38 Capítulo

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Miwa Kageyama
On

Acabei de chegar e, sem perder tempo, fui em direção ao meu quarto para pegar o tênis. Estava um pouco sujo, mas era utilizável. Coloquei o conjunto de moletom vermelho que emprestei do Tetsuro, que, por coincidência, harmonizava com meu tênis.

Saí pelo portão, quando ouvi meu irmão gritar algo que parecia ser um aviso: "Volte cedo" ou "Para onde vai, maninha?" Na verdade, nem eu sabia para onde estava indo; o que importava era sentir o ar nos pulmões e o cansaço tomar conta de mim.

A noite estava clara, e o luar iluminava a rua deserta com um brilho prateado. O ritmo dos meus passos ecoava suavemente nas calçadas, entrecortado apenas pelo som distante de uma cidade adormecida. Corri sem destino, permitindo que minha mente vagasse enquanto o cansaço começava a se instalar.

A respiração ofegante e o ritmo constante dos meus pés contra o chão eram uma forma de meditação em movimento, uma pausa necessária da confusão e dos desafios do dia a dia. O frio da noite era revigorante, contrastando com o calor que ainda ardia dentro de mim.

Enquanto continuava a correr, comecei a sentir uma estranha sensação de liberdade, como se cada passo estivesse afastando um pouco mais a pressão que me acompanhava durante o dia. A corrida se transformou em um ritual pessoal, uma maneira de encontrar clareza e renovação. Quando finalmente decidi que era hora de voltar, o cansaço era bem-vindo, e a cidade parecia um pouco mais tranquila, como se, por um momento, eu tivesse feito parte de um cenário só meu.

Quando decido desacelerar, meus passos diminuem até se tornarem apenas um leve arrastar, e a serenidade da noite começa a envolver minha mente. O lago à minha frente, com suas águas tranquilas e peixes vermelhos ondulando sob a superfície, oferece um vislumbre de calma em meio ao meu ritmo acelerado. No entanto, uma presença inesperada quebra esse momento de paz. Sinto uma mão firme em meu ombro, e ao me virar, encontro Toru.

Após um breve pedido de desculpas por sua intrusão, permanecemos em silêncio.

- O que foi, Toru? - Pergunto, a irritação na minha voz traindo minha falta de paciência para suas observações.

Sem hesitar, Toru começa a correr ao meu lado, ajustando seu ritmo ao meu com facilidade. Ele lança um olhar para o meu moletom vermelho e sorri com um brilho de conhecimento maroto nos olhos.

- Não é seu esse moletom, não é? - Ele diz, casualmente - Lembro bem de quem estava usando um assim no dia do Racha de motos. Era o Tetsuro Kuroo, o vice-campeão.

Sinto um frio na espinha com a revelação e, pego de surpresa, minha mente se embaralha. A resposta sai trêmula.

- E-eu, bem... o moletom é emprestado... só emprestado.

Enquanto continuamos a correr, a tensão entre nós paira no ar, cada passo um lembrete da conexão inesperada entre nossos mundos.

A falta de ar me faz parar, e Toru faz o mesmo, respirando pesadamente ao meu lado. Encontramos um banco perto do parquinho infantil, e nos sentamos, tentando recuperar o fôlego. O silêncio da noite é suave, interrompido apenas pelos sons distantes de uma cidade adormecida.

Com um suspiro, retiro a blusa vermelha, ficando apenas com o top branco. O frio da noite é refrescante, e sinto um alívio imediato. Percebo o olhar de Toru sobre mim e, ao encontrar seus olhos, vejo um desejo sutil. Ele quebra o silêncio com um comentário inesperado.

- Você é realmente atraente, sabia? - Ele diz, a voz carregada de um tom que me faz corar.

Sinto a vergonha tomar conta de mim e começo a mexer no top, tentando disfarçar. Toru, curioso, examina meu corpo e seus olhos param nas pequenas cicatrizes em minha cintura. Ele toca o assunto com a mesma leveza com que comentou sobre minha aparência.

- E essas cicatrizes? O que aconteceu?

Eu não tenho uma resposta pronta. A pergunta me deixa desconfortável e prefiro não me aprofundar no assunto. Então, para mudar de assunto, Toru continua.

- Hoje à noite, vai ter outro Racha de motos. Que tal vir? Eu estarei na porta da sua casa à meia-noite.

Sem esperar uma resposta, ele se levanta e começa a caminhar de volta para casa. Fico sozinha no banco, pensando no convite inesperado e no olhar de Toru. A cidade continua tranquila ao meu redor, mas minha mente está em um turbilhão de pensamentos sobre o que fazer a seguir.

Decido que é hora de voltar para casa. A corrida havia sido revigorante, mas agora, a ideia de ir ao Racha me intriga. Ao chegar, vou direto para o banho. A água quente se mistura com o vapor, e, enquanto me enrolo em espuma, começo a ponderar sobre o convite de Toru.

Seria interessante ir ao Racha novamente. Talvez eu encontrasse Bokuto, O pensamento de ver como ele reagiria me dá uma faísca de empolgação. Com a mente cheia dessas possibilidades, termino meu banho e vou para o meu quarto.

Decido me vestir de forma adequada para a ocasião. Coloco um vestido de cetim vermelho, bem curto, que destaca minha figura, e adiciono uma jaqueta preta da Ferrari para um toque de atitude. Completo o visual com um par de tênis brancos da Nike. Sinto que a combinação transmite exatamente o que eu quero: confiança e estilo.

Sentando-me na sala, olho para o relógio e espero a meia-noite. O silêncio da casa é confortável, e a expectativa no ar parece palpável. Cada minuto que passa aproxima a chegada de Toru, e me pego ansiosa, imaginando como será essa noite e o que o futuro reserva.

Contínua...

𝕱𝖑𝖞 𝕳𝖎𝖌𝖍 (Entre Capitães)Onde histórias criam vida. Descubra agora