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Todo aquele calor se transformou numa verdadeira tempestade, e Kurt voltou para casa encharcado

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Todo aquele calor se transformou numa verdadeira tempestade, e Kurt voltou para casa encharcado. O retorno havia levado mais do que a uma hora prometida. Isso, por si só, já tinha deixado Nash em estado de alerta. Quando Kurt apareceu na porta, pingando com a água da chuva, Nash se levantou do sofá de prontidão, agora certo de que seu mau pressentimento não estava errado.

"Kurt!" Nash sibilou seu nome chocado e, meio segundo depois, estava puxando Kurt para dentro, trancando a tempestade lá fora. Nash o ajudou a se livrar das roupas ensopadas, antes mesmo de Kurt pedir por uma toalha, e o enrolou ao redor de um cobertor, enquanto aquecia a banheira.

De cabeça baixa, Kurt se sentou à beira da cama para esperar. Seus dedos ardiam com a memória da força que usou para esfregar as mãos incansavelmente, até que toda a sujeira desaparecesse. Mas quando olhava para as mãos bambas, sua mente ainda o fazia enxergar grãos pretos debaixo da unha, vestígios da terra que cavou para enterrar os pedaços podres de Carter. Aquilo não ia embora.

Quando Nash o tocou no ombro, Kurt tremeu por inteiro e escondeu as palmas para dentro do cobertor. Ensaiou um sorriso forçado, uma expressão que transmitisse algum tipo de bom humor, mas a Nash, Kurt não enganava.

À frente dele, Nash se agachou, segurando em seus joelhos. Aqueles olhos feitos de folhas no verão miraram debaixo, encarando fixo.

— Deixo você fora de vista por algumas horas, e é assim que você volta. — Nash tentou não soar duro, mas não conseguia fingir que não se importava. — O que aconteceu?

Kurt estava certo de que Nash perguntaria isso, temendo antecipadamente. Porque se Nash soubesse a verdadeira razão, quem poderia saber as consequências?

Balançando a cabeça, Kurt negou.

— Eu não posso... não dá para dizer. — Sua voz saiu trêmula.

— Por que não?

Kurt fechou os olhos. Mas não havia meios de fugir das imagens em sua mente. A memória dos tiros da arma de Mackenzie, descarregados em Carter; o sussurro em sua orelha no escuro, dizendo "isso foi por você"; o sangue pintado dentro da caixa o acusando: "veja o que você fez".

— É algo que a polícia não pode saber — Kurt confessou baixo.

O rosto de Nash enrijeceu.

— Eu não sou a droga da polícia aqui — ele enfatizou, sem desviar o olhar. — Eu sou seu namorado, tentando te ajudar com o que quer que esteja errado.

Algo queimou e derreteu dentro de Kurt, que abriu de novo os olhos para contemplá-lo. Naquele momento, ele lamentou que não pudesse contar com a água da chuva para disfarçar a água acumulada em seus olhos.

— Isso tem a ver com algo que o Mac fez... com um dos homens do P.J. — Kurt tentou explicar sem muitos detalhes.

Foi o suficiente para Nash esfregar o rosto e suspirar pesado, em meio a um palavrão baixo. Kurt mal podia suportar a possibilidade de Nash querer ir mais a fundo, investigar o caso, investigar Mac. Mas, para seu alívio, quando ergueu a cabeça de novo, a coisa que Nash fez foi beijar uma de suas coxas, depois a outra, segurando seus tornozelos com um toque reconfortante.

Colisão [2ª edição 2024]Onde histórias criam vida. Descubra agora