Effy

293 10 0
                                    

Sexta, 14 de agosto

Estação de trem de Santa Lúcia, Veneza

A cabeça ruiva veio primeiro, depois o vestido apertado e sugestivo de Lycra e finalmente as

perninhas pálidas se mexendo em saltos vermelhos e brilhantes. Como a porra de uma Betty

Boop que aparece na revista D-List. Eu vi alguns imbecis olharem boquiabertos para seu

decote e sorri para mim mesma. Algumas coisas nunca vão mudar.

Katie parou e puxou seus óculos levando-os a sua cabeça. Olhando a sua volta, sem noção de

qualquer coisa e muito pequena. Então de repente a multidão se separou e ela teve uma visão

clara de mim, inclinada em uma dessas máquinas que carimba os bilhetes para você.

"Effy", ela acenou, colocou a bolsa no ombro e andou em minha direção. Eu levantei a minha

mão em meio que uma saudação.

"Porra, eu pensei que você iria me dar um bolo", ela disse me olhando de cima a baixo. "Mas

você realmente está aqui."

"É o que parece", eu disse colocando as mãos nos bolsos da minha saia.

"Vamos lá. Vamos sair daqui, eu preciso de um cigarro."

Eu serpenteei rapidamente pela estação que tinha uma saída para o Grand Canal, tentando

decidir aonde eu a levaria primeiro.

"Viagem de trem fantástica – muito rápida", disse Katie, se apressando para acompanhar meu

passo com aqueles saltos ridículos dela. "E esse lugar. Porra. É igualzinho ao que aparece na

TV."

"Eu sei. É surreal", eu diminui o passo, peguei um cigarro e o acendi. "Mas você se acostuma

com isso."

Nós cruzamos uma ponte e seguimos em direção ao apartamento. Eu queria, precisava, de

alguma bebida. E consegui um pouco de maconha com o cara assustador do bar do outro lado

da rua do apartamento. O bastante para alguns dias. Não conseguiria passar por isso sem

ajuda. Mas eu tenho de admitir: não era tão ruim assim ver Katie. Havia algo nela que estava

diferente.

Menos como um pavão. Mais como um pardal.

Depois de dez minutos chegamos a um pequeno restaurante com mesas e cadeiras debaixo de

um toldo do lado de fora. Eu já tinha ido lá uma vez com Aldo, e uma vez com Florence e

minha mãe. O dono do local veio para fora e acenou com a cabeça pra mim.

"Signorina", ele disse educadamente. "Ciao."

"Ciao", eu me virei para Katie. "Nós podemos beber alguma coisa aqui antes de irmos para o

apartamento, sim?"

"Ótimo", Katie disse, um pouco alegre demais.

Quando sentamos, o meu olhar captou seu rosto. Ela estava terrível. Olheiras gigantes

embaixo de seus olhos. Onde estava a maquiagem pesada? Os lábios cheios de gloss? As

cores? Ela não estava se bronzeando em Bordeaux?

Skins: the NovelOnde histórias criam vida. Descubra agora