cada palavra aumentava mais a raiva latente nele.

Carter soprou fumaça para o alto e jogou o resto do cigarro longe, por cima dos outros veículos estacionados. Ignorando a questão, ele consultou o Rolex em seu pulso:

— Saímos em dois minutos.

Kurt analisou a Mercedes com desprezo e suspirou frustrado. Foi até a frente dela e abriu o capô para verificar com o que estava lidando.

— Um V6? — Kurt apontou para o motor. — Acham que fazer barulho é o que aumenta a potência ou foi só uma escolha para economizar combustível? Os cilindros são desequilibrados, o turbocompressor só piora. E com esse centro de gravidade alto, a rotação em curva deve ser uma piada. Isso é o que P.J. dá para dirigirem?

Colisão [2ª edição 2024]Onde histórias criam vida. Descubra agora