A Sombra do meu Destino

Capítulo 1

-Inês, estás atrasada para a faculdade, acorda!

Dona Maria Beatriz é a mãe dos sonhos de qualquer pessoa! É atenciosa, lutadora, companheira. Sempre fez tudo pelas filhas e esse amor entre as 3 é visto e reconhecido por aqueles que as conhecem. Já para não falar da beleza inigualável que possui nos seus formidáveis 35 anos.

Hoje é um daqueles dias que não me apetece nada sair da cama! - Pensa Inês - Realmente estudar até tão tarde não ajuda em nada, o único resultado que obtive foi um belo par de olheiras, dor de cabeça e um cansaço insuportável. Enfim, não me posso dar ao luxo de ficar aqui deitada a trocar ideias com o meu íntimo acerca de questões que só perturbam pessoas como eu.

-Inês, podias emprestar-me aquele teu casaco novo que compras-te na Zara, para eu levar para a escola hoje, não achas maninha?

-Sofia, não vais começar com isso logo de manhã! Tens a tua mesada, usa-a para isso, não achas?

-Não te custava nada emprestar, mas ok. - Resmunga a irmã mais nova, virando as costas.

Inês sai de casa a correr, com uma réstia de esperança que rapidamente se dissipa ao ver a camioneta quase levantar voo mesmo a sua frente. - A sério, não me acredito nisto, por uns segundos que não a apanhei!

Depois de um dia, que já por si, começou mal, o regresso a casa não poderia ser pior! Tocaram no assunto que mais irrita Inês : o pai!

-Estive a falar com o pai. - Conta Sofia - Liguei-lhe e ele disse que vem cá a Portugal na época dos meus anos, só que se calhar não deve conseguir trazer-nos nada porque está desempregado.

-A sério que tu ainda lhe das trela?! Ele é um mentiroso! - Nesse momento a jovem grita - Achas que se ele não tivesse trabalho estava há 3 anos no estrangeiro? Percebe uma coisa Sofia, o pai deixou-nos, arranjou uma nova família e deixou-nos para trás. Ele não telefona para saber se estamos bem ou se precisamos de alguma coisa, não oferece nem um valor simbólico mensal para ajudar a alimentar ou a vestir as filhas e quando cá vem nem um postal nos traz. Pára de ser tão ingénua e vê as coisas como elas são!

Sempre que a irmã menciona o nome do pai, Inês revolta-se, é um assunto que nunca ficou resolvido na cabeça dela, é um fantasma que a atormenta dia e noite. Para ela, o pai simplesmente abandonou-as , fugindo às responsabilidades, deixando duas filhas pequenas à mercê da boa sorte.

A mãe, pelo contrário, é a melhor inspiração dela, maior exemplo a ser seguido. Ou pelo menos era... Até ao dia em que a Dona Maria Beatriz se deixou enfeitiçar por alguém muito pior que Miguel (pai de Inês). Ela sempre ensinou as filhas que deveriam ter amor próprio, que numa relação o mais importante é o respeito e a confiança. Mas parece que todos esses valores foram esquecidos ou simplesmente deixaram de fazer sentido para Dona Maria Beatriz assim que aceitou Carlos como seu esposo. As discussões são constantes, as traições pertencem ao menu do dia, as agressões estão no topo da lista.

-Sinceramente não percebo como é que aquela miúda não percebe o pai que tem! - Desabafa Inês na privacidade do seu quarto - Enquanto era mais nova dava para dar um desconto, mas como é que ela continua tão encantada por alguém que nem se lembra dela?

Nesse momento a mãe bate a porta, entra no quarto e senta-se na cama:

-Querida vá lá não precisas chorar... Eu sei que este assunto do teu pai te perturba, mas não sejas tão exigente com a tua irmã. Ela ainda vê bondade nas pessoas e isso é bom. E o teu pai ama-te, à maneira dele.

-Como mãe?! Como consegues defendê-lo depois de tudo o que se passou? Ele até hoje faz de tudo para que nos voltemos contra ti, fala barbaridades a teu respeito e tu ainda o defendes? E quanto à Sofia, eu acho que ela tem que crescer e ver que o mundo não é tão cor-de-rosa como ela acha.

-Eu sempre te ensinei que não se paga na mesma moeda. - Diz calmamente Dona Maria Beatriz - Tu também acreditavas que o teu pai era o melhor do mundo, com o tempo foste vendo as coisas mudarem. Já a tua irmã vê as coisas de outra forma, ela consegue ser mais objetiva que tu porque percebe que o pai teve que emigrar para a França e como ele já se casou novamente levou a nova família com ele, como é óbvio. Mas isso não significa que vos tenha esquecido.

-Nem sei quem me irrita mais, se é o pai com todo o desprezo que nos trata, se é a Sofia que parece uma miúda de 5 anos atrás do pai, ou se és tu! Tornaste-te numa pessoa completamente irracional, não vês nada à tua frente pois não ?!

Seguem-se momentos de forte tensão que apenas é quebrado quando uma lágrima pálida e solitária escorre pelo rosto cansado e incrédulo da mãe. Sempre fitando-se nos olhos uma da outra, a angústia e o arrependimento são notórios no olhar de Inês.

Com isto Dona Maria Beatriz levanta-se, dirige-se à porta, abrindo-a e olhando para trás por cima do ombro diz:

-Boa noite Inês.

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Olá a todos! :D

Esta é a minha primeira experiência escrita aqui no Wattpad e espero que este primeiro capítulo já vos tenha, de alguma forma, chamado a atenção.

Se gostaram, não se esqueçam de votar e de dizer o que acharam nos comentários! ;)

Espero-vos no próximo capítulo, beijinhos