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Sozinho e sem o Camaro, a única alternativa que Kurt teve foi pegar o Skyline de Cole que restava na garagem

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Sozinho e sem o Camaro, a única alternativa que Kurt teve foi pegar o Skyline de Cole que restava na garagem. Ele jogou o celular sobre o painel de controle, para lembrar de descartá-lo bem longe dali, e deu a partida apressado, arrancando o carro. Depois de atravessar o deserto em tempo recorde, avançou sinais vermelhos, assustou pedestres e chamou a atenção de radares de velocidade. Mas eram coisas muito pequenas diante da urgência do momento. Kurt trocou a marcha sem pensar, a mão firme guiando o volante, enquanto os olhos não deixavam o para-brisa.

Perto do rio Los Angeles, havia uma multidão espalhada para todos os lados que olhasse. Kurt tentou forçar passagem, buzinando, fazendo barulho com o acelerador, mas era impossível chegar até a linha de partida com aquele tumulto que se intrometia à frente.

Ele desistiu quando percebeu que só estava perdendo tempo. Estacionou o Skyline bem atrás, na única vaga que conseguiu, e atravessou o resto do caminho a pé. Estava quase correndo, no limite que a multidão lhe permitia ser o mais ágil possível. As dezenas de espectadores e apostadores que esperavam pelo racha ocupavam todo o caminho até a ponte desativada. No escuro da madrugada, apenas os faróis dos carros serviam de iluminação. Mas não demoraria para toda a comoção ser notada e alguém do bairro mais próximo chamar a polícia. Por isso a corrida deveria começar muito breve; Kurt precisava ser mais rápido.

Ele empurrava e se desviava dos inúmeros corpos, vez ou outra se erguia na ponta dos pés, para enxergar por cima do aglomerado. Era essencial se manter alerta, a procura por qualquer carro mais escuro que pudesse indicar os homens de P.J. Quando finalmente conseguiu vencer o primeiro quarteirão, seu alívio, que mal começou a crescer, tornou a murchar de novo, assim que escutou o som de motores ligando. Os apostadores comemoraram. Notas de dinheiro começaram a cruzar o caminho. Kurt podia sentir a jaqueta de Nash que veio vestindo ficar quente demais.

Ele tinha muito menos que um minuto. Numa tentativa desesperada, Kurt subiu na traseira de um dos carros estacionados no meio fio e atravessou pelo teto até o capô. Então pulou para o carro da frente e continuou fazendo o mesmo. As pessoas que estavam ao redor começaram a assobiar e a censurar com alguns xingamentos. Mas se havia algo que Kurt não tinha naquele momento, era tempo para discutir ou se desculpar. Pulou de carro em carro, pisando em latarias caras, marcando pinturas perfeitamente acabadas. Ninguém tentou empurrá-lo para baixo; pessoas sãs não ousariam tocar no que pertencia a Mackenzie.

E deu certo. De cima do último carro, ele teve uma visão muito próxima da linha de partida. Conseguia até mesmo ver a ponta da camisa colorida que um dos caras havia arrancado para usar como bandeira e a testava sacudindo no ar.

Kurt saltou do capô, voltando à multidão, e tentou cavar um túnel no meio de todos. Sua mira estava nos carros emparelhados, sendo guiado pelo som dos motores ligados. Estava tão cego, empurrando qualquer pessoa para fora do caminho, que não viu quando esbarrou numa pessoa coberta de tatuagens.

Colisão [2ª edição 2024]Onde histórias criam vida. Descubra agora